4.10.18

seremos capazes de resolver isto do ronaldo? creio que não...

Por estes dias muito se tem falado da grave acusação feita a Cristiano Ronaldo. Uma antiga modelo e actual professora acusa o jogador português de violação, algo que terá acontecido em 2009, altura em que ambos se conheceram durante uma noite de diversão em Las Vegas, nos Estados Unidos da América. Como seria de esperar, pelo menos não fiquei espantado, muitas vozes acusam a mulher em questão de ser uma oportunista. Só quer é dinheiro é uma das coisas que mais tenho ouvido. E a pessoa em questão sabia que ganharia esse rótulo quando decidisse revelar a suposta violação de que foi alvo.

Antes de desenvolver o tema, esclareço que não sou amigo de Cristiano Ronaldo. Tal como não sou de Kathryn Mayorga. Sei que ambos estiveram juntos, porque existem fotos. E sei que estiveram num quarto porque ninguém o negou. Sei também que foi revelado, no ano passado, um suposto acordo de confidencialidade (não negado por Mayorga) entre os ambos para que a jovem não comentasse o sucedido entre ambos. A partir daqui, só Cristiano Ronaldo e Mayorga sabem o que aconteceu naquela noite. Tenho a minha opinião, que não é mais do que isso mesmo. E não posso sair em defesa deste ou acusar aquele por outros interesses que vão além da verdade.

Penso assim em relação a Cristiano Ronaldo como penso em relação a todos os homens que foram acusados de violação e assédio sexual em Hollywood. Não posso ter um peso e medida para o português e outro completamente diferente para Harvey Weinstein e outros. Tenho que olhar com a mesma frieza para tudo. Existem acusações graves. Existem pessoas que clamam inocência. E algures por aqui existirá a verdade. E isto aplica-se a todos os casos. Ou então não...

Confesso que senti vergonha alheia quando comecei a ver nas redes sociais a partilha de um texto das Capazes em que se fala de sede de sangue no caso de Cristiano Ronaldo. O que não condeno. Condeno é que não tenha sido tida em conta essa sede de sangue quando se falou das acusações de Hollywood. Ou quando uma tenista perdeu um jogo (e torneio) de forma justa e não porque era mulher. Ou ainda quando se decidiu chamar miserável a um jogador de futebol, que passou pelo Porto, porque foi acusado pela mulher de um comportamento incorrecto. Em nenhum destes momentos importou a sede de sangue, excepto quando a notícia diz respeito a um dos nossos e quando se tem um determinado objectivo escondido numa opinião.

Falo deste exemplo porque é demonstrativo do modo de pensar de muitos portugueses. Se tocam nos nossos ou em alguém que conhecemos, é tudo uma cambada de mentirosos e oportunistas, se colocam em causa o nome e valores de alguém que nunca será próximo de nós, é atacar como se não houvesse amanhã, saltando essa parte importante da justiça (que será resolvida onde tem de ser). E também falo deste exemplo porque acho que dá uma imagem muito feia a algo tão belo e importante como o feminismo. Algo que tem levado muitas mulheres a sacrificar tanta coisa para que outras tenham o que elas não tiveram.

De resto, e ficando por este caso, aconselho todas as pessoas a lerem o artigo do Spiegel sobre a polémica em torno de Cristiano Ronaldo. É bem melhor do que ler notícias que extraem apenas aquilo que interessa e que, em muitos casos, acabam por fugir do rumo dos eventuais acontecimentos.

2 comentários:

  1. Li o teu texto e considero a tua explicação válida, mas não sei se podemos considerar o caso de Cristiano Ronaldo, num ambiente de descontracção e diversão nocturna com os casos de Hollywood, confesso que não acompanhei muito, mas achei que esses assédios tinham muito haver com o ambiente profissional e abuso de poder de um grande magnata.

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    1. Coloco no mesmo patamar porque a maioria dos casos de Hollywood também têm muitas condicionantes que as pessoas preferem não ver.

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