17.4.19

notre-dame, moçambique e todo o mal do mundo no mesmo saco

Começo por dizer que cada vez menos uso o Facebook. Posso mesmo dizer que até já pensei encerrar as minhas contas nesta rede social. E o motivo é só um: não aguento tanto ódio. Esta rede social transformou-se numa espécie de batalha campal em que todos são heróis, donos da razão e os maiores do mundo. Algo que consegue ser assustador.

E como seria de esperar, com o incêndio de Notre-Dame não poderia ser diferente. Já perdi conta aos comentários de ódio relacionados com os apoios financeiros que estão a ser dados para reconstruir a catedral. E que têm como base de comparação a tragédia de Moçambique. Algo que, na minha modesta opinião, não faz qualquer sentido.

Lamento, mas não posso comparar as duas situações. Se isto significa que entenda que uma das tragédias é mais importante do que a outra? Não! Simplesmente, são diferentes. Se me choca que existam apoios para Notre-Dame? Não! Se me choca que o drama de Moçambique passe ao lado de tantas pessoas? Também não. Num cenário ideal, ambas as tragédias teriam o maior e melhor apoio possível. Mas não me peçam para olhar para Notre-Dame como um mero edifício sem qualquer história. Recuso-me a fazer aquilo que considero um grande erro. Porque espaços como Notre-Dame nunca serão apenas meros edifícios. O problema é a falta de cultura que faz com que muitas pessoas não entendam o peso de espaços como aquele.

O que gostava de perceber é aquilo que essas pessoas, que acusam quem está a dar dinheiro a Notre-Dame, já fizeram para mudar o mundo. Ajudaram na tragédia de Moçambique? E na de tantos outros países? Deixaram de comprar roupas e objectos feitos por crianças? Não comem carne de animais que são maltratados em vida? E poderia ficar aqui horas a dar exemplos de tragédias  e problemas das mais diversas dimensões. Que vão sempre ser menores ou maiores aos olhos de quem as vê.

E nunca as pessoas vão conseguir olhar para todas as tragédias com os mesmos olhos. O que é normal. Aquilo que as pessoas podem fazer é olhar para o espelho antes de acusar este ou aquele. E perceber se fizeram aquilo que acusam os outros de não fazer. Ou será que só os outros é que têm a obrigatoriedade de mudar o mundo ao ritmo dos nossos desejos?

2 comentários:

  1. Um artigo muito assertivo
    Se todos pensassem como o Bruno, decerto o mundo seria bem melhor.
    Desejos de uma Páscoa Feliz, para si e família.
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Existem formas de pensar que ainda me fazem muita confusão.

      Abraço

      Eliminar