30.6.17

simples para outros, motivo de orgulho para mim

Num passado cada vez mais distante (mas sempre presente na minha memória) o meu pai apanhou um susto de saúde. Relacionado com o coração. Desde então, e mesmo antes dessa altura, que insisto com ele para fazer desporto. Nada de muito puxado. Umas caminhadas à beira-rio. Porque sei que é algo que lhe faz bem.

Volta e meio insisto no assunto. E o meu pai tem sempre uma desculpa como resposta. E lá vou insistindo. Sempre na esperança de que me responda “sim, tenho ido andar”. Num destes dias estava a falar com a minha mãe, que me contou que têm ido andar diariamente. “Ainda não falhámos um dia esta semana”, disse-me.

Aquilo foi música para os meus ouvidos. É como se tivesse recebido um prémio. É uma das melhores sensações que poderia ter. Uma das melhores coisas que poderia ouvir. Agora é esperar que o exercício tenha continuidade. E é também altura de centrar a minha atenção em alguém que também precisa de um pequeno empurrão. Sim, tu mesmo que está a ler este texto.

29.6.17

o peido do salvador

O concerto solidário que tinha por objectivo angariar dinheiro para as vítimas da tragédia de Pedrógão ficou marcado por um episódio protagonizado por Salvador Sobral. Que disse que até podia dar um peido que o público o iria aplaudir. Isto dividiu as pessoas. De um lado as que aplaudem mais um momento caricato do jovem artista. Do outro os que condenam. Não escondo que faço parte do segundo grupo.

Não me choca que Salvador Sobral revele tiques de artista. Não me incomoda que diga peido. Nem que faça do público uma espécie de grupo de escravos que estão ali para o venerar. Faz parte. Quem gosta, gosta. Aquilo que condeno é o momento em que foi feito. Não se trata de um concerto de Salvador Sobral. É um concerto solidário. Relacionado com uma devastadora tragédia. E isto não casa bem com um um momento de humor daqueles.

E não concordo com o ponto de vista de "ele pode" apenas porque é o cantor do momento em Portugal. Condeno que se aceite isto em relação a Salvador Sobral, mas que se critique em relação a outros que façam o mesmo. Tal como achar que Judite Sousa ao lado de um cadáver é jornalismo de excelência e que os trabalhos da CMTV são jornalismo sensacionalista. As comparações estão no mesmo patamar.

Não defino os comportamentos com base na popularidade dos protagonistas. O grau de popularidade não significa uma bagagem maior no que diz respeito aos comportamentos. Seja o Salvador Sobral ou seja outra pessoa qualquer. Podem achar que tenho uma mentalidade mais fechada mas brincar com peidos num concerto daqueles é apenas uma piada de mau gosto.

acho mal que ronaldo seja dispensado da selecção para ir ver os filhos

Existem pessoas que olham para o desporto como uma das coisas mais importantes da vida. Por isso existem pessoas que são contra a dispensa de atletas em momentos importantes. Portugal perdeu com o Chile e não irá disputar a final da Taça das Confederações. Mas irá disputar o jogo do terceiro e quarto lugar. Jogo em que Cristiano Ronaldo não estará presente. O jogador foi dispensado para ir conhecer os filhos que nasceram ainda antes da competição. Há quem não goste disso. Para essas pessoas, deixo este vídeo que diz respeito a uma situação semelhante.

não pode! a sério?!?

Gosto de uma boa teoria. E acabo de descobrir uma relacionada com o logo do McDonald's. E que diz respeito ao significado do logo quando invertido. Aceitam-se palpites para o significado do logo.

28.6.17

violência doméstica. é por isto que os homens não sei queixam

A violência doméstica ainda hoje é muito associada às mulheres. Isto enquanto vítimas. Quando se fala de violência doméstica facilmente se imagina uma mulher que é vítima de violência física e psicológica por parte do marido ou do namorado. Mas a verdade é que existem muitos homens que também são vítimas das companheiras. E se muitas das mulheres não apresentam queixa por medo ou na esperança de que eles mudem, já os homens não apresentam queixa por outro motivo.

Um homem que leva porrada da mulher é um fraco. É assim que todo o mundo olha para um homem que se queixa da mulher. E foi isto que aconteceu na Argentina. Um homem foi à esquadra de Polícia queixar-se da mulher. E no momento de apresentar queixa foi-lhe dito que era "um maricas". Por vergonha, o homem passou a ocultar aquilo que se passava. Resultado: foi apunhalado pela mulher no coração e morreu.

Este exemplo que chega da Argentina é o reflexo daquilo que se passa. Porque existe a ideia de que um homem bater numa mulher é "normal". Todos condenam - assim o espero - mas olham para esta situação como a esperada num cenário de violência doméstica. Quando os papéis se invertem, o homem é um cobarde. Por isto é que os números relativos aos homens são mais baixos do que aquilo que acontece na realidade. Porque eles ainda têm vergonha de apresentar queixa. E quando apresentam, arrependem-se logo.

oito tipos de ex-namoradas que... é melhor ver

é por isto que gosto de lá ir

Este ano tive a honra e o orgulho de ser convidado para ser um dos embaixadores do Grant's Stand Together. Um extraordinário evento de storytelling. E digo isto porque já era fã antes de ser embaixador. Algo que está relacionado com o formato do evento. Que tem um anfitrião - Joaquim de Almeida - que recebe convidados conhecidos que contam histórias que as pessoas desconhecem. E que não costumam ser contadas noutros sítios.

Este ano voltei a ver Joaquim de Almeida emocionado. Fiquei fascinado com a forma como Samuel Úria contou a sua história. Ouvi algo impensável, Júlio Isidro a dizer palavrões. Ri-me (tal como todas as pessoas) de uma história bastante peculiar de Diogo Beja. E adorei cada momento da história contada por Ivo Canelas. Actor que admiro e que contou uma história fantástica que irei reproduzir aqui, de forma abreviada. E sem o brilhantismo da presença de Ivo Canelas em palco.

Numa determinada altura o ator estava no Algarve. E no final de mais um dia de trabalho decidiu ir correr. Algo de que gosta bastante. Até ao momento em que três ciclistas passam por si. Sendo que o último deu-lhe um apalpão. Daqueles à retroescavadora, como explicou. Referindo que é um apalpão traidor. Ivo Canelas chamou ao ciclista o senhor Salsicha Isidoro. Por considerar que os ciclistas têm todos roupa assim. Ou com publicidade ao atum.

Ivo "perseguiu" o ciclista. Que pedalava e se afastava do actor. Até que percebe que vai na direcção do hotel onde estava. Cortou caminho, chegou ao hotel, entrou no carro e foi atrás do ciclista. Que acabou por apanhar numa estrada nacional. E foi aí que se deu a vingança. Com o ator a devolver o apalpão. E não só. Antes que o ciclista conseguisse dizer uma asneira, Ivo Canelas beijo o ciclista na boca. "Apalpas-me a achas que não me beijas", disse (já não sei precisar se foi esta a frase correcta).

Agora é imaginar isto contado por um ator brilhante. Durante coisa de quinze minutos. Com todos os detalhes. Algo fantástico. E algo que não se vê noutro registo. Quem ainda não tem planos para o próximo fim-de-semana, irá realizar-se a edição do Porto. É por histórias como esta que o evento vale muito a pena. Fica a sugestão.

apenas nojento. nada mais do que isso

A tragédia de Pedrógão Grande é uma das maiores de que temos memória num passado recente. Muitas pessoas perderam a vida. Outros sobreviveram, mas ficaram sem nada. Inventaram-se teorias. Trocaram-se acusações. Algo que considero errado. Apesar de entender que existem momentos para discutir tudo aquilo que está errado e que pode ajudar a reduzir um impacto de um incêndio como aquele.

E se considero errado que se atirem acusações para o ar, fico revoltado com o aproveitamento da dor das pessoas que vivem uma tragédia que irá marcar as suas vidas para sempre. E considero nojento o aproveitamento político que se tenta obter de uma tragédia desta dimensão. Ao estilo de "com o meu partido nada disto acontecia". Isto é do pior que pode ser feito. Independentemente da cor política que siga este rumo.

27.6.17

bom para esta hora. e para outra qualquer

Parece que existem listas de músicas que são as mais indicadas para criar ambiente para uma noite especial. São chamadas as músicas ideias para compor uma boa banda sonora de sexo. Até aqui nada me surpreende. A novidade é que músicas, que são consideradas clássicos neste tema, não têm direito a participar nestas listas. Quem o defende são os especialistas da área. Aqui fica uma de boas músicas para uma boa noite.

esta é simples, mas poucos acertam no resultado

26.6.17

quem se recorda do pé de gesso?

Entre muitas outras coisas, faço parte da geração do pé de gesso. E agora que penso nisso, recordo-me imediatamente daqueles fatos de treino com forro. E da trabalheira que dava vestir aquelas calças. Mas voltando ao pé de gesso. Sou de uma geração que só aceitava meias brancas quando usadas pelo Michael Jackson. Ele tinha estilo. Ele podia. Os outros não. E tendo em conta que não sou o Michael Jackson, faço parte daqueles que não as podiam usar.

Não podiam usar. Mas isso não impedia que tivesse muitas meias brancas. Daquelas com uma risca vermelha e outra azul. E daquelas com duas raquetas. Eram as famosas meias da raqueta. "Olha aquele com pé de gesso", dizia-se sempre que alguém usava umas. "Coitado, partiu os pés", brincava-se. Basicamente, todos aqueles que as usassem eram péssimos em moda. E ainda não havia nada dos fashion police e fashion advisers que hoje sabem como todos se devem vestir. Naquela altura, na minha adolescência, as meias brancas eram feias. Não se usavam. Todas as pessoas sabiam disso. Ponto final.

Num passado mais ou menos distante tive a ideia de dançar com a minha sobrinha nas festas populares. Fiz uma entorse e acabei com o pé ligado durante alguns dias. Altura em que recriei a meia da raqueta. Que curiosamente fez algum sucesso. Com pessoas a rir e comentar quando olhavam para a minha meia. Sem saber, parecia que já estava a adivinhar o que aí vinha.


Como a moda é de ciclos, parece que as meias brancas estão novamente na moda. Especialmente com calções. Há até quem pague 80 euros por umas meias brancas. Que agora já não dão direito a rótulo de pé de gesso, mas a de homem com estilo.

o romantismo hoje é estúpido e maricas

Longe vão os tempos em que o romantismo era uma característica fundamental num homem. As mulheres sonhavam com um homem assim. Imaginavam cenários. Algo que o tal homem romântico iria fazer. E os homens, pelo menos parte deles, também gostavam de ter esta vertente romântica. Que não escondiam de ninguém. Não sendo necessário fazer do romantismo uma bandeira eleitoral, era algo que se assumia sem problemas.

Agora não. Agora um homem romântico é um "maricas de merda". Um homem assumir-se como romântico é quase tão grave e feio como dizer que vende droga. Quer dizer, traficar droga é de homem. É coisa de bad boy. Ser romântico é coisa de maricas. E a ideia que tenho é que o romantismo está pelas ruas da amargura. E as pessoas na casa dos vinte e poucos nem sabem o que isto é. Creio também que as mulheres já nem sonham com o tal romantismo que muitas outras procuravam num homem.

É certo que o romantismo também pode ser ajustado à realidade de cada um. Mas creio que para a geração mais nova passa por uma ida à discoteca da moda. Passa por um jantar no restaurante da moda. E pouco mais do que isto. O romantismo cabe entre estas duas coisas. Mais do que isto é entrar no domínio da homossexualidade. Esses é que são românticos. Homem que é homem bebe uma cerveja e arrota ao lado da mulher. E se o arroto fizer esvoaçar os cabelos da mulher é porque o romantismo está no limite desejado.

Creio que as mulheres mais novas não sabem o que é ser convidadas para jantar na casa de um homem. Que além de preparar o jantar, tem uma garrafa de vinho aberta quando chegam. E que tem músicas como Sweet Love, de Anita Baker, Turn Off The Lights, de Teddy Pendergrass, Don't Turn The Light On, de Mayer Hawtorne ou Get Here, de Oleta Adams a tocar.

Isto perdeu-se. Lá está, isto hoje é de homem estúpido. É de maricas. Homem que é homem oferece uma bifana à mulher e antes que acabe de a comer já está a tentar comê-la. à mulher, não à bifana. Isto é a prática comum dos dias que correm. Tal como se acredita que o homem romântico é um "coninhas" que vive na época dos filmes românticos. Não se aceita que o homem romântico também tenha o tal lado mais "carnal". Quando é muito mais fácil que um homem romântico tenha este lado do que aqueles que só têm este, consigam ter o tal lado romântico. De que, assim espero, as mulheres ainda gostam.

a história de amor mais emocionante que vais conhecer hoje


E a prova de que o futebol - e qualquer desporto - vai muito além do que se passa no relvado.

23.6.17

com este calor nem dá vontade de comer

Nos últimos dias tem estado muito calor. São temperaturas daquelas que fazem com que desapareça a vontade de fazer o que quer que seja. Na hora das refeições parece que nem há vontade de comer. Principalmente se forem refeições muito quentes. Dou por mim a refugiar-me em refeições frescas. Em todas as refeições do dia.

Como sou daquelas pessoas que leva comida para o trabalho, isto exige alguma ginástica criativa. De modo a que não esteja a comer sempre as mesmas coisas. Nesse sentido, e a pensar em pessoas como eu, a Origem - Cozinha Saudável partilhou comigo três sugestões de pratos. Que são óptimos para dias mais quentes. E que permitem variar nas refeições.

Salada de quinoa e feilão preto (1 pessoa)
Ingredientes:
1/2 caneca de quinoa
1 caneca de feijão preto
1/2 abacate grande ou 1 pequeno
1/2 caneca de tomates cherry
1/2 iogurte grego
1/2 punhado de coentros frescos
Sal
Pimenta preta

Ingredientes para o molho:
2 colheres de sopa de tahine
1 dente de alho
2 colheres de sopa de molho de soja
1 colher de sopa óleo de sésamo
4 colheres de sopa de água
Sumo de 1/2 limão

Confecção:
1. Lavar a quinoa e cozê-la com o dobro da água (uma caneca), 1/2 colher de chá de pasta de sésamo tahine, sal e sumo de 1/3 lima.
2. Cozer o feijão preto por 30/40 minutos, demolhado previamente por 24 horas, ou utilizar feijão de frasco de vidro bem escorrido e passado por água corrente;
3. Monte o prato com a quinoa, o feijão, o abacate e os tomates cortados e 1/2 colher de iogurte grego temperado com sal e pimenta preta moída na hora;
4. Faça o molho com os ingredientes descritos em cima e passe com a varinha mágica;
5. Verta o molho sobre a salada e polvilhe no final com coentros picados.


Salada de bulgur e hummus (1 pessoa)
Ingredientes:
1/2 caneca de bulgur
1 ovo
1 caneca de rúcula
Açafrão
Sal

Ingredientes para húmus:
1 canecas de grão pré-cozido
1/2 colher sopa de pasta de sésamo tahine
Sumo de 1/3 limão
1 dentes de alho
Sal
Cominhos q.b.

Ingredientes para o molho vinagrete:
Vinagre balsâmico
Mostarda
Azeite
Sal
Pimenta

Confecção:
1. Cozer o bulgur com o dobro da água, juntamente com o sal e o açafrão (poderá colocar mais ervas aromáticas se assim o desejar);
2. Cozer os ovos e enquanto eles cozem, coloque num processador de alimentos os ingredientes para o húmus e deixe passar até ficar um creme homogéneo (ponha mais sal, caso esteja com falta);
3. Montar a salada num dos lados do prato com o bulgur, o ovo picadinho, a rúcula e o molho vinagrete. Do outro lado deverá colocar o húmus e não juntá-lo diretamente com o molho;
(Se desejar um húmus mais exótico, aos ingredientes do mesmo, poderá juntar 1/2 beterraba pequena previamente cozida ou 1/2 pimento encarnado previamente assado e misturar no preparado do húmus).


Salada de frango low calories (1 pessoa)
Ingredientes:
1 peito de frango
1/2 courgette grande ou 1 pequena
Sumo de 1/3 limão
Sumo de 1/3 laranja
Sal
Pimenta q.b

Ingredientes para o pesto:
1 punhado de manjericão
1/3 caneca de pinhões tostados numa frigideira (não necessitam de gordura)
1/3 caneca de queijo parmesão
1/3 caneca de azeite
Sal q.b.

Confecção:
1. Temperar os lombos de frango com sal, pimenta preta moída na hora, sumo de limão e laranja e grelhá-los. Depois de grelhados, cortá-los verticalmente em fatias;
2. Espiralizar a courgette e temperá-la com um fio de azeite, sumo de limão e uma pitada de sal;
3. Colocar os ingredientes do molho pesto num processador de alimentos e deixar passar até ficar um molho cremoso;
4. Montar a salada com o "esparguete de courgette", colocar o frango por cima e verter o molho pesto.
(para um empratamento mais bonito, reserve algum miolo de pinhão tostado do pesto, e coloque-o como topping e mais umas folhas de manjericão frescas).

quem quer ir ao Grant's Stand Together? (vencedores)

O festival Grant's Stand Together começa hoje. E como tinha dito, tenho três convites duplos para oferecer. Em relação ao que tinha dito, existe uma pequena alteração. Os convites só estão disponíveis para o dia 24, para a sessão das 21h30. Peço desculpa por esta alteração. Caso represente algum inconveniente para os vencedores, peço que me avisem de modo a sortear outras pessoas. Peço aos vencedores que me enviem um email [homemsemblogue@gmail.com] com o nome completo, de modo a passar os mesmos à organização. Obrigado e bom espectáculo. Obrigado também a todos os que participaram.

Pauloaeg

A Chata

Erika Krithinas

22.6.17

o melhor sono de todos

Existem estudos e mais estudos sobre o sono. Acabo de ler um que até me é favorável. Que refere que as pessoas que se deitam sempre à mesma hora são mais bem-sucedidas. Uma rotina de sono ajuda, dizem os especialistas. E isto é algo que faço. Costumo deitar-me sempre por volta da mesma hora. Se estiver em casa, deito-me sempre por volta da mesma hora. Isto de segunda a sexta. Faço questão de me deitar de modo a descansar o número de horas que considero essenciais.

Não sendo especialista, não considero que isto seja o mais importante para mim. Se dormir menos, acordo mais cansado. Mas mesmo que durma muito, se a cabeça não estiver bem, isso é que terá influência na forma como lido com o dia. E na forma como vou ser sucedido. O pior é que existe a tendência para empurrar os problemas de um lado para o outro. E na hora de ir dormir, andam de um lado para o outro da cabeça. Influenciando o sono.

E influência também o dia. Com pouca ou nenhuma paciência. Com falta de humor. Com dias cinzentos. E isto acaba por ser muito pior. Os problemas que não se resolvem têm influência no sono. E no dia. Por isso, e reforçando que não sou especialista na matéria, aconselho que as pessoas resolvam os problemas. Isso tem influência no sono. Na relação profissional. Com os amigos. E até nas relações amorosas. Que é o mesmo que dizer que tem influência na forma como cada pessoa é bem sucedida em diversas áreas.

uma espécie de guilty pleasure

Nesta altura do ano adoro ver os programas de futebol. E não me refiro aqueles onde todos gritam e ninguém diz nada de jeito. Para esses não tenho paciência. Gosto é daqueles programas em que se fala de jogadores. Dos que vão ser comprados. Dos que vão ser vendidos. E de todos os outros. Acompanho estes programas quase como um reality show. Só ainda não será este ano que aponto todos os negócios avançados, de modo a perceber os que realmente aconteceram.

aquilo que realmente importa sobre pedrógão grande

Até ao momento morreram 64 pessoas. O número de feridos ultrapassou os 200. Este é o último balanço do incêndio de Pedrógão Grande. E neste momento só uma coisa importa sobre o incêndio. Aquilo que realmente importa é descobrir o desgraçado que deu início ao fogo. Mesmo que ele não existe. Temos de arranjar uma pessoa, mesmo sem nome ou rosto, que seja considerado o culpado do início do incêndio.

E como é que fazemos isto? Ao melhor estilo nacional... com suspeitas. E quem vier a seguir que feche a porta. Lança-se a suspeita. Diz-se que a Polícia Judiciária não percebe nada disto. Que não há cá trovoadas secas. E nunca na vida seria possível a natureza ser responsável por um incêndio desta dimensão. Isso é coisa que só acontece no estrangeiro. Naqueles países distantes que nada têm a ver connosco. Quanto a nós... só há uma solução: alguém ateou o fogo. E damos tempo de antena a todas as pessoas que têm algo a dizer sobre esta teoria. Mesmo que não digam nada.

Não sei se foi fogo posto ou não. Nem isso importa neste momento, no sentido que nada disso dará vida aos que morreram. Mas a verdade é que a Polícia Judiciária apresentou a sua teoria, referindo ter encontrado a árvore onde terá tido início o incêndio. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera também já apresentou um relatório. E até prova em contrário - e não me refiro a boatos - esta explicação é credível para mim. Que nestes casos não acho minimamente interessante perder tempo com teorias da conspiração que partem do vizinho que conhece alguém que viu alguém que tinha conhecido alguém que não ouviu nenhuma trovoada seca.

Considero muito mais interessante (e importante) dedicar os próximos tempos a tentar perceber o que funcionou mal. Aquilo que não impede um incêndio, mas que minimiza os danos. Falar do SIRESP. Funciona? Não funciona? Porque não funciona? Falar do incumprimento (apesar dos alertas frequentes) relativo à limpeza dos terrenos, na sua maioria particulares. Discutir a falta de condições da maioria dos bombeiros. Tal como as teorias de conspiração, nada disto dá vida aos que morreram. Mas existe uma grande diferença. É que falar disto, discutir isto, analisar e melhorar o que está mal permite que no futuro existam menos vítimas em incêndios.

20.6.17

quem quer ir ao Grant's Stand Together? (passatempo)

O festival Grant's Stand Together é o grande evento nacional de storytelling. Além de ter sido pioneiro no género, consegue surpreender a cada ano. Já estive presente em diversas ocasiões e sabe sempre a pouco. Recordo-me do anfitrião, Joaquim de Almeida, se emocionar no palco. Recordo-me da hilariante história de César Mourão e da forma peculiar de contar histórias de Valter Hugo Mãe.

Melhor do que falar deste evento é assistir ao Grant's Stand Together. Por isso tenho três convites duplos para oferecer. Para um dia à escolha dos vencedores. Para ganhar só é necessário ser seguidor da página de Facebook da Grant's Portugal, bem como do Instagram da Grant's Portugal. E deixar um comentário neste post com a seguinte frase: "Quero ir ao Grant's Stand Together". O vencedor será escolhido de forma aleatória com recurso ao random.org. O passatempo é válido até final do dia 22 e os vencedores só têm de levantar os bilhetes na bilheteira. Boa sorte!


quando o drama ganha uma dimensão próxima e real

Qualquer tragédia tem o poder de unir pessoas. Quanto maior a dor, maior a união. Está a ser assim com o incêndio dantesco de Pedrógão Grande. Foi assim com o incêndio que consumiu uma torre em Londres. Foi assim com os (cada vez mais frequentes) atentados. Tal como foi assim com o atentado de 11 de Setembro de 2001. Não sei explicar o fenómeno que faz com que algumas pessoas sejam bondosas apenas nestes momentos. Mas, como dizem muitas pessoas, mais vale uma vez do que nunca.

Nestes momentos as pessoas tendem a emocionar-se. E quanto maior for a proximidade, mesmo que ilusória, maior o impacto junto de cada um. Foi assim com o caso do menino sírio que foi fotografado morto numa praia e que se tornou no símbolo da luta de todos os migrantes. Aquele menino podia ser o filho, sobrinho ou neto de muitas pessoas. E essa ideia de proximidade causou um impacto maior.

Não escondo que me emociono com algumas histórias que vou conhecendo nas diferentes tragédias. Já para não falar da tragédia de um ponto de vista geral. Fiquei sem reacção quando ouvi o morador da Grenfell Tower, em Londres, relatar que viu um pai a atirar os filhos pela janela do prédio que era consumido pelas chamas. Ainda hoje fico sem reacção quando vejo o The Falling Man, fotografado em queda livre numa das Torres Gémeas, em 2001. Tal como fico sem saber o que dizer quando vou ouvindo histórias de Pedrógão Grande.

Mas tive uma reacção diferente quando me deparei com a história da família de Sacavém que estava desaparecida. Os familiares e amigos andavam à procura do casal e dos dois filhos que tinham ido de férias para Castanheira de Pêra. Acabei por ir parar à página de Facebook da mulher, na altura desaparecida e com as pessoas à espera de um milagre. Foi aí que vi a última publicação que fez nas redes sociais. Uma foto dos filhos numa piscina.

Quando vi aquela foto engoli em seco. Lembrei-me imediatamente que os meus pais e a minha sobrinha tinham estado naquela mesma piscina num passado recente. Esta associação levou-me imediatamente a pensar na sorte que tive. E a pensar na eventualidade de o incêndio ter acontecido naquela altura. Coisas em que não queremos pensar, mas em que acabamos a pensar. São momentos destes que fazem com que me sinta muito pequenino. Com receio. Com medo de coisas que não controlo. Que ninguém controla.

assim lembram-se deles?

Que esta imagem, partilhada nas redes sociais pelo bombeiro Pedro Brás, fique gravada na memória de todas as pessoas. E que isso faça com que as pessoas se recordem destes heróis durante todo o ano. E não apenas quando acontece uma tragédia. Obrigado por tudo!

ainda sobre os incêndios

Enquanto jornalista sempre me fez confusão a forma como as pessoas olham para as diferentes áreas do jornalismo. A começar pela forma como entendem que as regras são diferentes. Quando na verdade todos os jornalistas têm o mesmo código deontológico. Se o seguem ou não é um tema diferente. Mas todos os jornalistas, quer seja do jornalismo visto como mais sério até ao mais leve, devem seguir as mesmas regras.

Nunca percebi porque é que as pessoas olham, apenas para dar um exemplo, para o jornalismo social (visto como cor-de-rosa) como o elo mais fraco do jornalismo. Compreendo que algumas pessoas não gostem do que esta área trata. O que não invalida que não se consiga distinguir entre bom e mau jornalismo. E por mais que custe a acreditar, existe muito bom jornalismo nesta área. O que se passa é que tende a ser inconveniente para muitas pessoas. E isso faz com que seja visto como falso. Apesar de ser muito verdadeiro. E até ser simpático para muitas figuras públicas nacionais.

Pegando agora no exemplo do desporto. Nesta altura do ano existem largas dezenas de jogadores que são anunciados como reforços deste ou daquele clube. Muitas destas notícias são plantadas. Mas ninguém olha para as mesmas com desconfiança. Pelo contrário. As pessoas olham para as notícias e acreditam imediatamente. Ficam todas felizes porque o seu clube vai ter o reforço Y. Que nunca chega. Porque nunca esteve para chegar. Mas as pessoas nem se preocupam com isso. Foram iludidas e não se importam. Porque entretanto está para chegar outro. Que também não chega.

Daqui salto para os incêndios. Que consomem boa parte dos noticiários dos últimos dias. Com muita pena minha. A cobertura dos incêndios também tem jornalismo para todos os gostos. Coisas bem feitas. Coisas muito bem feitas. E coisas péssimas. Que curiosamente costumam ter mais audiência. Mas felizmente isto começa a mudar. As pessoas começam a distinguir as coisas. E a ser bastante críticas em relação aquilo a que assistem. E a cobertura do incêndio de Pedrógão Grande foi palco de um infeliz momento que está a ser partilhado nas redes sociais.

Estamos a falar de uma pessoa que viveu uma tragédia. E que nessa altura pediu aos "colegas jornalistas" que respeitassem a sua dor. Mas que faz uma reportagem (algo que demonstra planeamento) ao lado de um cadáver de uma mulher. Como se fosse esse detalhe que desse sentido à peça. E que leva as pessoas a colocarem a questão: "Está a respeitar a dor da família daquela mulher?". Episódios como este deram origem a um comunicado para relembrar a forma como os jornalistas devem cobrir uma tragédia destas.

Felizmente existem cada vez mais pessoas atentas a esta realidade. E que a criticam. Depois existem outras que acham a coisa mais normal do mundo. Que não tem mal nenhum. E aqueles que aceitam apenas para este ou aquele meio. Quando isto não deveria ser aceite por ninguém. Nem deveria ser feito por ninguém. E aconselho, a quem ainda não viu o vídeo, o momento em que uma jornalista está a entrevistar um morador da torre que ardeu em Londres. A sua reacção quando o homem conta aquilo a que assistiu. E teria sido tão mais simples explorar a dor daquele homem

19.6.17

o dia em que quase perdi o meu melhor amigo (por causa de uma mulher)

Gosto de acreditar que todas as pessoas tendem a olhar para si enquanto heróis dos melhores amigos. Gosto de acreditar que todas as pessoas já viveram um momento que terminou com um amigo a olhar para si enquanto herói. "És o meu herói", diz o amigo. Eu tenho uma história dessas. Pelo menos aos meus olhos. Mas a verdade é que essa história quase que me custou a amizade de um dos meus melhores amigos. A história que vou contar envolve esse meu amigo e uma mulher. Apesar de adorar esta história, nunca a contei aqui. Mas antes de falar do que aconteceu numa determinada noite, vou falar sobre este meu amigo de quem gosto muito.

A vida é feita de coincidências. E este amigo chegou à minha vida numa delas. Conheci o Cachucho através de um amigo com quem trabalhei. E foi chegar, ver e vencer. Desde esse dia que o Cachucho está na minha vida. Mais tarde chegou o seu irmão mais velho. Duas das pessoas de quem mais gosto. E que dão sentido à amizade, relação que anda pelas ruas da amargura. Tenho uma relação bastante peculiar com este meu amigo. Ligo-lhe perto de outras pessoas e solicito vaga para uma massagem erótica, antes de me despedir com beijos. O que faz com que as pessoas pensem que estou a falar com uma mulher e fiquem a olhar para mim com desconfiança.

Além disso gosto de lhe chamar nomes como p***. Algo que já originou um episódio que envolve redes sociais. Chamar p*** a um amigo não tem nada de mal. Mesmo quando o insulto (neste caso mimo) é feito através de whatsapp. O risco é quando tens, na lista de contactos um Cachucho e um Capucho. Que por acaso é uma antiga glória do Futebol Clube do Porto. O risco é ainda maior quando envias a mensagem à pressa, cheio de confiança. "Então minha p***, como é?", foi aquilo que escrevi. Os minutos foram passando e não tinha resposta. O que é estranho quando se trata deste amigo. Até que o telefone toca. Abro a mensagem e leio: "quem é?". Por breves instantes ainda pensei que fosse o meu amigo a gozar comigo. Na realidade era o Capucho a perguntar quem era a pessoa. Tudo ficou resolvido, sobretudo no que à vergonha diz respeito, com um "é engano". Agradecendo o facto de ter o número do Capucho e ele não ter o meu. Mas não é desta história que quero falar. É do que aí vem agora...

No blogue já dei conta da existência das festas da lua cheia. Que ocorrem no Verão, em noite de lua cheia, na praia do Xiringuito, em Albufeira, no Algarve. A única vez que estive numa destas festas (não sei se ainda existem) foi com o Cachucho. A caminho da festa um carro veio fora de mão na nossa direcção. O que por si só já valia uma história. Mas lá fomos nós. A chegada à praia é algo mágico. A praia só está iluminada por candeeiros de papel. Espalhados pelo pequeno areal e alguns na água. A festa, mesmo "secreta" e numa praia discreta, atrai muita gente. E naquela noite não foi excepção. Não me recordo da música que ouvi. Nem do que bebi. Lembro-me de que estava cheia de gente e do que se segue.

A caminho da manhã, quando muitas pessoas já beberam um pouco mais, estivemos à conversa com um senhor que tinha uma profissão interessante. Aquele homem realizada os sonhos das pessoas. Melhor, dava-lhes vida. Se alguém dizia que gostava de ir pescar amanhã num determinado destino, ele tratava de tudo. Apresentava o preço e lá ia o cliente feliz. Foi no final da conversa com este homem que quase perdi a amizade que me liga a um dos meus melhores amigos. E tudo por causa de uma mulher. A conversa com aquele homem decorreu perto das casas-de-banho. E por sua vez perto do bar. Pois quem já lá esteve (e isto passou-se há alguns anos) sabe que o espaço é pequeno.

Lá estávamos nós quando uma senhora se aproxima pelas minhas costas. A senhora queria saber onde era a casa-de-banho. Que era mesmo ao nosso lado. Mas o meu amigo fez questão de acompanhar a senhora à casa-de-banho. Um pouco de álcool a mais transforma qualquer pessoa numa pessoa simpática e prestável. Recordo-me que se gerou uma confusão com as casas-de-banho. Porque a mulher estava a andar para a errada. "Essa casa-de-banho é dos homens. A outra é que é a das senhoras", disse-lhe. E a mulher em questão diz: "mas a casa-de-banho pode ser multi sexo", puxando-o para que fosse para a casa-de-banho com ela.

Foi aí que surgiu o meu momento herói. Agarrei o meu amigo pelo braço, puxei-o e disse: "Não vais a lado nenhum". Ele ainda insistiu. Que queria ir e tal. Num misto de herói com pai, não o larguei até ter a certeza de que não ia para a casa-de-banho com aquela mulher. Com quem acabaria por ter uma relação sexual fugaz. Além de não o deixar ir, expliquei os motivos. Disse-lhe que a senhora estava muito bêbada. Que tinha idade para quase ser avó dele. E que deveria ter meia dúzia de dentes na boca. Tudo detalhes que não me escaparam. E que ele ignorou. Porque para ele era a Sharon Stone que o estava a desafiar para uma aventura na casa-de-banho.

Costuma dizer-se que todas as histórias têm três versões. Uma de cada pessoa e a verdade. A minha versão, aquela que faz de mim o herói do meu melhor amigo, é a que contei. A do meu amigo é que não o deixei ter um caso com a Sharon Stone. E existe a verdade. Que é a minha versão. Já perdi conta ao número de vezes que nos rimos com esta história. O número de vezes que foi partilhada com amigos nossos. Que acreditam mais em mim do que nele. O que dá mais força à minha versão. Apesar de continuar a dizer que não o deixei viver a aventura da sua vida. Isto de ser herói representa um risco. Mas hoje voltaria a fazer o mesmo. E tenho a certeza de que a única semelhança que aquela mulher poderá ter com a Sharon Stone será o nome. Nada mais do que isso.

Adoro esta história. Adoro a noite em que aconteceu e como aconteceu. Especialmente por ser com este amigo de quem gosto tanto. Apesar de gostar tanto desta aventura - em que continuo a acreditar ser o herói - nunca tinha falado dela aqui. Mas aceitei o desafio do Festival Grant's Stand Together e contei a minha história. Uma daquelas que irei recordar para sempre. Estas histórias desconhecidas são um dos motivos pelos quais gosto tanto deste festival. Que vai decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa, nos dias 23 e 24 de junho. E na Fundação de Serralves, no Porto, nos dias 1 e 2 de julho. E onde voltarei a ir.

o facebook enquanto medidor da vida

Já tinha percebido que as pessoas olham para as redes sociais de forma séria. Parecem esquecer, ou ignorar, o lado virtual das redes sociais. Encaram as mesmas como bastante reais. Chega ao ponto de muitas pessoas olharem para o Facebook, apenas para dar um exemplo, como o medidor da vida das pessoas.

Se acontece uma tragédia, a pessoa é obrigada a deixar um comentário nas redes sociais. Tem de publicar um post onde dá a sua opinião. Caso não o faço é um insensível. Como é possível que determinada pessoa não dedique um post a determinado acontecimento? Só pode ser insensível. Algo que acontece com frequência.

Se a pessoa é amiga de alguém e não faz likes nas publicações e fotos dessa mesma pessoa... é outra dor de cabeça. “Como é que te dizes meu amigo se não fazes gosto nas minhas coisas? Nunca comentas nada! E já reparei que comentas coisas de outras pessoas”, dizem. Como se o código de conduta da amizade tivesse uma adenda relativa ao comportamento nas redes sociais.

E estes são apenas dois exemplos da forma demasiado séria como se encara uma rede social. As redes sociais são boas. Úteis em muitos casos. Perigosas noutros. Mas são isso mesmo, uma rede social. Não são o medidor da vida das pessoas. Não é o que acontece ali que conta. Aquilo que verdadeiramente interessa é o que se passa longe dali.

18.6.17

pedrógão grande e portugal enquanto tribunal popular

Infelizmente Portugal acordou com a notícia de uma das maiores tragédias de sempre. No que a incêndios diz respeito. Um dantesco incêndio, em Pedrógão Grande, roubou a vida a 61 pessoas. Número de vítimas mortais à hora em que escrevo este texto. E número que, infelizmente, deverá subir com o passar das horas. Como acontece com muitas outras tragédias, as pessoas vão para o Facebook. Dizer aquilo que pensam.

Perdi conta ao número de pessoas que falaram de fogo posto. Aliás, existem canais que ainda colocam essa hipótese. Mesmo depois de a Polícia Judiciária confirmar que o incêndio teve origem numa trovoada seca que pegou fogo a uma árvore. Sendo este o ponto de partida para a tragédia que roubou a vida a dezenas de pessoas. Este é um daqueles casos em que tudo tem origem num ataque de fúria da Natureza. E contra isto é muito complicado lutar. O que é certo é que a declaração das autoridades coloca um ponto final nos comentários centrados no fogo posto.

Nesta altura só consigo pensar nas vítimas. Na forma dolorosa como perderam a vida. Nos familiares das mesmas. Nas pessoas que ainda não sabem se têm casa. E nos bombeiros que arriscam as suas vidas de modo a salvar a de outras pessoas. Depois disto, entendo que existe muito para discutir em torno da temática dos incêndios. E que vai além do fogo posto. Porque existe muito em que as pessoas devem pensar.

A começar pelos bombeiros. Alguns deles nem têm a formação adequada para aquilo que fazem. Para os riscos que correm. Recordo-me do dia em que um amigo fotógrafo estava a fazer um trabalho sobre o combate aos incêndios. O meu amigo parou de fotografar para corrigir os bombeiros que estavam a fazer coisas erradas. Acrescento que este meu amigo tem formação de combate a incêndios. E este é apenas um exemplo.

Ainda sobre os bombeiros. Quando acontecem tragédias destas todos querem ajudar os bombeiros. Mas todos fecham os olhos às campanhas que os bombeiros fazem durante o ano. Porque nessa altura nada está a arder. Infelizmente, os bombeiros fazem parte daquele grupo de pessoas que só são lembradas quando fazem falta. Acho bem que se ajude agora, mas temos de perder o defeito de funcionar de forma reactiva. Porque os bombeiros precisam de ajuda todo o ano. E não apenas em momentos complicados como este. Algo que não se aplica à ajuda às vítimas e familiares. Isso será sempre de forma reactiva.

Outro tema que deve ser debatido diz respeito à manutenção das matas. Muitas pessoas ignoram que a maioria das matas nacionais sejam privadas. O que faz com que os proprietários tenham a responsabilidade de fazer a manutenção das mesmas. Algo que poderá fazer com que uma tragédia tenha um impacto menor. E daqui podemos saltar para para o negócio milionário do combate a incêndios. Que leva a que muitas teorias da conspiração ganhem asas. Também é importante discutir o papel da comunicação social no meio de tudo isto. Será mesmo necessário estar a mostrar corpos mortos na estrada? Fazer zoom a um cadáver? Isto é relevante para a notícia?

São muitos temas que merecem debate. São temas que algumas pessoas ignoram. São temas que só são recordados em caso de tragédia. E é bom que tudo isto seja discutido de forma séria. Para que tragédias destas sejam cada vez menos frequentes. Para que existam cada vez menos incêndios. Para que pessoas, animais e casas não sejam destruídas. Está na altura de olhar para o panorama global.

16.6.17

adoro praia, mas detesto confusão

Gosto muito de praia, mas detesto confusão. Não gosto de estar na praia com pessoas que se colam ao meu chapéu e toalha. Não gosto de levar com areia de crianças que não estão comigo e estão a brincar em cima da minha toalha. Não gosto de levar com pessoas aos gritos.

Tal como não gosto de deixar o carro a três quilómetros de uma praia para ir a uma praia específica apenas porque está na moda. E não gosto deste tipo de coisas porque olho para a praia como um momento de descanso. Um momento "zen" onde dispenso as confusões que fazem parte das rotinas diárias do trabalho. Como é o caso do trânsito e afins.

No que às praias diz respeito, acredito que as pessoas gostam de confusão. Gostam das praias da moda onde está toda a gente, mesmo que ao lado tenham uma praia melhor e deserta. E em todos os sítios existem praias que permitem uma confusão muito menor.

Ontem estive na Caparica. Vi pessoas a deixar o carro longe da praia para irem a pé para determinada praia. Vi engarrafamentos para determinada praia. E fiquei numa onde deixei o carro na entrada da praia. E a praia é tão boa como as da moda. Simplesmente menos confusa.

Hoje estou em Tróia. E apesar de gostar da Comporta e do Caravalhal prefiro ir sempre para uma praia quase "deserta". Se bem que aqui existem praias mesmo desertas. Por isto é que defendo que as pessoas é que fazem a confusão. Gostam dessa confusão. Já não vivem sem ela.

14.6.17

tão nosso. tão mau. tão triste

Infelizmente esta é uma das características que distingue os portugueses. Talvez seja assim em todo o mundo. Não sei. Mas por cá é uma triste realidade. Por cá as pessoas não querem ser melhores do que os outros. Isso é algo que dá muito trabalho. Exige muito esforço. E as pessoas não estão para isso. Até porque existe um caminho muito mais fácil do que este.

E essa estrada passa por fazer com que os outros sejam piores do que nós. Nem que seja apenas aos nossos olhos. Sendo que será melhor se existir a possibilidade de convencer mais algumas pessoas desta ideia. Não importa se a pessoa é má. Importa sim que os outros sejam piores. Não importa se a pessoa não evolui. Desde que os outros também não evoluam. Não importa se a pessoa não sobe mais um degrau. Desde que os outros também não o façam.

E isto leva a que as pessoas não se preocupem com a sua "casa". Tenho a casa desarrumada? E o vizinho do lado? Que isto e aquilo. Que tem a casa que é uma vergonha. Este modo de pensar é uma das piores doenças do tempo em que vivemos. É assim no trabalho, na vida pessoal e em todos os cenários que se possam imaginar. Não importa não estar bem. Importa sim ver os outros piores do que nós.

12.6.17

justiça ou tortura? ou ambos?

Há uns dias cruzei-me, algures numa rede social, com um vídeo. Em que um jovem brasileiro parecia ter uma tatuagem na testa. Na mesma podia ler-se “eu sou ladrão e vacilão”. Vi aquilo. Fiquei um pouco espantado com o que estava a ver. Se por um lado acreditei que poderia ser real, por outro esperava que fosse uma brincadeira. Algo que não se confirma.

O rapaz que aparece com a testa tatuada é um jovem de 17 anos. Que foi apanhado a roubar a bicicleta de um tatuador. Que, com auxílio de um vizinho, entendeu que um castigo exemplar para aquele delinquente seria uma frase “eterna” gravada na testa. Como acontece frequentemente nas redes sociais, as opiniões dividiram-se entre os que apoiam o castigo e aqueles que o condenam.

A história poderia ficar por aqui. Mas entretanto aparece a família do jovem. Com a mãe a dizer que está desaparecido de casa há algum tempo. E que tem problemas mentais. Colocando ainda a hipótese de estar drogado no momento do vídeo. Esta mulher reconheceu o filho devido ao vídeo. E alertou as autoridades. Resultado de tudo isto: o jovem está desaparecido. E os autores da tatuagem detidos, à espera de julgamento. Dizem, em sua defesa, que queriam ensinar uma lição ao rapaz. Mas estão acusados de tortura.

Continua a existir um grande número de pessoas que aplaude aquilo que foi feito pelos dois homens. Por outro lado foi criada uma página para angariar dinheiro para o jovem. Para que remova a tatuagem e para que possa ser submetido a tratamentos. O objectivo era angariar quatro mil euros, mas já foram angariados cinco mil euros.

Este caso recuperou o debate em torno do castigo que deve ser dado a quem faz algo do género do que foi feito por aquele adolescente. Não escondo, até porque já partilhei isso no blogue, que defendo que existem crimes que merecem punições mais exemplares do que uma pena suspensa ou algo do género. Mas acho que o roubo de uma bicicleta não é digna de uma tatuagem na testa.

ah e tal... aquelas bóias gigantes

No ano passado estive para comprar uma daquelas bóias gigantes. Que normalmente são vistas em formato de unicórnio ou de flamingo. Acabei por não comprar porque não encontrei em loja nenhuma. E porque as que encontrei na net eram muito caras. Este ano encontrei as referidas bóias na Primark. O preço era acessível (12 euros) e acabei por comprar uma. Em formato de unicórnio. Se não estou em erro, as medidas são 1,85 m de comprimento por 0,85 m de altura.

Neste fim-de-semana foi dia de soltar o "animal". Finalmente ia ter o meu momento em cima da bóia. Ou pelo menos assim pensei. Pois apesar do tamanho da bóia, a missão de ficar quieto em cima dela é algo extremamente difícil. Cada vez que me sentava na bóia parecia um daqueles cowboys que tentam aguentar o maior número de segundos em cima de um touro. É a melhor comparação que posso fazer. Tal a dificuldade em aguentar em cima da bóia.

Aceito a hipótese de o defeito ser meu. Da falta de jeito ser minha. Algo que poderá (ou não) ser comprovado por quem também tiver uma destas bóias. Por isso, tiro o meu chapéu a todas as pessoas que conseguem ter fotos bonitas em cima de uma destas bóias. Mas, e mais uma vez ao estilo dos já referidos cowboys, como a época balnear só agora é que está a começar, tenho muito tempo para domar a bóia.

mulheres... nunca usem isto!

Já está a circular nas redes sociais um fato-de-banho que pode ser definido em apenas uma palavra: assustador. Existem até vídeos de mulheres com esta peça de roupa vestida e a reacção que a mesma provoca. Tendo em conta que, mesmo em promoção, custa 40 euros, aconselho todas as mulheres a poupar esta quantia. E peço que NUNCA usem este fato-de-banho. Agradecido!


10.6.17

coisas que me fazem feliz por estes dias

Fim-de-semana com sol e muito calor. Depois segue-se uma semana com alguns dias livres, antes de mais dois fins-de-semana com trabalho. Nestes momentos, em que me desligo do trabalho (que felizmente tem sido muito), preciso de pouca coisa para ser feliz. Basta aquilo que está nesta imagem: t-shirt, calções de banho, chinelos, óculos escuros e protector solar. E estar numa praia ou piscina. Isto chega!

8.6.17

quando um boato passa a verdade

Hoje falava com um amigo por causa das acusações que um funcionário do Futebol Clube do Porto fez em relação ao Benfica. Dando a entender que existe um esquema de corrupção montado para beneficiar os encarnados. Dizia o meu amigo. "Agora o Pedro Guerra e o Benfica têm de provar que estão inocentes." Defendi que este modo de pensar é um dos males deste País.

Há muito que os portugueses se habituaram a dizer o que bem querem. A acusar este e aquilo disto e daquilo. E não me refiro apenas a este caso específico. Acontece no futebol. No trabalho. Nas redes sociais. E até em grupos de amigos. Puxando a bandeira da liberdade de expressão, as pessoas dizem aquilo que bem entendem. E acusam este e aquilo de tudo a mais alguma coisa. E depois chutam a bola para o outro. "Ele que se defenda e que prove que é mentira".

Quando na realidade, quem acusa é que tem de provar as acusações que fez. Quem acusa - se o faz deverá ter provas que sustentem essa acusação, ainda mais quando se trata de uma questão legal - tem de provar aquilo que está a dizer. A realidade que está a colocar em causa. Neste caso específico, o acusador terá de provar - de forma sustentada - aquilo que diz. Porque, e muito infelizmente, neste País um boato passa a verdade absoluta após um determinado número de repetições. O que leva a outro problema: a falta de tempo das pessoas para pensar em algo antes de formar uma opinião.

É que os desmentidos, quando acontecem, passam despercebidos. São uma espécie de nota de rodapé que ninguém vê. Quando o boato é a capa para que todos gostam de olhar. Volta e meia ainda surgem casos em que esta brincadeira sai cara a quem a faz. E refiro-me aos casos que acabam em tribunal com indemnizações mais ou menos chorudas. Como aconteceu relativamente recentemente com Marco Silva. Mas disto poucos falam. O que importa é dar eco ao boato.

quando pensam que és cool, mas estão enganados

Ontem fui ter com um amigo ao restaurante dele. Como cheguei fora de horas acabei por entrar pela porta por onde entram os funcionários. E acabei por sujar a mão direita num saco. Algo que aconteceu assim que entrei no espaço. O que fez com que não tivesse a mão em condições para cumprimentar todas as pessoas com quem me cruzasse até chegar ao lavatório.

Para não parecer mal educado, e para não ter que estar a justificar o motivo de não cumprimentar as pessoas quando passava por elas, fechei a mão. O que fez com que algumas pessoas me cumprimentassem com o famoso fist bump. O que ajuda a criar a ideia de que sou cool. Em minutos parecia a pessoa mais cool do mundo. Na realidade tinha a mão suja, não tinha nada com que me limpar e só não queria passar por mal educado.

7.6.17

uma guerra que não teve lugar (com muita pena)

Gosto de uma boa guerra entre marcas. E refiro-me a guerras saudáveis entre marcas rivais. Mais especificamente aqueles anúncios em que, de uma forma inteligente, uma marca se destaca da grande rival. A Coca-Cola e a Pepsi já fizeram isso muito bem. E existem muitas outras marcas que o fazem. Existem duas que o poderiam ter feito, mas que não o fizeram. Com muita pena minha.

Cristiano Ronaldo é o homem do momento. O jogador está imparável. Está um verdadeiro monstro, que papa tudo, nesta fase da carreira. E quando conquistou a Champions viu a marca desportiva que o patrocina fazer uma homenagem. Que muitos acharam arrepiante. E que aqui mostro.

Nobody believed a boy from Madeira would make it to the stars. Except the boy from Madeira. #nike #soccer #football #CR7 #Cristiano #CristianoRonaldo #Mercurial #justdoit

642.9k Likes, 2,937 Comments - @nike on Instagram: "Nobody believed a boy from Madeira would make it to the stars. Except the boy from Madeira. #nike..."


Esta foto e estas palavras estão a correr o mundo. Muitas pessoas ficaram emocionadas com o relato da história de vida do pequeno Cristiano que se mudou da Madeira para Lisboa e que deu início ao seu sonho no Sporting. Até aqui tudo bem. Boa foto. Belo texto. E a Nike a somar pontos. Até que... surge a verdadeira imagem. Que foi cortada no Instagram da Nike.


Na imagem que corre mundo, o pequeno Cristiano estava com uma camisola da Adidas... a grande rival da Nike. Que cortou a imagem e escureceu ligeiramente a camisola para colocar o texto. Existia a possibilidade disto nem sequer ser conhecido. Mas alguém com boa memória recuperou a imagem original. Naquela altura Cristiano Ronaldo não era patrocinado por nenhuma marca. Aquela talvez fosse uma camisola do clube. Mas tinha a sua piada que a Adidas partilhasse a imagem original dizendo que já eles acreditavam no tal rapaz da Madeira. Não tinha maldade nenhuma e era um belo duelo.

praticas a sologamia?

A sologamia está na moda. Especialmente nos Estados Unidos da América. E o que é isto da sologamia? Nada mais do que a pessoa estar comprometida consigo mesmo. É alguém que está numa relação consigo mesmo e que não necessita de outra relação. Como seria de esperar, isto deu origem a um negócio. Existem kits de casamento (não são legais) que se vendem. E isto acaba por se transformar numa indústria.

Mas a sologamia tem a sua utilidade. E todas as pessoas deveriam praticar isto da sologamia. Mesmo as pessoas que estão noutras relações ou aquelas que acabam de sair de uma. Um dos maiores erros das pessoas é o momento em que se esquecem de estar numa relação consigo próprias. Relação que deveria durar toda a vida. Sem nunca ser ignorada.

Isto não implica ser excessivamente egoísta. Mas sim relembrar que o protagonismo de cada um tem de ser dado a si próprio. E a verdade é que as pessoas tendem a anular-se a favor de outra pessoa. Acabam por se esquecer de si apenas porque querem agradar a outro. E é por isso que defendo que todas as pessoas deveriam ser adeptas desta nova tendência a que deram o nome de sologamia. E não apenas aquelas pessoas que estão solteiras e dizem não querer ninguém nas suas vidas.

6.6.17

medo da homossexualidade

O tema da homossexualidade, associada ao desporto, voltou para a ordem do dia. Griezmann [para quem não conhece, é um dos melhores jogadores da actualidade] foi questionado sobre o motivo pelo qual existem jogadores que ocultam a sua homossexualidade. E a resposta é do mais simples que existe. Explica o francês que os jogadores se fazem de duros e fortes e que têm medo do que podem dizer, especialmente porque existe muita gente má no futebol.

Basicamente é isto. Todas as pessoas sabem que existem homossexuais no futebol. Como existem no râguebi ou noutro desporto qualquer. Como existem na apresentação, representação e em todas as outras profissões que têm pessoas que se destacam e que têm reconhecimento público. É certo que não existe uma obrigatoriedade de alguém dizer que é homossexual. Tal como um heterossexual também não anda a gritar ao mundo que o é. O que se passa é que existe um receio de querer dizer algo que poderá destruir uma carreira.

E o desporto está cheio de casos de atletas que caíram em desgraça quando decidiram revelar a sua orientação sexual. Existem áreas que até lidam bem como isso, mas no desporto não. Sempre defendi, e ficando pelo futebol, que apenas atletas como Cristiano Ronaldo ou Messi têm o poder de mudar mentalidades. E mesmo estes corriam o risco de perder fãs e talvez alguns contratos. Porque as mentalidades ainda estão muito fechadas. E o desporto é coisa de homens. Não é para "paneleiros nem maricas", como dizem as pessoas.

Recordo um caso passado em Portugal. Criou-se o mito de que o jogador Calado era homossexual e que tinha um caso com o cantor Melão. Este boato nunca foi destruído pela verdadeira história [assim consta] de que eram amigos e que estavam à espera de mulheres para uma "festa". O boato espalhou-se e um rumor deu lugar a verdade absoluta. Calado teve de lidar com os adeptos do seu clube a gritar, nos jogos em casa, "O Calado é paneleiro". O jogador não teve outra hipótese que não fosse sair de Portugal. E ainda hoje está preso ao rótulo de homossexual.

É uma história com um boato. Mas a ser verdade seria o mesmo. O desfecho seria igual. E é por isto que muitas pessoas optam por fingir ser outra pessoa em determinados momentos. E é por isso que só imagino os grandes nomes do desporto a conseguir mudar algo nas mentalidades. Só que nem as grandes figuras o fazem. Porque sabem que os riscos que correm são muito maiores do que os benefícios que podiam trazer para uma mudança que talvez nunca chegue.

nudez (nada) acidental

Cada vez mais existe uma tendência nas redes sociais. Que passa pelas fotos com nudez. Em topless ou mesmo em nu integral. As imagens nunca são muito fortes porque, pegando no caso do Instagram, existe uma censura às publicações femininas. E são as mulheres que mais partilham este tipo de fotos. E existem cada vez mais mulheres conhecidas a partilhar momentos destes.

Uma forma de olhar para estas imagens é a mais inocente. Acreditar que é apenas um belo momento que acabou imortalizado numa imagem. Que, por sua vez, acaba partilhada numa rede social. É algo que não passa disto. Não teve outro objectivo. Nem tem uma finalidade. É apenas uma imagem como tantas outras que as pessoas partilham nas redes sociais. A diferença é que é mais ousada.

Existe outra forma de ver tudo isto. Menos inocente. Mais fria. E que passa despercebida a muitas pessoas. Que passa por um plano pensado ao detalhe. Plano no sentido de não ser inocente. De existir um objectivo. Uma finalidade. E isto não é tão absurdo como possa parecer. Para muitas pessoas será apenas uma imagem. Mas poderá ser muito mais do que isso.

São imagens que têm um grande alcance. Chegam a mais pessoas. Muitas são mesmo notícia. Multiplicam-se os gostos. Os comentários. Em algumas a mulher usa apenas um biquíni da marca x. Noutras destaca-se outra coisa da marca y. Às vezes não importa a marca mas a visibilidade que dá à pessoa que acaba por chamar a atenção de quem a possa procurar para um trabalho. E todos estes detalhes fazem com que a nudez possa não ser acidental.

Isto não é necessariamente uma crítica. É uma realidade das redes sociais. É saber tirar proveito das mesmas. E quando é feito na perfeição acaba por passar despercebido. Isto não quer dizer que aconteça sempre. E com todas as pessoas. Mas é uma tendência que está a crescer cada vez mais e que joga com as armas que pode.

sabes que tempo vai estar hoje?

Nesta nova etapa da minha vida profissional descobri um encanto que desconhecia. E que parece ser comum a muitas pessoas. Estou a referir-me ao estado do tempo. Descobri que as pessoas adoram saber que tempo vai fazer.

O que me espanta não é o estado do tempo em si. Pois quem não gosta de saber que tempo irá fazer em determinado dia, consoante os planos que tenha para fazer. Aquilo que me surpreende é que as pessoas procuram saber o tempo em sites. E explico melhor o meu ponto de vista.

A maioria das pessoas acede aos sites através do telemóvel. Excepto casos pontuais, a maioria das visitas são feitas através dos telemóveis. Que por sua vez trazem todos (acredito nisto) a previsão do tempo numa qualquer aplicação. Ou seja, podem saber o tempo no telemóvel mas gostam de ir ver num site. E quanto digo gostam quero dizer adoram. E muito.

Acho este aspecto bastante curioso. Porque chega ao ponto de ao final do dia as pessoas estarem a ver o tempo para o dia que está a acabar. Tudo isto tem a sua piada. Será que as pessoas não confiam no telemóvel? Será que não existem assim tantos aparelhos com aplicação para o tempo? 

5.6.17

passou a ser banal

Aquele momento em que atentados terroristas, tiroteios e mortos passam a ser algo banal. Já não é o atentado. É mais um atentado. Já não é o tiroteio. É mais um tiroteio. Já não são x mortos. São mais x mortos, desta e daquela maneira. Isto é assustador.

nem todo o mal acontece apenas porque são mulheres

Uma humorista decide gozar com o presidente do seu país. Isto passou-se nos Estados Unidos da América. A humorista é Kathy Griffin e o presidente Donald Trump. Mas não está em causa nenhuma das pessoas. Mas a situação em si. A humorista acho que seria engraçado aparecer numa imagem em que parece ter a cabeça do presidente do seu país na mão. Ao estilo de um terrorista que exibe uma cabeça decapitada.

O que poderia ser um tiro nos pés é algo que provavelmente estragou a carreira desta pessoa. Que agora vem chorar. E que decide culpar Donald Trump pelo que lhe está a acontecer. Sendo que vai mais longe. A culpa não é só do presidente. Tudo acontece porque ela é mulher. Pois, segundo defende, se fosse um homem nada teria acontecido.

Isto é simplesmente... errado. Para não escolher outra palavra. Aquela mulher gozou, com difusão nacional, com o seu presidente. Sim, porque não existe essa coisa do “não é meu presidente porque não votei nele”. E o humor atingiu um nível muito baixo nos moldes em que foi feito. A gravidade está toda aqui. Não está no facto de ser mulher. Nem no presidente. Que critica todos aqueles que gozam consigo, sejam eles homens ou mulheres.

Transformar este triste episódio num ataque às mulheres é injusto. Sobretudo para todas as mulheres que dão a cara por lutas e injustiças com que se debatem diariamente. Sacudir a fatia maior de culpa para os outros é uma boa manobra de diversão. Que não faz sentido. O grande erro partiu de Kathy Griffin. E seria igualmente grave se fosse John Griffin. O desfecho seria o mesmo.