Por mais que tente, não irei perceber como é que o uso de uma máscara ao ar livre (em casos específicos) pode gerar tanta indignação. Como é que isto pode indignar ao ponto de haver quem grite que estão a dar cabo dos nossos direitos. Percebia isto caso fosse uma obrigação numa altura em que Portugal não lidasse com nenhuma pandemia.
Posto isto, ontem fui dar uma corrida pela minha zona. A primeira desde que o uso de máscara ao ar livre (quando em situações em que não é possível manter a distância social) passou a ser obrigatória. E devo dizer que acabei a corrida feliz. Foi o dia em que vi mais pessoas a usar máscara. Foi o dia em que vi pessoas com maiores cuidados. A desviarem-se de outras para uma distância de segurança. E fiquei satisfeito pois acho que isto é bom para todos.
Até que hoje me deparo com as imagens da multidão que decidiu ir ver as ondas gigantes da Nazaré. Um espéctaculo de grande beleza que já tive oportunidade de ver a nível pessoal e também profissional. Nada tenho contra quem lá quer ir. Acho que fazem muito bem. Mas creio que não custa nada terem o máximo de precaução. Vi imagens de pessoas a monte, sem máscara.
São comportamentos destes que nos colocam em risco. São comportamentos destes que nos levam a bater recordes no número de casos diários. São comportamentos destes que levam a que seja impossível circular entre concelhos durante alguns dias. São comportamentos destes que podem vir a fazer com que muitos passem o Natal sozinhos. E também com que fiquemos (novamente) fechados em casa, sem rendimentos com ou rendimentos reduzidos. E obrigados a fechar negócios que eram o sonho de uma vida.
Não sou apologista do medo. Aliás, acho que devemos fazer o possível para manter uma vida normal, não descurando coisas básicas que nos protegem. Não gosto de olhar para um caso errado (por exemplo, a multidão da Nazaré) e justificá-lo com outro erro (por exemplo, o comportamento das pessoas no Grande Prémio de Fórmula 1). Mas acho que todos ficamos mais descansados com um gesto simples: uso de máscara. E quem passa por situações de risco, daquelas em que fica com o coração nas mãos, agradece o facto de usar máscara e ter testes negativos.