4.8.16

é assim que as coisas acontecem (e os filhos desaparecem)

Ano após ano multiplicam-se os alertas destinados aos pais. E o objectivo é sempre o mesmo: não percam os filhos de vista pois basta um segundo para que uma tragedia aconteça. Mesmo assim, parece que existem país que acham que o mal só acontece aos outros.

Frequento uma praia sem vigia. Isto tem vantagens como ter "pouca" gente e ser possível trazer animais (por exemplo, hoje anda um porco de estimação pela praia). Tem a desvantagem das ondas (sobretudo a corrente) meterem algum respeito e exigirem atenção máxima aos pais.

Preparava-me para andar pela praia com a minha mulher quando reparo num rapaz (tinha dois anos) que deambulava sozinho pelo areal. A minha mulher abordou-o e ele lá disse que estava perdido. Nesta altura, outras duas mulheres já se tinham aproximado do rapaz e disseram que iam percorrer a praia com ele.

Ficámos a observar e ambas acabaram por entregar o rapaz a um adulto cuja postura era a mais descontraída possível. O desespero de um pai que procura um filho perdido nota-se a quilómetros e ali era inexistente. Do mal o menos, o final da história foi feliz.

Estivemos à conversa com a mulher que também estava eatupefacta com a descontração do pai. Acrescento apenas que a criança, quando abordada por nós, estaria a cerca de quinhentos metros dos pais.

Continuámos a passear pela praia até que nos cruzámos com a família em questão. Eram, pelo menos, seis adultos e diversas crianças. Os adultos em grupos a conversar e as crianças a brincar sozinhas. Isto numa praia que tem diversos perigos para os mais novos que facilmente podem ser levados por uma onda. Tendo em conta o número de adultos espanta-me ainda mais que ninguém tenha dado pela falta de uma criança que foi andando pela praia.

Uma onda era o suficiente para aquela criança ser levada. Um adulto mal intencionado fácilmente levava o miúdo. Ou outra coisa qualquer poderia acontecer, até porque a criança já estava na parte mais deserta da praia e teria continuado a andar, sem rumo, caso não fosse abordada.

Não sou pai mas este tipo de coisas mexem comigo. E o mal não acontece só aos outros. Esta família hoje poderá gabar-se disso mas o final feliz poderia ter sido trágico. Só resta saber quanto tempo demoravam a aperceber-se do ocorrido.

8 comentários:

  1. Realmente, há coisas q me ultrapassam... Eu sou mãe, mas, se não fosse, a opinião seria a mesma. Numa praia, ainda por cima, um sítio onde é tão fácil perder uma criança, como é que pode haver tanta descontracção por parte dos adultos (ir)responsáveis por eles?? Eu morro de medo de perder o meu de vista!

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  2. Parece que os pais não perderam ma criança, a criança é que se perdeu

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    1. É uma maneira de ver a situação. No meu caso culpo os pais e não o menino de dois anos que se afasta de um grupo de seis adultos sem que ninguém dê por isso.

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    2. o comentário deve ser lido com alguma ironia, pelo relato da postura dos pais não se passava nada

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    3. É o "problema" da leitura em relação à conversa. O pai era a descontracção em pessoa.

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  3. Fico chocada com este tipo de atitudes de "supostos pais". Não sou mãe, nem estou perto de o ser, mas tenho uma irmão mais nova e vários primos mais novos. (O mais novo tem 10 anos, o mais velho já vai fazer 18) Nunca, em momento nenhum, que eles saiam comigo, os perco de vista. E isto vai acontecer SEMPRE... tenham eles 1, 5 ou 30 anos.

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    1. E a calma do pai quando a criança lhe foi entregue. Isso ainda foi mais assustador.

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