Por estes dias os portugueses vão ficando, na sua generalidade, cada vez mais assustados com o crescente caso de doentes infectados com o novo coronavírus. Acredito que o maior medo está relacionado com os exemplos que nos chegam de Espanha e, sobretudo, de Itália. Se estes dois países não tivessem tido problemas de maior, talvez não existisse tanto receio. Mas ainda bem que existe. Porque acho que algumas pessoas ainda não perceberam aquilo com que estamos a lidar.
Por um lado, é certo que este vírus não é o bicho papão que nos irá matar a todos. O que não signifique que deva ser desvalorizado. Olhando para os números, vemos que a grande maioria da pessoas sobrevive à doença. Só que existem grupos de risco, que estariam igualmente vulneráveis a outros vírus, que podem ter complicações respiratórias graves. E é a este ponto que muitas pessoas ainda não chegaram. Espero que não, mas poderemos chegar ao ponto em que muitas pessoas (as tais mais debilitadas) vão necessitar de suporte respiratório. E quando os hospitais não tiverem capacidade para ajudar todos, será necessário escolher quem vive e quem morre. Por isso é que toda a prevenção não será exagerada. E esta leva a que todos queiram ficar em casa. Algo que nos leva a outra discussão.
Tenho a sorte de a empresa na qual trabalho ter enviado os trabalhadores para casa, por tempo indeterminado. Até porque aquilo que faço na redacção consigo fazer em casa, em total segurança. Tenho também a sorte de ter a minha mulher, grávida, em casa. Podia dizer algo como "os outros que se desenrasquem", mas sei que todos queriam estar numa situação como a minha. E acho que deveria ser permitido a todos. Porque seria a melhor forma de travar a escalada de uma doença que se multiplica a uma velocidade bastante rápida. Mais uma vez, espero estar enganado, mas também acredito que iremos chegar ao ponto de ser dada a ordem para que todos estejamos em casa. Saindo apenas para aquilo que é essencial.
Aquilo em que mais tenho pensado é na saúde. Na dos meus, na minha e na de todos os portugueses. E isto leva-me a pensar que o melhor seria fechar "tudo" durante um mês. Acredito que isto seria o passo correcto a dar. Por outro lado, sei também que terá um peso enorme na economia portuguesa. Ainda assim, acredito ser melhor fechar tudo por um mês do que passar, quatro, cinco ou seis meses a viver a conta gotas. Com negócios abertos sem que ninguém os visite. E entendo que a opção radical, de fechar tudo, acabará por ter um menor impacto. Mas isto não é mais do que o meu palpite.
Quando defendo que tudo deva fechar, não estou a empurrar o problema para os empresários. Os dois cenários que mencionei vão ter um impacto pesado para muitas pequenas e médias empresas. Talvez até para algumas grandes. Mas quando defendo o primeiro, defendo igualmente o apoio que terá de ser dado aos empresários e trabalhadores. Medidas que permitam minimizar os danos, evitando - ao máximo - o fecho de empresas e despedimentos. E este apoio tem de chegar de todos os lados. Das instâncias mundiais, europeias, estado, bancos e por aí fora. Não podemos apenas ser mais fortes juntos quando batemos palmas em cadeia. É preciso um apoio conjunto para que todos superemos este problema. Idealmente, com poucas mortes para lamentar.
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