Mostrar mensagens com a etiqueta bullying. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta bullying. Mostrar todas as mensagens

16.2.22

o bullying venceu, mas não pode continuar a ganhar

Chamava-se Drayke Hardman.
Tinha apenas 12 anos.
Adorava basquetebol, torcia pelos Utah Jazz e sonhava jogar um dia na NBA.

Este texto começa no passado. Pelo simples facto de que Drayke Hardman já não está neste mundo. Esta criança entendeu que a solução era matar-se. Vítima de bullying enforcou-se no quarto com a própria roupa. É muito doloroso, mas reforço, enforcou-se com a própria roupa. O corpo foi encontrado no chão pelas irmãs. Foi prontamente assistido, mas acabaria por morrer na manhã seguinte.

Pensei sobre a eventualidade de partilhar esta história. De partilhar as fotos. De tocar no tema com uma brutalidade com que ninguém deveria ter de lidar. Mas decidi fazê-lo. A começar pelo facto de esta história ser dada a conhecer pelos pais de Drayke. De as impressionantes fotos (em que os pais se despedem do filho) terem sido partilhadas pelos pais. E porque é preciso falar disto. Para que nenhuma criança tenha de passar pelo mesmo.

“Como é que um menino de 12 anos, que era ferozmente amado por todos, acha que a vida é tão difícil que precise de acabar com ela?”, pergunta Samie Hardman, mãe do menino. “O meu filho lindo estava a travar uma batalha de que nem eu o poderia salvar. É real, é silencioso e não há nada, absolutamente nada, como pai, que se possa fazer para retirar essa dor profunda”, acrescenta.

“O que poderia fazer um menino de 12 anos perder a esperança no seu coração a ponto de amarrar o capuz no pescoço para se matar? Uma palavra: BULLYING”, escreve o pai. “Acordei esta manhã mais zangado do que alguma vez estive na vida. Culpo-me? Culpo o bully do meu filho? Culpo o sistema! Culpo o facto de esses bullies sequer existirem! Como é que existe tanto ódio no mundo ao ponto de permitirmos que crianças magoem outras crianças? É simples… é algo que fazemos uns aos outros e eles aprendem que é normal alimentar a falta de confiança. Acham que isso faz com que pareçam porreiros”, desabafa o progenitor.

“O meu filho nunca irá casar, nunca irá ser pai. Merda, ele nunca terá um qualquer futuro. Tudo por causa de uma criança cobarde. O que merece este rapaz por tratar o meu filho como se nem fosse humano? O que aconteceu para que ele, e os seus amigos cobardes, se transformasse num fã de ódio. Foram os pais? Não tenho respostas, mas sei que ISTO TEM DE ACABAR AGORA”, conclui.

Esta é uma história com um final trágico. Infelizmente, uma de muitas. E existem aqui pontos que são importantes de salientar. Como refere a mãe, esta é uma dor que se vive em silêncio. O menino chegou a aparecer com um olho negro em casa e mentiu aos pais para não os preocupar. Por outro lado, o pai destaca o comportamento entre adultos. Que faz com que as crianças achem normal que se tratem mal umas às outras. Como sendo algo que lhes confere um ar cool.

Como pai é uma realidade que me assusta. E muito. Cabe a todos nós fazer deste um mundo melhor. Cabe a todos nós fazer de nós adultos melhores. O que fará com que, como consequência, as crianças sejam também melhores. Como dizem os pais de Drayke: isto tem de parar.

#DoItForDrayke

Contactos de prevenção à violência e suicídio

Linha de apoio à vítima da APAV
116 006 (chamada gratuita)
Linha disponível dias úteis das 09h às 21h

SOS Voz Amiga
213 544 545
Linha disponível diariamente das 15h30 às 00h30

21.1.16

últimas palavras de um menino de 11 anos antes de se suicidar

“Papá, mamã, estes 11 anos que estive com vocês têm sido muito bons e nunca os esquecerei tal como nunca vos irei esquecer. Papá, tu ensinaste-me a ser uma boa pessoa boa e a cumprir promessas, tal como brincaste muito comigo. Mamã, tu cuidaste muito de mim e levaste-me a muitos sítios. Os dois são incríveis e juntos são os melhores pais do mundo. Tata (irmã), aguentaste muitas coisas por mim e pelo papá. Estou muito grato e gosto muito de ti. Avô, tu sempre foste muito generoso comigo e preocupaste-te comigo. Gosto muito de ti. Lolo, ajudaste-me com os trabalhos de casa e sempre me trataste bem. Desejo-te muita sorte para que possas ver Eli. Digo-vos isto porque não aguento mais ir ao colégio e não há outra maneira de não ir. Espero que um dia sejam capazes de me odiar um pouco menos. Peço-vos que não se separem pois só a ver-vos juntos é que serei feliz. Sentirei saudades vossas e espero que um dia nos venhamos a encontrar no céu. Adeus para sempre.

Ah, mais uma coisa, espero que encontres trabalho depressa Tata.

Diego González”

Esta carta foi escrita por um menino de apenas, reforço, apenas onze anos que se atirou de uma janela de um quinto andar. Especula-se que Diego fosse vítima de bullying e foi agora conhecida uma outra história de uma aluna do mesmo colégio que se tentou matar.

Espanta-me a “frieza” de uma criança de onze anos que consegue ter a lucidez para escrever uma carta destas antes de colocar um ponto final na própria vida. Assusta-me tudo aquilo que pode levar a uma situação destas e que poderá ocorrer em tantos espaços onde os pais não têm qualquer controlo. Fico com medo da forma como algumas crianças de tenra idade lidam com situações de maus tratos, escondendo dos progenitores aquilo que se passa. E não imagino a dor dos pais que são obrigados a ler uma carta destas escrita por um filho de apenas onze anos.

21.10.14

cada qual faz a leitura que quiser

"O rapaz gay a quem deste um murro cometeu suicídio há poucos minutos. A rapariga a quem chamaste puta é na realidade virgem. Aquele rapaz a quem chamas desgraçado e preguiçoso trabalha todas as noites para sustentar a família. Aquela rapariga que empurraste no outro dia é abusada em casa. A rapariga a quem chamas gorda, na realidade passa fome. O velho, com quem gozas por causa das cicatrizes no rosto, esteve na guerra e lutou pelo teu país. O rapaz com quem gozas porque chora constantemente está a lidar com o aproximar da morte da sua mãe."

Era impossível não partilhar esta mensagem. As pessoas pensam que sabem tudo sobre todos mas na realidade pouco (ou nada) sabem além do que estão a observar sem qualquer conhecimento de causa. De resto, são apenas leituras infundadas que se desejam reais e, em casos extremos de ignorância, bullying no seu estado mais cruel. Agora, cada qual faz a leitura que quiser e lhe der mais jeito.