Caso Figo é o mais recente documentário que vi na Netflix. O formato – que recomendo – aborda, pela voz do próprio e de outros protagonistas – a polémica transferência do antigo internacional português do Barcelona para o Real Madrid. Algo que aconteceu no verão quente de 2000 e que fez do ex-jogador o mais caro do mundo.
Como disse, recomendo o formato, mas não sou da opinião de que seja a transferência que mudou o futebol. Aliás, mesmo sendo entre clubes rivais, tinha tudo para ser apenas mais uma transferência mais cara do mundo. Igual a tantas outras de que as pessoas se vão esquecendo com o passar dos anos. Quanto muito, marca uma era no Real Madrid. Pois Figo é o primeiro Galáctico contratado por Florentino Pérez. De resto, não mudou o futebol porque não resultou nenhuma lei desta mudança.
Assumo também que não sou o maior fã de Luís Figo (pessoa que não conheço), pelo menos do que fez fora dos relvados, pois com a bola nos pés era fenomenal, dos melhores de sempre. E digo isto com base em diversos episódios. Figo troca o Sporting pelo Barcelona porque está impedido legalmente de se mudar para Itália. Algo que acontece porque assina dois pré-contratos com Juventus e Parma. E esta é a primeira polémica relacionada com transferências.
De resto, o documentário mostra que todos erraram. Do jogador ao empresário (José Veiga) aos dirigentes de ambos os clubes. Figo não erra por querer algo melhor para si. Não erra por querer um clube que o deseje e acarinhe. Erra porque horas antes da mudança é primeira página de jornal, numa entrevista pedida por si, com a camisola do Barcelona. A garantir que irá permanecer na Catalunha. O então presidente do Barcelona erra ao não acreditar que Figo poderia sair do clube. O aspirante a presidente do Real Madrid erra na forma como negoceia com José Veiga. O empresário erra quando decide fazer um contrato estranho a garantir que Figo seria jogador do Real Madrid se Pérez vencesse as eleições. Por fim, os adeptos do Barcelona erram ao atacar a família de Figo. Uma coisa é o ódio a um jogador que consideram um pesetero, um traidor. Outra, é atacar uma mulher e uma criança.
De resto, o documentário deixar muitas coisas sem resposta. José Veiga garante que Figo estava a par do polémico contrato e que deu ordem para que fosse assinado. O jogador diz que nunca o viu e que o desconhecia. O presidente do Barcelona diz que Figo fez chantagem e pediu uma garantia bancária para ficar e o ex-jogador desmente. Há ainda o alegado episódio de que o presidente dos catalães disse que levava Figo ao destino se alguém pagasse os 60 milhões de euros da cláusula, algo que o Real Madrid fez.
Em jeito de conclusão, fico com a ideia de que Figo nunca quis trocar o Barcelona (onde era capitão e estava enquadrado com a filosofia do clube e com a cidade) pelo Real Madrid. É certo que foi ganhar quatro vezes mais, mas acredito que acabaria por ter o ordenado revisto no Barcelona. Volto a dizer, ninguém pode apontar o dedo ao ex-jogador mesmo que a motivação para a mudança fosse apenas monetária. Mas fica mal na foto na forma como gere a saída. Principalmente quando pede uma entrevista para dizer aos adeptos que fica no Barcelona.
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