Enquanto jornalista passo os dias a lidar com palavras, textos e mais textos. Como tenho de fazer diversas pesquisas acabo por ler os mais diversos sites, dos mais diversos países e também publicações em papel. E, com muita pena minha, o destaque vai para os erros que encontro. Acrescentado também que já dei os meus erros. Mas existem erros e erros.
Pode passar despercebido a quem não trabalha na área, mas é fácil perceber quando um erro é uma simples gralha que resulta da tentativa de publicar (e refiro-me ao online) o texto rapidamente. É algo que acontece, ainda que não seja desculpável. Também existem muitas falhas de pontuação, algo que acaba por não ser o maior dos problemas. Até porque começo a achar que a nossa escrita é um caso perdido.
Não gosto daquela coisa do “no meu tempo”, mas aqui tenho de usar esta muleta. Porque a verdade é que no meu tempo, ou seja, na minha fornada de jornalistas, existia mais qualidade a nível de escrita do que existe agora com os mais jovens. É um facto! Vejo muitos textos de muitas pessoas mais novas e alguns são mesmo assustadores. Erros atrás de erros, falta de vocabulário e grande limitação na construção de um simples texto de meia dúzia de parágrafos. E isto é muito, mas mesmo muito grave. Principalmente para quem quer trabalhar nesta área.
Na procura de um culpado para esta situação, o mais fácil será dizer que a responsabilidade é dos professores. Porque eles, pensam muitos pais, é que têm a obrigação de preparar os jovens para tudo e mais alguma coisa. Este modo de pensar está errado. Que me desculpem os pais, mas a maior parte da responsabilidade está nos pais. Que não estimulam os filhos a trabalhar tudo aquilo que acaba por ser importante para a escrita.
Hoje é “lol”, “kkk”, abreviaturas para tudo e mais alguma coisa e não passa disto. Não se lê (e já nem vou aos livros, fico-me por jornais e sites), não se faz nada que leve a uma estimulação que tenha reflexo na escrita. Os adolescentes lidam com vocabulários bastante limitados e não passam disto. Isto poderá não ser grave para alguns (volto a discordar deste modo de pensar) mas é extremamente negativo para quem quer trabalhar no jornalismo.
A isto junta-se outro problema desta geração. Refiro-me à falta de capacidade (e análise) para perceber que são maus, que têm limitações e que precisam de evoluir. Hoje, um jovem tem desculpa para tudo e mais alguma coisa. Existe sempre uma justificação para um erro, nem que seja porque uma borboleta bateu as asas num país distante. E, de justificação em justificação, os erros vão-se mantendo. Sempre os mesmos. Sempre básicos. Sempre graves.
Muito sinceramente, e mais uma vez com grande pena minha, não prevejo que isto melhore. Imagino este cenário cada vez mais negro. E enquanto passarmos a vida a culpar os professores, nada irá evoluir. Enquanto sonho com uma mudança, continuo a deparar-me com jovens que gozam com os erros alheios sem que percebam que fazem muito, mas mesmo muito pior do que aquilo com que gozam.
Já em 1946 Geoge Orwell falava disto: Pensamentos não muito claros levam a uma má escrita que, por seu turno, leva a pensamentos não muito claros! Acaba por ser uma espiral descendente. Má escrita leva a que os leitores tenham pensamento e vocabulário mais limitado o que leva a que estes escrevam ainda pior... E não vejo sequer tendência para que as coisas melhorem...
ResponderEliminarO pior é ninguém fazer nada para que melhore. Principalmente junto daqueles que nos são mais próximos.
EliminarExcelente análise. Com muita pena, tenho de concordar com tudo o que foi exposto!
ResponderEliminarInfelizmente, é o que temos.
EliminarConcordo em absoluto com tudo o que foi dito, o que infelizmente acaba por prejudicar textos e ideias que realmente são muito bons.
ResponderEliminarO que me assusta mais é a falta de vocabulário dos mais jovens.
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