Pelo que tenho lido nas redes sociais começo a acreditar que fui o único português que se deitou a acreditar que acordava com Donald Trump como presidente norte-americano. E não digo isto por ser apoiante deste candidato. Digo isto porque sempre olhei para Hillary Clinton com o realismo que muitas pessoas preferiam não ter. E esta falta de realismo existia apenas fora dos Estados Unidos da América.
Vamos a factos. A maioria dos cidadãos norte-americanos não aprecia Hillary. E não olha para ela como solução. A votação mostra isto. Tal como já tinha sido demonstrado com diversos estudos de opinião. Fora dos EUA todas as pessoas adoram Hillary. Nos EUA as pessoas não esquecem os escândalos aos quais está associada. E dou dois exemplos: o financiamento à Fundação Clinton e o dos emails. Isto chega para que Hillary, bem ou mal, seja associada à corrupção política de que as pessoas estão fartas.
De resto, Hillary Clinton (e a sua equipa) cometeu muitos erros e é a principal culpada da derrota. O primeiro foi menosprezar Donald Trump. Acreditar que perdia sozinho. A campanha política passou quase sempre pela tentativa de ridicularizar o candidato. Erro crasso! Acreditaram também que o trunfo “ela é mulher” chegava para fazer a diferença. Outro erro. A única mulher (neste momento) que tirava proveito dessa “arma eleitoral” seria Michelle Obama. Achou ainda que o povo olhava para si como solução. Quando quase sempre foi vista como um problema. Estes são alguns dos erros que ajudam a explicar esta derrota que não me surpreende.
Uma grande percentagem de norte-americanos disse, à saída das urnas, que aquilo que procurava num candidato era a mudança. E Trump é, aos olhos deles, essa mudança. Para o bem ou para o mal é a opção de milhões de pessoas que olham para Hillary Clinton como a imagem da corrupção política que odeiam. Outra coisa que sempre me fez confusão foi a quantidade de pessoas que ofendem Donald Trump mas que são incapazes de encontrar um argumento político para votar em Hillary Clinton. Parecia que o importante era impedir a vitória de um em vez de desejar a vitória de outro. E pode parecer a mesma coisa mas é completamente distinto. E os resultados de estratégias destas são quase sempre maus.
Depois existe algo no rescaldo das eleições (nas redes sociais) que é tipicamente português. Nas redes sociais muitas pessoas dizem que os norte-americanos são burros porque votaram no Trump. Tal como já tinham dito que os ingleses eram burros ao votar na saída do Euro. Mas em dia de eleições nacionais ficam sempre em casa. Nunca vão votar. Sabem tudo da política estrangeira mas ignoram aquela em que têm realmente voto na matéria.
Posto isto, Donald Trump chegou ao poder. E agora? Esta é a questão que todos colocam. Prefiro esperar para ver. Mas acredito que o Mundo não irá acabar como algumas pessoas defendem. Acho até que as coisas não vão mudar muito. Mas é esperar para ver. Até porque nunca fui adepto de funerais antes da morte de alguém. Vamos ver...
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