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11.2.21

entrevista da bbc torna-se viral por causa de brinquedo sexual e não só

Durante os meses de pandemia têm surgido diversas histórias relacionadas com reuniões que acontecem em plataformas como o Zoom. Existem relatos de pessoas que aparecem sem roupa. Outras que estão a executar tarefas pouco próprias para partilhar numa reunião com colegas de trabalho. E existem muitos outros exemplos. Agora, é uma entrevista da BBC que está a correr muito e não é pelo teor da conversa.

   

Yvette Amos foi uma das convidadas do programa Today, da BBC Wales. Em condições normais, existe uma elevada probabilidade de estar conversa nunca ser comentada em Portugal. Só que existem dois detalhes que fizeram com que o momento se tornasse viral.

Um deles é bastante ousado. Já o outro pode ser um pouco mais assustador. No plano escolhido para a entrevista é possível ver um brinquedo sexual. Que está à vista de todos na estante, perto de livros e outros objetos.

E o dildo não é o único destaque curioso. É que mais ao lado é possível ver algo que aparenta ser sangue a escorrer pela parede. Algo que deverá ser meramente decorativo, mas com ar de real. Ninguém comenta o tema da conversa, mas estes dois detalhes estão a dar a volta ao mundo.

11.11.19

entrevista | ana dias, a única fotógrafa portuguesa a trabalhar para a a playboy: “não foi fácil chegar até aqui”

Conheci a Ana Dias profissionalmente, através de uma entrevista. Não se tratava de apenas mais uma pessoa que entrevistava, algo que ficou provado com a amizade que mantemos desde então. Temos falado sobre muitas coisas e entre conversas de projectos de ambos, dei-lhe a conhecer o meu blogue. Até que lancei o desafio de uma nova entrevista, desta vez para o homem sem blogue. Acho que ainda não tinha acabado a pergunta e a Ana já me dizia que sim.

Depois desta pequena introdução vou falar da Ana Dias, de quem provavelmente já viste fotos, ainda que possas não saber que eram suas. Trata-se de uma fotógrafa portuguesa que consegue ser a única a trabalhar para a Playboy. Até ao momento (e correndo o risco de estar desactualizado no momento de publicação da entrevista) são 45 capas e mais de 150 publicações em todo o mundo. E isto deve encher de orgulho todos os portugueses, porque a cada capa e a cada foto, Ana Dias leva o nome de Portugal cada vez mais longe. E se há quem fale da famosas festas da Mansão Palyboy, Ana Dias pode contar que esteve na casa de Hugh Hefner para jantar e para uma sessão de cinema privada, algo de que poucos se podem gabar. É com orgulho que tenho uma entrevista de uma pessoa tão talentosa no blogue. E sim, prepara-te para a nudez que irás encontrar ao longo do texto.

1989 foi o ano em que tiraste a tua primeira fotografia. Nessa altura já imaginavas o que aí vinha ou era apenas uma forma de passar o tempo? O que pensavas ser nessa altura?
Nessa altura eu tinha 5 anos, só pensava em brincar, ainda não tinha idade para pensar em nada, mas sei que gostava imenso dessa brincadeira que era fotografar.





Em que momento é que percebes que a fotografia vai mesmo ser a tua vida?
Apercebi-me que a fotografia ia ser a minha vida a partir do momento em que fotografei a série intitulada “BIG GIRLS DON'T CRY”, que são fotografias de pinup girls na praia. Quando as coloquei online, rapidamente se tornaram virais um pouco por todo o mundo e aí apercebi-me que seria esse o meu caminho.

Quando é que passas a dedicar mais atenção ao corpo feminino?
Não te consigo dizer exactamente quando é que comecei a dedicar mais atenção ao corpo feminino, porque desde sempre me senti fascinada pelo corpo humano e via o corpo da mulher como uma obra de arte.

“Desde sempre me senti fascinada pelo corpo humano e via o corpo da mulher como uma obra de arte”


E pelo nu artístico?
O nu também sempre me fascinou. Penso que a minha paixão pelo nu começou na faculdade. Quando comecei a ter modelos vivos de nu para desenhar.

Encanto pela fotografia, pelo corpo feminino e pelo nu artístico são comuns a muitos fotógrafos. Mas a verdade é que nem todos podem conjugar isto com a possibilidade de trabalhar para a Playboy em mais de 20 países. Como é que tudo isto se proporcionou?
Sinto-me muito feliz e privilegiada por estar a viver o que sempre sonhei para mim. Não foi fácil chegar até aqui, e mais difícil ainda é manter o nível e não cair de patamar. Para aqui chegar tive que trabalhar muito, ser consistente na qualidade do trabalho e sobretudo ser persistente. Fazer uma fotografia interessante de vez em quando não é difícil, difícil é manter o nível ou, idealmente, conseguir melhorar e crescer todos os dias. O meu segredo é não desistir. Tenho de lutar todos os dias para continuar a fazer aquilo que amo.

“O meu segredo é não desistir. Tenho de lutar todos os dias para continuar a fazer aquilo que amo”


A tua entrada no universo Playboy dá-se através da edição da Sérvia. Foi algo procurado por ti?
Sim. Trabalhar com a Playboy sempre foi o meu objectivo desde que comecei a fotografar. E por isso comecei a estar mais atenta a qualquer oportunidade que me permitisse entrar na revista. Em 2012, a Sérvia lançou um concurso para fotógrafos e é aí que começa toda a minha aventura com a marca.

A Playboy gostou tanto do teu trabalho que te desafiou para um webshow chamado Playboy Abroad Adventures With Photographer Ana Dias. Como reagiste a este convite?
Era a primeira vez que ia trabalhar com a Playboy americana. Foi o começo da realização do meu maior sonho! Chamaram-me para uma reunião na sede da Playboy em Beverly Hills em 2015, e nem hesitei. Nessa altura já colaborava com a Playboy internacional em mais de 15 edições. Demorou uma semana desde o convite até apanhar o avião para Los Angeles. Não sabia exactamente o que se ia discutir na reunião, mas sabia que só podia ser algo bom. Podiam ser tantas coisas: quererem publicar um trabalho meu no site, publicar o meu trabalho na revista... mas era ainda melhor que isso. Era a oportunidade de ter um programa sobre mim, a fotografar para a Playboy e sempre em países diferentes. O “Playboy Abroad” permitiu-me conhecer 24 países num ano e fazer o que mais amo: fotografar a beleza e o power feminino para uma das marcas mais reconhecidas do mundo.




Privaste com Hugh Hefner, um homem que fica para a história, especialmente da área em que trabalhas. Que podes contar sobre os momentos em que estiveste com ele?
Conhecer o Hugh Hefner foi mais um grande sonho tornado realidade. Em 2015, quando tive a reunião nos escritório da Playboy, também tive a oportunidade de visitar Hugh Hefner na sua Mansão em Beverly Hills. Lembro-me perfeitamente da emoção que senti quando o vi pela primeira vez a descer as escadas. Até umas lágrimas me caíram. Não falámos muito porque havia mais convidados, mas tive a oportunidade de lhe agradecer por tudo o que ele fez pela Playboy, pelo convite e de lhe dizer o quão feliz estava por poder trabalhar para a marca que ele criou. Foi mágico poder abraçar a lenda que criou o mundo onde trabalho e que tanto me tem dado.

“Lembro-me perfeitamente da emoção que senti quando o vi [Hugh Hefner] pela primeira vez a descer as escadas. Até umas lágrimas me caíram”


Enquanto alguém que está por dentro da realidade Playboy, que opinião tens desta fase pós Hefner?
Houve muita coisa que mudou depois do Hugh Hefner ter morrido, mas penso que tudo voltou ao que era a essência da marca: ensaios de nu com muita qualidade e artigos actuais, interessantes, provocadores e com a preocupação constante com os direitos humanos. O acontecimento mais triste, após a morte do Hefner, foi o fim da mansão Playboy. Já não existe mais uma mansão Playboy propriamente dita. A propriedade tinha sido vendida quando ele ainda era vivo, com a condição de ele continuar a viver nela até à sua morte. Foi isso mesmo que aconteceu. Com a morte de Hugh Hefner, morreu também a mansão.

Falar da Playboy e de Hugh Hefner quase que torna obrigatório falar da Mansão e das famosas festas. Estiveste em alguma?
Já estive em várias festas Playboy, mas não estive em nenhuma festa na Mansão Playboy em Beverly Hills. Quando estive na mansão, foi a convite do Hefner para jantar e para uma sessão de cinema. Era um evento mais recatado, só com poucos amigos chegados, a sua mulher e eu, que era a convidada. Acho que foi ainda mais giro e especial que uma festa. O que mais gosto nas festas Playboy é de poder conhecer pessoas que sentem o mesmo fascínio que eu pela marca. Também é sempre giro conversar com as personalidades que admiro.






Consegues destacar, no máximo três, mulheres que tenhas gostado mais de fotografar?
Todas as mulheres que fotografei são, de alguma maneira, especiais. Não consigo escolher só três... Mas posso, por exemplo, destacar a Olga De Mar, que mais do que uma modelo excelente, é uma mulher incrível e criei com ela uma bonita amizade.

E qual é aquela que mais desejavas fotografar?
Ui, há imensas, mas consigo dizer que adorava fotografar a Pamela Anderson, por ter sido uma enorme referência na minha adolescência.

Se a pergunta anterior fosse restrita a Portugal, quem é que escolhias?
Sara Sampaio ou Ana Cristina Oliveira. Unicamente porque, do meu ponto de vista, são as duas mulheres mais lindas do nosso país.

“Adorava fotografar a Pamela Anderson, por ter sido uma enorme referência na minha adolescência”


És conhecida profissionalmente por fotografar mulheres muito bonitas. Sendo que também o és, como reagias a um convite para seres fotografada ao estilo das fotos que fazes? Aceitavas?
Muito obrigada pelo elogio! Já tive algumas propostas para ser fotografada, mas para mim, neste momento, é muito mais interessante estar do outro lado da câmara, a tirar fotos. Esse é o lugar onde me sinto mais criativa e feliz.

Já foste considerada uma das 20 fotógrafas a seguir. É o melhor reconhecimento do teu trabalho?
Quando alguém me diz que sou uma inspiração, é claro que fico muito feliz. Mas o maior reconhecimento do meu trabalho é vê-lo publicado. Até agora são 45 capas e mais de 150 publicações em edições da Playboy pelo mundo fora.







E o que sentes quando tantas mulheres ficam felizes por serem fotografadas por ti?
Fico muitíssimo feliz.

Passados estes anos, os teus amigos homens ainda se metem contigo por causa do trabalho que tens?
Sempre! Nada muda.

Estás habituada a correr o mundo em trabalho. Do que tens mais saudades de Portugal?
Eu volto sempre à base. Ainda vivo em Portugal, mesmo tendo que viajar praticamente todos os meses.

“Ainda vivo em Portugal, mesmo tendo que viajar praticamente todos os meses”


Qual o país onde gostaste mais de trabalhar? Ou aquele de que mais te recordas?
Há muitos países onde amei fotografar. Os Estados Unidos é um dos que mais adoro, principalmente o estado da Califórnia. Identifico-me muito com a cultura pop e com a vibe da cidade. Depois destaco as Bahamas, o Japão, a Islândia e Israel.

Além da Playboy, tens algum projecto pensado que possas revelar?
Neste momento estou a trabalhar, para além da Playboy, num novo projecto que será um livro da minha autoria. Espero que 2020 seja um ano de mais concretizações.

Acompanha de perto o trabalho da Ana Dia em www.anadiasphotography.com.

18.12.18

ornatos violeta estão de volta: “acho que faremos um álbum se for pertinente artisticamente”

Numa espécie de presente de Natal antecipado, os Ornatos Violeta anunciaram o regresso aos palcos. 20 anos depois, a banda liderada por Manel Cruz irá actuar em três festivais de verão. Quando ouvi esta notícia recordei-me do dia em que decidi desafiar quem passa pelo blogue a eleger a melhor música portuguesa de todos os tempos.

A escolha recaiu em “Ouvi Dizer”, dos Ornatos Violeta e depois da eleição acabei por estar à conversa com o Manel Cruz. O ponto de partida foi mesmo a eleição, mas acabámos por falar de muitas outras coisas. Tendo em conta o regresso, é sempre bom recordar aquilo que foi dito por um dos melhores músicos portugueses de sempre.

Qual a sensação de ver uma música tua eleita como o melhor tema português de sempre?
Manel Cruz - (Risos) É fixe! É bom! Embora as coisas sejam relativas é bom que alguém ache isso (risos).

Esta eleição aconteceu no blogue mas “Ouvi Dizer” consta sempre nas listas das melhores músicas portuguesas de sempre. Quando a música foi feita deu para perceber que teria este impacto?
Não, de maneira nenhuma. É uma coisa muito difícil de prever e nunca pensei nas coisas dessa maneira. Aliás, as músicas de que mais gosto nunca foram eleitas (risos). Normalmente são músicas que têm determinadas características mas normalmente não são as de que mais gosto.

“Para-me Agora” é uma das tuas músicas preferidas dos Ornatos Violeta. Mesmo não sendo aquela de que mais gostas é justo referir que “Ouvi Dizer “é o tema mais marcante da tua carreira?
Sim. Talvez seja a mais marcante, tal como “Capitão Romance”. Mas esta talvez tenha sido a mais mediática.

"Como é visível na música é uma dor de corno (risos)"


Recuando no tempo. Ainda te recordas o que originou este tema?
Sim. Como é visível na música é uma dor de corno (risos). Um amor espatifado. Não me lembro exactamente do dia em que a fiz mas recordo-me de estar a fazê-la e de mostra-la, ainda sem letra, só com música e melodia ao Kinörm [membro dos Ornatos Violeta]. Era tocada à guitarra, com outra onda mas recordo esse momento.

Há algum motivo especial por detrás da participação de Victor Espadinha?
Foi quase uma questão de humor. Por causa de fazer parte daquele universo Joe Dassin e aquela maneira de declamar com muito ênfase e algo kitsch a que nós achávamos graça. Num ensaio surgiu a ideia de ter alguém a dizer o poema. O Kinörm sugeriu o Victor Espadinha e achámos todos muita graça ao confronto entre o universo da música e a forma da poesia mais enfatizada.

Podem ler a entrevista completa AQUI.

22.10.15

entrevista com manel cruz

Lancei no blogue o desafio de encontrar a melhor música portuguesa de sempre. A eleição foi da inteira responsabilidade de quem por aqui passa e depois de três etapas de votação destacou-se o tema Ouvi Dizer, dos Ornatos Violeta, editado em 1999, que faz parte do álbum O Monstro Precisa de Amigos. Depois de partilhar o vídeo da música vencedora fui à procura de Manel Cruz, o vocalista dos Ornatos Violeta e o responsável pela letra do tema que ainda hoje apaixona pessoas das mais diferentes gerações.

E foi numa agradável conversa que fiquei a saber como surgiu Ouvi Dizer, que nem é um dos temas preferidos daquele que considero ser um dos melhores talentos nacionais da sua geração. Quais serão os motivos do sucesso de Ouvi Dizer? E porque será que os Ornatos Violeta são um das bandas de culto da música portuguesa mesmo tendo apenas dois álbuns editados? Isto e muito mais numa entrevista que partilho aqui. Por fim, será que os Ornatos Violeta podem vier a ter um novo álbum?


homem sem blogue - Qual a sensação de ver uma música tua eleita como o melhor tema português de sempre?
Manel Cruz - (Risos) É fixe! É bom! Embora as coisas sejam relativas é bom que alguém ache isso (risos).

Esta eleição aconteceu no blogue mas Ouvi Dizer consta sempre nas listas das melhores músicas portuguesas de sempre. Quando a música foi feita deu para perceber que teria este impacto?
Não, de maneira nenhuma. É uma coisa muito difícil de prever e nunca pensei nas coisas dessa maneira. Aliás, as músicas de que mais gosto nunca foram eleitas (risos). Normalmente são músicas que têm determinadas características mas normalmente não são as de que mais gosto.

Para-me Agora é uma das tuas músicas preferidas dos Ornatos Violeta. Mesmo não sendo aquela de que mais gostas é justo dizer que Ouvi Dizer é o tema mais marcante da tua carreira?
Sim. Talvez seja a mais marcante, tal como Capitão Romance. Mas esta talvez tenha sido a mais mediática.

Recuando no tempo. Ainda te recordas o que originou este tema?
Sim. Como é visível na música é uma dor de corno (risos). Um amor espatifado. Não me lembro exactamente do dia em que a fiz mas recordo-me de estar a fazê-la e de mostra-la, ainda sem letra, só com música e melodia ao Kinörm [membro dos Ornatos Violeta]. Era tocada à guitarra, com outra onda mas recordo esse momento.

Há algum motivo especial por detrás da participação de Victor Espadinha?
Foi quase uma questão de humor. Por causa de fazer parte daquele universo Joe Dassin e aquela maneira de declamar com muito ênfase e algo kitsch a que nós achávamos graça. Num ensaio surgiu a ideia de ter alguém a dizer o poema. O Kinörm sugeriu o Victor Espadinha e achámos todos muita graça ao confronto entre o universo da música e a forma da poesia mais enfatizada.

Quais as explicações para que Ouvi Dizer seja uma música tão marcante para tantas pessoas de diferentes gerações?
Não sei. Não consigo identificar isso até porque posso ter uma interpretação pessoal. Tem um formato mais comercial. É uma música algo épica. A letra comunica aquele sentimento de uma forma muito directa e apaixonada. Depois é um ciclo vicioso em que as coisas começam a passar e acabam por ficar. Acima de tudo compreendo a força da música. Se calhar até é uma das razões pelas quais me enjoei um bocado da música. E talvez a forma inflamada como canto e como é tocada. A meu ver não é tão rica de uma perspectiva artística. Se calhar é mais redondinha. Mas é difícil estar a tentar perceber os motivos pelos quais uma coisa fica no goto das pessoas. É complicado.

E em relação aos Ornatos? Tiveram apenas dois álbuns mas são uma banda de culto para diversas gerações...
Acredito que acima de tudo é pela música. A música é comunicação e de alguma forma aconteceu isso e a nossa música comunicou com as pessoas. Não existia uma estratégia de marketing nem tivemos uma grande campanha. Foi o tempo que nos fez chegar onde estamos. Acho que passa por aí, pela comunicação das letras e das músicas e identificação com o que passa.


Ouvi Dizer faz parte do álbum O Monstro Precisa de Amigos que já foi eleito (eleição da rádio Antena3) o melhor das três décadas da música portuguesa. Qual a significado?
É muito bom. Como artista gosto de me sentir sempre fresco e de me refrescar. Não gosto de riscar o passado mas gosto de o deixar onde está. Estas coisas são muito boas e gratificantes e perpetuam algo que já passou. Como artista não dou mais importância do que ser gratificante e pelo gosto de ver algo que fizemos ser reconhecido e ter significado para as pessoas. Fica-se por aí. Porque o meu impulso é arrumar o passado e concentrar-me no presente e no futuro para sentir que continuo com uma forte dinâmica de criatividade. Mas evidentemente que seria mentiroso se não dissesse que sinto felicidade de que aquilo que fiz tem importância para as pessoas.

Este reconhecimento levou pressão para outros projectos musicais? As pessoas tendem a comparar e a exigir algo ainda melhor?
Absolutamente nenhuma. Acredito que o que faço é sempre melhor mesmo que não seja tão mediático. E não comparo o meu presente com o passado. Comparo mais depressa o presente com o futuro. Ou seja, comparo o que estou a fazer com o que queria e pretendo fazer. Para mim o mediatismo não atesta a qualidade do que se faz. Atesta sim o fenómeno social que acho que já não me pertence nem está nas minhas mãos. Vejo tanta coisa mediática de que não gosto e que nem compreendo. Não digo que não tenha valor mas não me compete avaliar e não consigo estabelecer uma ligação entre a parte mediática e a estética. São coisas que acontecem devido a muitos fenómenos. Aquilo a que as pessoas se ligam do meu passado e aquilo que faço no presente são coisas distintas. É quase como uma outra vida e isso não me faz confusão nenhuma.

Em 2012 achavas impossível que os Ornatos Violeta fizessem um novo álbum. Manténs a opinião?
Nada é impossível no universo científico (risos). Mas acho que as coisas têm que ter uma pertinência e uma razão ligadas à nossa vontade criativa. Ainda que existam muitas coisas na vida que nos levam a fazer algo, como a necessidade de sobreviver e ganhar dinheiro. Isto seria perfeitamente legítimo, como outra coisa qualquer. Mas acho que todas as pessoas lutam para ter prazer no que fazem. Por isso, acho que faremos um álbum se for pertinente artisticamente, algo que acho difícil porque temos as nossas vidas e cada um de nós tem projectos e coisas que deseja fazer. Se fosse para fazer um álbum agora acho que nos iríamos juntar para nos deixarmos ir numa corrente que não é propriamente aquela do que queremos fazer.

Estiveste a dar concertos. O que se segue?
Estive a tocar ao longo do último ano. Fiz um apanhado das músicas que fiz e de outras em que estive envolvido inseridas num pacote com algumas coisas novas. Neste momento estou num interregno de música ao vivo. Vou gravar as coisas novas que fiz mas ainda não sei para quê. Se vou fazer um disco ou partilhar na net. Irei continuar sempre a fazer coisas.

O meu agradecimento ao Manel Cruz pela disponibilidade e simpatia durante a conversa. E um agradecimento especial à Turbina (muito obrigado Pedro) por tornar esta conversa possível e também pela cedência das fotografias que dizem respeito à ultima digressão de Manel Cruz.