27.12.24

é a vida que segue e não espera pela gente

Existe uma música de Mariza de que gosto muito. Falo de Melhor de Mim. Sendo que estou a começar o texto a falar desta música porque quero pegar numa parte da letra que faz todo o sentido para aquilo de que quero falar. "É a vida que segue e não espera pela gente", canta Mariza com a sua voz característica. E por que pego nestas palavras? É que porque estou a viver uma fase da minha vida em que o tempo parece passar muito mais depressa. Parece que vai em excesso de velocidade na autoestrada. Ou, por outras palavras, parece que estou sentado à janela de um comboio que segue a uma velocidade tão rápida que aquilo que vislumbro do lado de fora são apenas manchas de cor.

Quando somos pequenos estamos sempre com vontade de crescer. É o desejo de ter os 18 anos. É o desejo de sair à noite. De ter carta e de ter condução. Depois, queremos algo mais à frente. Já pensamos em outras coisas. Até que damos por nós a perceber (é nisto que acredito) que tivemos vontade de viver demasiado depressa uma das fases mais bonitas das nossas vidas. Pare depois chegarmos ao momento em que só queremos que o tempo passe mais devagar. Que circule na autoestrada dentro do limite de velocidade. Ou que, se fosse um comboio, ande a uma velocidade que permita observar cada detalhe da paisagem.

A minha filha tem apenas quatro anos, mas dou por mim cheio de saudades de pequenos detalhes que vivemos. De coisas que ela gostava de fazer e que agora já não faz. E isto aplica-se a quase tudo o que é bom na vida. Existe uma publicação viral nas redes sociais que mostra um grupo de amigos a jogar futebol. Depois, diz algo como isto. "Um dia saímos de casa para ir jogar futebol com os amigos sem saber que era a última vez que o faríamos". E é muito isto. E quem ler isto certamente que irá associar este cenário do futebol a muitas outras coisas da vida.

E como a vida segue e não espera pela gente, cada vez mais evito o que é tóxico. Afasto-me de pessoas que não me acrescentam nada. Agarro-me às pessoas que fazem o meu coração bater mais depressa. E tento viver os momentos com intensidade por talvez ser a última vez que acontece algo específico de que gosto. Não sei se esta será a melhor estratégia de todas. Mas de uma coisa estou certo: Dá-me paz de espírito. E isto vale ouro.

24.12.24

o natal cabe todo aqui

Gosto do Natal. Sempre gostei. Sendo a magia da época algo que se vai transformando ao longo dos anos. Recordo-me de ser pequenino e de querer ir para a cama cedo, para me deixar dormir depressa. Pois sabia que quando acordasse o Pai Natal já teria passado pela minha casa para me deixar os presentes. Lembro-me também de escrever a carta na qual constavam os meus pedidos. Na memória tenho ainda o momento em que recebi uma aparelhagem e o meu primeiro CD: Stars, dos Simply Red (que ainda hoje adoro).

Com o passar dos anos, esta magia evolui para outra, um pouco mais adulta, centrada na família. A alegria dos presentes, em criança, cede espaço para o bom que é ver toda a gente à mesa. Passar largas horas a conviver como se não existisse mais nada no mundo. Os problemas são esquecidos, aquilo que nos apoquenta tiram umas horas de descanso e tudo está bem entre garfadas de bacalhau e um pouco de uma garrafa de vinho tinto aberta a pensar no jantar. Depois, há ainda uma outra fase. Que é quando começamos a ter de nos dividir por duas famílias, passando o jantar com uma e o almoço com outra. Algo que é igualmente mágico.

Daqui salto para um momento que é provavelmente o mais especial dos que já vivi. Que é passar a viver o Natal na pele de pai (e filho). Desde que a Matilde nasceu que tudo ganhou um brilho que não consigo colocar em palavras. Dou por mim a decorar a casa mais cedo. Inventam-se mil e uma ideias para a Elfo que tem estado cá por casa. Fala-se do Pai Natal e alimenta-se o lado encantado desta quadra. E tudo isto é algo que aprecio bastante. Especialmente pelos sentimentos que acabam por estar em maior destaque.

Agora, há uma coisa que não muda em nenhuma das diferentes fases que descrevi do Natal. Falo da música Driving Home For Christmas, de Chris Rea. Existem muitas (e boas) músicas de Natal. Mas esta será sempre a minha preferida. O Natal cabe todo aqui. E que bem que sabe ouvir esta música, que estive a ouvir em repeat enquanto escrevia estas linhas.

Que este seja um Santo e Feliz Natal para todos. Acima de tudo, que não fique nenhum lugar por preencher à mesa.

22.12.24

netflix: este é o filme de natal que tens mesmo de ver

Se fizerem um inquérito sobre qual o melhor filme de Natal, muitas pessoas vão responder: Die Hard - Assalto ao Arranha-Céus e Die Hard 2 - Assalto ao Aeroporto. Longe de mim querer entrar na discussão sobre se os filmes protagonizados por Bruce Willis contam como produções natalícias. E quanto a isto, a minha resposta é sim. Podem ser vistos como longas-metragens da quadra festiva que tantos apreciam.

E o que é que escrevi até agora tem a ver com Netflix? É que um dos filmes do momento do serviço de streaming está a ser comparado a Die Hard 2 - Assalto ao Aeroporto. Falo de Bagagem de Mão, protagonizado por Taron Egerton e Jason Bateman. Agora, faço-te um aviso. Podes continuar a ler o texto pois não existem spoilers no que irei escrever.

Bagagem de Mão está no mesmo patamar de Die Hard 2 - Assalto ao Aeroporto. Isto porque mete ação e passa-se num aeroporto na altura do Natal. O filme está muito bem conseguido e já se especula sobre a sequela. Sendo que, tal como os filmes Die Hard, muito se discute se pode ser, ou não, considerado um filme de Natal. Por isso, se procuras algo para ver nesta altura do ano (e se gostas da saga Die Hard) tens em Bagagem de Mão um filme que não desilude. 

20.12.24

ainda alguém lê blogues?

Hoje passei por aqui. Voltei ao blogue de que tanto gosto e percebi que o último texto que escrevi foi no início de 2024. E dou por mim a pensar: Alguém ainda lê blogues? Gostava muito de acreditar que sim. Mas tenho de ser o mais realista possível. Como isto quero dizer que quase de certeza que já ninguém ocupa o seu tempo a ler blogues. Mais, a "febre" da blogosfera há muito tempo que parece ter, infelizmente, morrido.

Recordo-me dos tempos de loucura dos blogues. Lembro-me de ter muitas vezes acima de 10.000 visita diárias ao blogue. Depois, começou uma espécie de migração para outras redes sociais. Numa fase inicial, apostou-se no Instagram. E muito ainda o fazem. Depois, foi (e é) o Tik Tok. Agora, existem podcasts sobre tudo e mais alguma coisas. Aliás, quase que me sinto marginalizado por não ter um podcast.

Mas a verdade é que a minha paixão está (e sempre esteve) na escrita. Aquilo de que gosto mesmo é de dar vida a palavras. Passar pensamentos, por mais banais que sejam, para um pequeno texto. Ignorando por completo os avisos de que com uma fotografia é que as pessoas vão gostar mais. Tenho saudades deste meu canto. Tenho saudades de estar aqui diariamente a escrever. E sou o mais sicero que posso ser: Nunca escrevi a pensar nos números. Porque quando comecei tinha ainda menos pessoas a visitar o blogue do que tenho agora. E o encanto pela escrita era o mesmo. E isto numa era em que a blogosfera tanto alimentava paixões como ódios que nunca compreendi. 

Venho aqui na tentativa de perceber se alguém ainda perde (ou ganha, dependendo da perspectiva) tempo em espaços como este. Volto aqui a pensar que vou estar por aqui frequentemente a escrever algo. Gostava, mas não sei. Veremos o que aí vem. Até lá, vou pensando se alguém ainda lê blogues.