28.6.22

prozisgate

Ao longo das últimas horas verificou-se um efeito bola de neve em torno daquilo a que chamo de Prozisgate. Primeiro, foi Miguel Milhão, fundador da marca a revelar-se a favor da proibição do aborto nos Estados Unidos da América. Depois, foram as críticas à opinião do rosto maior da Prozis. Enquanto isto, muitos questionavam se as influencers iriam continuar a trabalhar com a marca. Já outros apelam a um boicote aos produtos. Mais tarde, diversas mulheres vieram a público assumir o corte de relações com a Prozis. Já nas redes sociais discute-se a lógica de deixar de comprar produtos com base na opinião de uma pessoa.

Separar a empresa do fundador

Tudo isto dá para diversas discussões que podem estar relacionadas com diversos pontos de vista. E o primeiro é que não podemos separar os ideais de um fundador daqueles que regem a sua empresa. E dou um exemplo muito simples. Vamos imaginar que Miguel Milhão decide encarregar-se do processo de recrutamento de um funcionário. Existem diversas fases de selecção até que ficam apenas dois candidatos. Que teoricamente são iguais nas suas qualidades. Nessa altura, poderá ser uma conversa pessoal a decidir a escolha. E neste momento será escolhido aquele que tiver ideais mais próximos daqueles que o patrão defende.

Consumidor vs embaixador

Aqui reside uma das maiores confusões que as pessoas estão a fazer. Uma coisa é o consumidor comum. Que decidirá se continua ou não a comprar os produtos desta marca. Tal como decide se compra de marcas que recorrem a mão-de-obra barata e a trabalhadores menores. E por aí fora. Outra coisa completamente diferente é um embaixador. Que dá a cara pela marca. Que promove a mesma e tenta aumentar as vendas, ganhando comissão sobre as mesmas e tentando fazer com que a sua comunidade de seguidores acredite estar perante os melhores produtos.

Na minha opinião, e funciono desta forma, não faz sentido uma pessoa estar associada a uma marca que defende o oposto daquilo em que acredito. Ou seja, acho pouco coerente ver uma influencer criticar a lei do aborto norte-americana para depois promover a manteiga de amendoim de uma marca cujo fundador é a favor da lei do aborto. Só que a triste realidade é que muitas pessoas vendem os seus valores e a sua moral por um pacote de manteiga de amendoim. E isto fica evidente no silencio de muitas “influencers” que tentam passar pelos pingos da chuva para voltar a promover a marca.

Coitados dos trabalhadores

Outro detalhe que tem sido muito comentado é que deixar de comprar produtos da Prozis fará com que muitos trabalhadores percam os seus empregos. Este é um assunto que fica arrumado logo ao início. Porque numa das muitas discussões online é o próprio fundador da marca que refere que esta pode morrer.

Resumindo, perante situações destas será cada pessoa a decidir aquilo que é o melhor para si. Seja com a Prozis ou com outra marca qualquer. Aquilo que defendo é que existe uma grande diferença entre ser um consumidor comum e ser embaixador de uma marca que defende valores diferentes dos nossos. Mais uma vez, serão os valores de cada um a decidir o que fazer. É colocar tudo na balança e decidir se os valores são mais importantes do que os euros e as borlas.

Sem comentários:

Enviar um comentário