Quando o telefone toca, somos consumidos por um
infindável misto de sentimentos. Será a pessoa que amamos que nos estará a
ligar? Será aquele vendedor chato que já nos ligou vinte vezes e que continua a
insistir apesar da nossa ausência de interesse? Será um amigo de longa data?
Será aquela chamada que tanto queremos receber? Ou será aquele telefonema que
não desejamos? Ou será ainda uma chamada profissional? Estas sensações
arrastam-se até ao momento em que olhamos para o visor do telemóvel ou quando
atendemos a chamada caso seja um número desconhecido para nós.
Ontem, vivi um destes momentos. O telefone
tocou a uma hora que não costuma tocar. No visor aparecia o nome de um velho
amigo com quem não falava há largos meses. Conhecendo a pessoa em questão,
calculei que precisasse de alguém para um jogo de futebol num destes dias.
Porém, estava enganado.
“Estás bem? Que tens feito”, foi o começo.
“Voltaste a jogar futebol onze desde que
deixaste o clube x?”, perguntou-me após a conversa inicial.
“Não. Nunca mais joguei”, respondi.
“Vou ser treinador do clube y e queria ter-te
no plantel”, acrescentou.
“Deixa-me pensar e respondo-te em breve”,
disse-lhe.
Fiquei com um sorriso nos lábios. E a ponderar
na hipótese de regressar ao futebol. Agora, é altura de analisar os prós e
contras de forma diferente da altura em que tinha 20 anos. Nesta fase da vida
há mais coisas a ter em conta do que o simples desejo de voltar a jogar futebol.
Quis dizer logo que sim. Se fosse há alguns anos já estava a comprar as
chuteiras para o início dos treinos.
Mas tenho de ser realista. Hoje a minha vida é
diferente. Tenho que pensar no que significa dedicar duas noites por semana ao
futebol. E, mais importante do que isso, abdicar dos fins-de-semana em prol de
jogos de futebol. Em tempos era apenas a minha vida e o meu tempo. Hoje, há
muito mais em jogo. Vamos ver…