Já teve início o Mundial do Qatar, prova que, na minha humilde opinião, não deveria ter acontecido. Pelos moldes em que é e pelo que envolve. Aliás, tem a sua piada que aqueles que quiseram que este fosse o destino escolhido, são os mesmos que dias antes da prova vieram dizer que era um erro a maior prova mundial de futebol acontecer num país como o Qatar.
Desde então, muito se tem falado sobre boicotar esta prova. Acredito que qualquer grupo de amigos já tenha abordado este tema. Só que a verdade é que acabamos por não fazer nada. Vemos os jogos de futebol, mesmo à distância. Continuamos amigos das marcas que patrocinam aquilo que criticamos. Fechamos os olhos a muitas coisas, afinal é Portugal que vai jogar. E podia passar o dia inteiro nisto.
Tudo isto dá origem a muitas questões. É possível ser contra aquilo que acontece no Qatar, mas ao mesmo tempo apoiar Portugal que está a disputar jogos no Qatar? Fecharmos os olhos aquilo que acontece no país durante os 90 minutos dos jogos de Portugal faz de nós piores pessoas? Passarmos o dia a contribuir para a audiência do evento significa que somos maus? Somos melhores pessoas se não virmos nenhum jogo?
As respostas a isto são certamente as mais diversificadas. Ainda num destes dias dizia a um amigo, que criticava a forma como as mulheres são tratadas no Qatar: “o que nós estamos a fazer para mudar isso?”. Por outro lado, há muito que me habituei à ideia de que os valores que defendemos podem sempre ser comprados. Por isso, não me espanta que venha a ver “figuras públicas” a vibrar nos estádios do Qatar durante os jogos de Portugal. Para cinco minutos depois estarem a criticar aquilo a que fecharam os olhos a troco de uma viagem.
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