22.6.12

os filhos que são troféus para os pais

Ontem passei muito tempo com a minha sobrinha num parque infantil. Como não sou pai, não é um espaço que frequente com assiduidade. Contudo, cada vez mais acho que existem pais que usam os filhos como um espécie de troféu que deve ser exibido. Só isto pode explicar que pais ponham os filhos, pequenos, em situações de perigo para no final exclamarem: "Boa! Assim é que é! Dá cá mais cinco!"

Vi um pai, e relato este caso mas é algo que vejo com frequência, deixar uma filha que não teria mais de dois anos, brincar a uma altura superior a 1,80m. Orgulhoso, o pai ficava a observar a filha percorrer um percurso perigoso até ao escorrega. Quando digo perigoso, é mesmo perigoso, porque a criança podia cair a qualquer passo, sendo que não havia qualquer protecção na diversão. Acrescento que se trata de um percurso sem chão, onde é preciso ter as pernas grandes para dar passos largos. Em vez de acompanhar a filha, o pai incentivava ao longe, a arriscada caminhada. No final, gritava como se tivesse ganho uma espécie de troféu. Após a euforia, perguntava à pequena se queria voltar a repetir a faceta.

Eu era incapaz de fazer aquilo à minha sobrinha. Deixei-a brincar no respectivo escorrega mas nunca a larguei. Só quando estava em segurança. Não sei explicar os motivos mas cada vez mais acho que os pais usam os filhos como um troféu que deve ser exibido. Porquê? Não sei.

19 comentários:

  1. Como te entendo...
    Sabes o que me acontece quando levo o mini ao parque??? fico stressada...e alem de tomar conta do meu...ando a ajudar outras crianças a subir e descer dos brinquedos e a agarra.los para nao cairem.....os pais??? estão sentados a conversar....NA BOA... tristeza

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    1. Acho que qualquer pessoa responsável acaba por olhar para as outras crianças.

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  2. Sim, é cada vez mais comum ver pais que só estão felizes com o sucesso dos filhos! e que tudo vale para mostrar esse sucesso ao mundo, até colocá-los em perigo. Uma coisa é ser super protector e não deixar as crianças testar limites e superá-los, criar crianças inseguras e dependentes. Outra, bem diferente, mas igualmente condenável (na minha opinião) é correr riscos desnecessários em prole da autonomia da criança.
    O desafio está em encontrar o meio termo, exigir na medida do que é exigível, respeitar as capacidades de cada um. O desafio está, também, em ser feliz com os seus insucessos, compreender que as crianças têm limitações, não são super-homens e não precisam de ser os melhores em tudo para que se goste deles.
    Eu amarei sempre a minha filha, mesmo que não seja a melhor, desde que tenha dado o seu melhor. É importante (também) educar os nossos filhos para o fracasso e frustração. Isso vai conferir-lhes capacidade de resistência e adaptação, aguçar-lhes-á o raciocínio, fortalecerá os seus corações. Uma criança que não sabe lidar com o fracasso será um adulto medíocre.

    Marta Fernandes

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    1. Tal como referes, também não sou a favor dos pais que optam por fechar os filhos num espaço estanque, longe de tudo. O maior desafio é mesmo descobrir esse meio termo sem colocar os filhos em perigo.

      Pegando na tua última parte, defendo que todos os pais falham em algo. É natural que assim seja mas isso não faz com que seja um mau pai ou mãe.

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  3. Não vejo isso de uma forma geral. O que referiste existe, é real. Mas apenas existe em pais que:

    1- Ou são irresponsáveis;
    2- Ou não têm muito jeito para crianças e como tal não sabem muito bem com adaptar a brincadeira ao tamanho e idade da criança;
    3 - Ou não são pessoas cuidadosas, e por isso não medem bem o perigo e agem de forma inconsciente;
    4 - Ou por algum motivo, têm algum tipo de frustração e então sentem essa necessidade de exibição excessiva, que só prejudica a educação da criança.

    Só pessoas assim é que poderão ter esse tipo de comportamento. O importante é chamar à atenção a quem está próximo de nós. Aos que não conhecemos(que por razões óbvias, não podemos ou não devemos chamar à atenção) podemos apenas esperar que a criança tenha sempre consigo a estrelinha da sorte e que nada lhe aconteça.

    Vanessa

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    1. O importante é chamar à atgenção mas nunca o irei fazer a um pai ou mãe que não conheço. Corro o risco de ser mal tratado e acusado de me meter onde não sou chamado.

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    2. Foi essa a ideia que transmiti na última frase:

      "Aos que não conhecemos(que por razões óbvias, não podemos ou não devemos chamar à atenção) podemos apenas esperar que a criança tenha sempre consigo a estrelinha da sorte e que nada lhe aconteça."

      Como é natural, não devemos chamar à atenção quem não conhecemos. E mesmo quem conhecemos, devemos fazê-lo de forma cordial e humilde.

      Vanessa

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  4. Como em tudo no mundo há pais e pais... e filhos muito diferentes. A minha F de 2 anos é muito mais "atrevida" nas diversões que a irmã era com a mesma idade, no entanto é normal pois quer imitar a irmã em tudo! Mas como já referiram as crianças tem uma estrelinha da sorte!

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    1. Também acredito em estrelinhas da sorte. Mas isso não desculpa certos comportamento que vejo. Mas isto é apenas a minha opinião.

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  5. Durante 20 anos vi isso... A irresponsabilidade dos pais estarem a olhar e a conversar com outros pais, ao telemóvel e nem sequer terem atenção aos perigos que estavam inerentes no parque infantil...

    Fui tia cedo. Muito cedo. Ainda agora saíram dos dois meus "meninos" de mota. Ele veio buscar a irmã e eu: Cuidado com a tua irmã, porque ele adorava arreliá-la!! E hoje ela contou-me tanta coisas que ele costumava fazer em brincadeiras tolas... Enfim.. A parvoíce dos vinte! :)

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    1. Será que a ida ao parque é uma rotina para os pais, que entendem não haver qualquer perigo nessa rotina?

      Eu também tenho uma irmã, mais velha, e sei bem do que falas...

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  6. Tenho mixed feelings quanto a isso. Porque também me irrita a hiperproteção, pais que não deixam os filhos subir ao escorrega porque é perigoso, dar festas a um cão porque pode "ter doenças", andar descalços porque se podem constipar... Para tudo é preciso um equilíbrio.

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  7. Sim há de tudo!!! Os irresponsáveis e os hiperprotectores. Enfim. É esperar que tragédias nao aconteçam. Mas ainda bem que relembraste o assunto.

    oengomadinho.blogspot.pt

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    1. Eu sou a favor da máxima "mais vale prevenir do que remediar"

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  8. Neste caso, acho que não é exibição, mas sim irresponsabilidade. Existem muitos pais que não medem os perigos em que colocam os filhos...

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    1. Concordo com a ideia dos pais que não medem os perigos em que colocam os filhos

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  9. Parece-me que tem a ver com a necessidade que as pessoas têm, hoje em dia, de serem reconhecidas. De serem as melhores em tudo e mais alguma coisa. Quando não conseguem por eles próprios, temtam fazê-lo através dos filhos. Sem se preocuparem com os perigos que possam correr. O importante é o resultado. Neste caso, ter o filho mais hábil para a sua idade e mostrá-lo a toda a gente...

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    1. Acho também que alguns pais querem que os filhos sejam o que eles não foram.

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