Quando era miúdo e jogava futebol, tinha os meus colegas preferidos no que ao talento diz respeito. Aqueles para quem olhava e via um futuro jogador profissional. Muitos outros, com fama de estrela, rapidamente desapareceram. E o futebol continuará a ser feito de momentos destes. Isto porque o talento nunca será suficiente para ser bem sucedido. Tal como uma qualidade ligeiramente inferior não é impedimento para construir uma carreira. E a história que se segue prova um pouco isto.
Existe uma boa probabilidade de nunca teres ouvido falar de Ravel Morrison. Até porque o jogador inglês, de origem jamaicana, tem tido uma carreira bastante discreta. Mas tudo poderia ter sido diferente. Pelo menos na opinião de Wayne Rooney, que não tem dúvidas de que estamos a falar daquele que foi a maior promessa do Manchester United. Wayne Rooney é, aos 34 anos, uma das estrelas do Derby County. Aquele que foi um dos grandes jogadores do passado recente do Manchester United tem uma crónica no Sunday Times. E foi neste espaço que falou de Ravel Morrison, que aos 27 anos joga no Middlesbrough, por empréstimo do Sheffield United. Wayne Rooney não tem dúvidas de que o médio ofensivo era o jogador mais talentoso, e com maior potencial, da sua geração.
"Num treino fez três túneis ao Vidic em menos de um minuto"
"O Ravel Morrison era melhor do que o Pogba, que o Jesse Lingard e que todos os miúdos da sua geração. Muito melhor", começa por escrever. "Recordo-me de o ver e pensar que tinha tudo o que precisava para jogar na sua posição", prossegue. "Era brilhante, tinha confiança. Num treino fez três túneis ao Vidic em menos de um minuto", acrescenta. "Infelizmente, teve muitos problemas pelo seu estilo de vida e por causa de quem estava à sua volta", lamenta Wayne Rooney.
A opinião de Wayne Rooney ganha maior expressão quando analiso o percurso de Ravel Morrison, que ficou no Manchester United até ao final de 2011. Desde esse ano, e até 2015, passou por Birmingham, West Ham, QPR e Cardiff, todos clubes britânicos. Ficou sem clube e, em 2015 assina pelos italianos da Lazio, clube no qual ganha uma Supertaça de Itália. Sem sucesso em Itália, seguiram-se dois empréstimos, ao QPR e Atlas (México). No início de 2019 assina pelos suecos do Östersund. No mesmo ano regressa a Inglaterra, para assinar pelo Sheffield United, que no início de 2020 o emprestou ao Middlesbrough, da segunda divisão do futebol inglês.
Olhando para os números de Ravel Morrison, vejo que o máximo de jogos que fez por um clube foram 30 (Birmingham). Seguem-se 25 pelos mexicanos do Atlas. Foi no QPR que marcou mais golos (6), tendo o máximo de assistências (3) acontecido com a camisola do Birmingham. Ao todo, são 147 jogos, 24 golos, 9 assistência e 9085 minutos de utilização. Muito pouco para um jogador que prometia tanto.
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