Quando penso em bolsos imagino uma relação de amor ou de ódio. Acredito que também existam algumas pessoas que andem ali pelo meio, amando uns dias, odiando noutros e ficando indiferente nos restantes. Mas quero acreditar que a maioria das pessoas se divide entre o amor e o ódio para definir a sua relação com os bolsos das calças, das camisas e dos casacos.
Começando pelo amor. São aquelas pessoas para quem os bolsos são espaços compartimentados onde é possível guardar tudo. Parecem pequenas arrecadações. Mesmo percebendo que determinado objecto não cabe no bolso arranjam forma de o colocar no interior do mesmo. Nem que para isso tenham de danificar o objecto ou o bolso. Tenho amigos assim. São aqueles que conseguem ter os bolsos das camisas e das calças rasgados porque colocam tudo nos mesmos.
Depois existe o lado do ódio. Talvez ódio seja uma palavra forte mas são aquelas pessoas para quem os bolsos devem permanecer quase sempre (ou mesmo sempre) invioláveis. São aquelas pessoas para quem os bolsos servem, quanto muito, para guardar um lenço de papel ou um cartão de crédito. Mais do que isso e durante mais de meia dúzia de segundos é um inferno. É um aperto que não se aguenta. São bolsos a gritar "salvem-me" e pessoas que não suportam ter objectos nos bolsos. São aquelas pessoas que preferem andar com a carteira, o telemóvel e a chave do carro na mão do que ter tudo isto nos bolsos.
Faço parte do segundo grupo. Nunca gostei de andar com coisas nos bolsos. Um lenço, tudo bem. Um cartão multibanco também. Mais do que isso só em casos excepcionais. Sou incapaz de andar com o telemóvel num bolso, a chave do carro no outro e a carteira num terceiro. Para mim isto representa uma sensação estranha e acabo por carregar tudo nas mãos. E acredito que existem outros como eu e aqueles para quem cabe sempre algo mais nos bolsos. Certo?