5.6.14

is this love? (capítulo dezassete)


“... uma menina. Vão ter uma menina”, foi o que ouviram. Naquele instante, as lágrimas escorreram pelo rosto de ambos. Miguel aproximou-se para beijar Alexandra. Quando se preparava para se afastar, foi puxado pela namorada. “Eu disse que era menina. A Carolina vai dar-te muitas dores de cabeça que vai partir muitos corações”, sussurrou-lhe ao ouvido, fazendo que um sorriso se misturasse com as lágrimas que lhe continuavam a escorrer pelo rosto.

Miguel, desde que soube que ia ser pai, sonhava ser pai de um menino. Imaginava-se a jogar futebol com o filho. Tal como idealizada um vasto leque de actividades que todos os pais fazem na companhia dos filhos. Porém, no momento em que soube que seria uma menina, automaticamente esqueceu aquilo que desejava até aquele momento. Até parecia que sempre tinha sonhado ser pai de uma menina. Tudo aquilo que imaginava deu lugar a tantas outras coisas que já sonhava fazer ao lado de Carolina.

Pouco tempo depois estavam prontos para abandonar o consultório. Estava tudo dentro do que era esperado e a felicidade de Alexandra e Miguel era total. Tanto que parecia que eram as duas únicas pessoas no mundo. “Sabes o que me apetece?”, disse Alexandra. “Acho que consigo adivinhar. Aposto que queres ir a Belém comer pastéis”, respondeu Miguel. “E o teu desejo é uma ordem para mim”, gracejou perante aquele que era o primeiro desejo de grávida de Alexandra.

Já em Belém, fizeram aquilo que tinham por hábito fazer. Quatro pastéis, dois para cada um, e um sumo de manga laranja que dividiram. E como era habitual, Miguel não resistiu a fotografar as bandejas cheias de pastéis de nata. Quer dizer, de Belém, pois sempre que dizia que eram de nata era corrigido pela namorada que tinha naquele doce o seu bolo preferido. “Não te cansas dessa foto?”, disse. “Não existem duas fotos iguais e existem espaços que nunca se esgotam. Este mar doce é um exemplo”, brincou.

Seguiu-se o passeio pelos jardins e uma ida ao Padrão dos Descobrimentos, onde tiraram aquela que tinha tudo para ser apenas mais uma selfie de ambos mas que acabou por ser especial. “nós e a Carolina”, foi o que Alexandra escreveu na legenda da fotografia que partilhou no instagram e onde se destacava o sorriso de ambos, o Tejo, a ponte 25 de Abril e também o Cristo Rei. As horas foram passando e acabaram por ir jantar ao restaurante preferido de ambos, em Lisboa.

Os dias, semanas e meses que se seguiram quase que podiam ser uma cópia exacta do dia que tinham vivido. A gravidez era tranquila. Sobressaltos e sustos eram praticamente nulos. Pelo menos a que dessem atenção. Tal como os enjoos que Alexandra tanto temia e que eram pouco frequentes. Tudo corria bem. E aquilo que faltava em matéria de enjoos, era compensado em desejos. Miguel perdeu a conta às idas a Belém, nem que fosse para comprar apenas um pastel que levava para casa. Ou as idas ao Santini para comprar caixas de gelado de Framboesa e outras tantas de Meloa, a combinação preferida de ambos.

E assim foi até à chegada da 38 semana de gravidez. Quando os enjoos começaram a aparecer com frequência. Quando Alexandra começou a conviver com a sensação de zumbido nos ouvidos. O peso tinha aumentado subitamente em dois dias. O que acabou por preocupar Miguel. “Vou levar-te ao hospital. Não podes estar assim”, disse. “Não quero ir. Quero descansar”, respondeu Alexandra. “Vais. Veste-te e vamos”, insistiu.”Tens as mãos inchadas e a cara também”, realçou Miguel, colocando a mão na testa de Alexandra. E de certeza que estás com febre. “Despacha-te e vamos já embora”, continuava a insisitir, cada vez mais nervoso.

Já no carro, tudo piorou. “Estou a sentir-me muito mal”, disse Alexandra, desmaiando segundos depois de proferir aquelas palavras. Miguel acelerou. Cada vez mais. Com os quatro piscas ligados e a buzinar sempre que se aproximava de um carro. Só medo conseguia ser maior do que o desejo de rapidamente chegar ao hospital. Miguel parou o carro à porta das urgências, saindo do mesmo aos gritos. “Ajudem-me! Ajudem-me! A minha mulher está grávida e desmaiou”, gritou do fundo dos seus pulmões.

Prontamente foi auxiliado e Alexandra já estava deitada numa maca mas sem qualquer reacção. Miguel não deixava a mulher. Gritava por ela como quem transforma as suas palavras em energia para acordar alguém. Porém, o seu esforço era inglório. Miguel foi até onde pode. Acabando por ser impedido de continuar ao lado de Alexandra. “Peço-lhe que fique aqui. Assim que tiver notícias da sua mulher venho ter consigo”, disse a enfermeira. Miguel encostou-se a uma parede, deixando o seu corpo deslizar pela mesma. Já sentado no chão, chorava como nunca tinha chorado na sua vida.

28 comentários:

  1. Não estou a gostar, Bruno... este foi o capitulo que me deixou mais impaciente.
    Não demores tanto a escrever o próximo. Por favor :$

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    1. Confesso que isto é aquilo que mais tempo me consome. A história está feita há muito na minha cabeça. Com diferentes finais. É mesmo só escrever e nem sempre é fácil ter o tempo e as condições de que necessito. Mas prometo ser breve.

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  2. Ó Bruno! não me vais deixar com este desassossego por mais dois meses!!!! bora, toca escrever o próximo capitulo, ;) obrigada

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  3. Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! Vai tudo correr bem! NÃO VAI ?!?!?!?!

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  4. uau!
    Não pude deixar de sentir uma lágrima no canto do olho... um pequeno aperto na garganta...

    ...

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    1. Fico feliz por ter conseguido emocionar-te.

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    2. É sinal que mesmo que o cenário seja apenas ficção, os sentimentos são sempre reais!

      Quem escreve com a alma faz isto!

      "Provoca sentimentos" ;)

      PS - Vou ter de ler os outros capítulos que estão para trás hummm humm

      Bjs
      Z.

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    3. Não imagino nada sem sentimento :)

      Espero que gostes

      beijos

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  5. Quando foi esta situação?? Há uma ou duas semanas atrás?? Passou por mim de manhã, em LX, um Mercedes cinzento a fazer exactamente o que descreve (ia a provocar o pânico na estrada coitado), com um senhor sentado no banco de trás e alguém apoiado em si...O que aconteceu à senhora??

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    1. Isto é ficção. Em alguns capítulos existem inspirações da minha vida. Neste caso, não existe nenhuma.

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  6. Já estava com saudades! Ainda bem que voltaste :)

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  7. Epa fica sempre no melhor da coisa...e depois? A Carolina e a Alexandra estão bem? Humm a aguardar por mais...que remédio! :)

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  8. Ainda não foi possível ler este teus dezassete capítulos, mas hei-de lê-los.

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  9. Já andava há algum tempo à espera de mais capítulos, e aqui temos. Faz favor de não demorar outros 2 meses para nos contar o desenrolar da história.
    Estamos todos encostados à parede ao lado do Miguel para saber o que se passa :D
    Bjocas da Bela

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  10. Oh, pá! :-(

    Tens de ser mais rápido a escrever o capítulo 18, está bem? Uma pessoa assim fica "preocupada"! ;-)

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  11. Isto não se faz! Oh qui caraças... quer dizer, já quase andava sem unhas na expectativa deste capítulo. Acabo o capítulo ainda pior! E agora não tenho o que roer! :))))

    Já tinha saudades! :) Espero que o 19.º apareça muito em breve! Que isto é muita emoçao carago!

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    1. Fico feliz pelas tuas palavras :)))

      Agora não irá demorar muito. Prometo.

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  12. Nó no estômago, de todo o tamanho...
    Porque, embora com algumas diferenças na história, já fui o "Miguel"....

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