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7.2.23

não somos mesmo "nada"

A pessoa irrita-se com problemas e mais não sei o quê. Que na realidade não são nada. Vejo o que se passa na Turquia e Síria e só me apetece chorar. Ver crianças a serem retiradas dos escombros. Uma mãe que dá à luz nos escombros. Pessoas que estão presas nos escombros e enviam áudios a pedir ajuda. Que dureza.

17.4.19

notre-dame, moçambique e todo o mal do mundo no mesmo saco

Começo por dizer que cada vez menos uso o Facebook. Posso mesmo dizer que até já pensei encerrar as minhas contas nesta rede social. E o motivo é só um: não aguento tanto ódio. Esta rede social transformou-se numa espécie de batalha campal em que todos são heróis, donos da razão e os maiores do mundo. Algo que consegue ser assustador.

E como seria de esperar, com o incêndio de Notre-Dame não poderia ser diferente. Já perdi conta aos comentários de ódio relacionados com os apoios financeiros que estão a ser dados para reconstruir a catedral. E que têm como base de comparação a tragédia de Moçambique. Algo que, na minha modesta opinião, não faz qualquer sentido.

Lamento, mas não posso comparar as duas situações. Se isto significa que entenda que uma das tragédias é mais importante do que a outra? Não! Simplesmente, são diferentes. Se me choca que existam apoios para Notre-Dame? Não! Se me choca que o drama de Moçambique passe ao lado de tantas pessoas? Também não. Num cenário ideal, ambas as tragédias teriam o maior e melhor apoio possível. Mas não me peçam para olhar para Notre-Dame como um mero edifício sem qualquer história. Recuso-me a fazer aquilo que considero um grande erro. Porque espaços como Notre-Dame nunca serão apenas meros edifícios. O problema é a falta de cultura que faz com que muitas pessoas não entendam o peso de espaços como aquele.

O que gostava de perceber é aquilo que essas pessoas, que acusam quem está a dar dinheiro a Notre-Dame, já fizeram para mudar o mundo. Ajudaram na tragédia de Moçambique? E na de tantos outros países? Deixaram de comprar roupas e objectos feitos por crianças? Não comem carne de animais que são maltratados em vida? E poderia ficar aqui horas a dar exemplos de tragédias  e problemas das mais diversas dimensões. Que vão sempre ser menores ou maiores aos olhos de quem as vê.

E nunca as pessoas vão conseguir olhar para todas as tragédias com os mesmos olhos. O que é normal. Aquilo que as pessoas podem fazer é olhar para o espelho antes de acusar este ou aquele. E perceber se fizeram aquilo que acusam os outros de não fazer. Ou será que só os outros é que têm a obrigatoriedade de mudar o mundo ao ritmo dos nossos desejos?

31.3.19

até falava da colecção de roupa unissexo da zippy, mas prefiro falar de moçambique

Por estes dias só se tem falado da supostamente polémica colecção de roupa da Zippy. Parece que meio mundo está escandalizado com as peças de criança que se destacam por ser sem género. Algo que no meu tempo, e só tenho 37 anos, se chamava unissexo. Como não encontro nada chocante nisto, não perco tempo a alongar-me sobre o assunto. É o que é e só compra quem gosta. E pelas fotos parecem ser peças bem giras.

Prefiro centrar-me na catástrofe que assolou Moçambique. Já perdi conta ao número de peças jornalistas que vi sobre o assunto e em todas fiquei emocionado. Sendo que destaco algo que encontrei em todas elas. Estou a falar da total ausência de uma vontade cega de culpar alguém. Ninguém perde tempo a culpar este ou aquele.

Vi uma peça em que um homem, descalço, andava no meio da lama a limpar estradas. Este homem tinha ficado sem casa e dizia apenas que os trabalhos corriam dentro do previsto. Vi uma mulher grávida que só deseja uma casa para que o filho possa nascer, dizendo que o passado era isso mesmo. Vi pessoas falarem de pessoas que viram morrer com uma postura completamente diferente.

Aqui, andamos a discutir a polémica em relação a uma colecção de roupa. Já aquele povo, que lida com uma tragédia que não se deseja a ninguém, ensinam uma lição que só não aprende quem não quer. Ou quem prefere olhar para peças de roupa como se fossem balas ou bombas atómicas.

26.1.19

a notícia que não queria ouvir

Durante mais de duas semanas fui acompanhando o caso do menino caído num furo de captação de água. Desde o início que percebi que o desfecho seria este, mas sempre acreditei no milagre que seria a notícia de que Julen estava vivo. Infelizmente, não estava e para trás ficam vários dias com profissionais a lutarem ao máximo e com muitos percalços pelo caminho.

Neste momento só consigo tentar pensar qual será o sentimento daqueles pais. Dois jovens que perdem dois filhos de forma trágica num curto espaço de tempo. Um ataque cardíaco fulminante na praia e uma queda num buraco. Nem sei o que pensar...