30.4.17

os maus dos pitbulls e dos rottweilers

Sempre que existe uma notícia que tem associada um cão de uma raça considerada potencialmente perigosa surge no imediato uma colagem entre cães e donos. Quero com isto dizer que facilmente se passa a ideia de que os cães, como é o caso dos pitbulls e dos rottweilers, são todos maus. Não há um que se aproveite. E o melhor é mesmo abater todos. Não existem triagem. É tudo para matar!

Discordo por completo deste modo de pensar. Porque os cães não são todos maus. E a culpa não está nos animais mas nos donos. E por mais dramática que possa ser uma notícia sou incapaz de olhar para a mesma como sendo solucionada pelo abate do animal. Até porque estas notícias tem quase todas como protagonistas animais que, infelizmente, não têm os melhores donos. E os animais não devem ser abatidos apenas porque não tiveram sorte no dono que lhes calhou.

No meu prédio vivia um pitbull. E dou este exemplo porque me é próximo. Nunca vi o cão ser mau para ninguém. Aliás, sempre que passava por ele vinha ter comigo, dentro do terraço onde vivia, de modo a que lhe pudesse fazer festinhas. E era comum ver aquele cão a querer festinhas das pessoas que por ali passavam, quer fossem do prédio ou não. As únicas vezes que ouvia o cão ladrar era quando ficava a avistar gatos que por ali andavam ou em noites de maior confusão na rua. Mas sem ser violento. Simplesmente ladrava.

Este exemplo não se aplica a todos os cães. Tal como aqueles que mordem não servem de bitola para todos os outros. Cada caso é um caso e é assim que as coisas devem ser analisadas. Existem regras que têm de ser cumpridas por donos de animais de determinadas raças. E este deve ser um ponto de partida. E não o abate dos cães como solução para tudo. Matar um animal não resolve a falta de jeito de algumas pessoas para terem um animal de estimação. Castigar, de forma justa, um dono que não cumpre as regras a que está sujeito é capaz de ser uma solução mais interessante.

De resto, gostava que as pessoas que facilmente são a favor da morte de um animal (e não tenho qualquer problema com isto) tivessem o mesmo empenho em outras situações que estão erradas na nossa sociedade e que passam por muitos outros crimes e situações injustas. Não sou ninguém para defender qual o tipo de lutas que merecem o empenho das pessoas. Mas, e peço desculpa pelo desabafo, fico triste e desiludido com a falta de empenho em determinados casos e a facilidade com que se julgam outros.

10 comentários:

  1. Eu não sou a favor do abate dos animais como solução. É como dizes, sempre que há estas notícias e estes acidentes, caem sobre os animais em questão. Quando irão perceber que os donos são os culpados? Eu, pessoalmente, não confio em cão nenhum, mesmo os donos teimando em dizer que "não faz mal", porque quantos não há aí que "não fazem mal nenhum" e depois ferram o dente? No entanto, cabe sempre aos donos controlarem os cães, porque os donos é que são os racionais, os capazes de perceber como lidar com estas situações, não os animais. Matar o cão e não castigar o dono para quê, really? Facilmente arranja outro cão e, quem sabe, não acaba da mesma forma...

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  2. Subscrevo inteiramente tudo o que disseste.
    Irrita-me a forma como se coloca a culpa nos animais, sem parar para pensar e perceber que os verdadeiros culpados, regra geral, são os donos irresponsáveis e, eles próprios, violentos.

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  3. Os animais não são todos iguais. Os donos não são todos iguais.
    Mas aquilo em se baseia a definição de animais potencialmente perigosos (e sublinho poténcialmente) são factos. "São considerados cães potencialmente perigosos aqueles que, devido ao seu comportamento agressivo ou tamanho e potência da mandíbula, possam causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais..."
    Isto é um facto. E contra factos não há argumentos.

    Matas os animais não é solução. Matar os donos não é solução.
    Mas a verdade é que certas raças exigem que se tenham alguns cuidados.

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    1. As raças exigem cuidados e quem tem de fazer por isso são os donos. É necessária uma fiscalização correcta e castigos para quem não cumpre o obrigatório.

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  4. Tive um Rott na adolescência. Nunca fez mal a ninguém. Tinha o instinto protector como qualquer raça tem. Não, não o deixava andar na rua sem açaime ou sem trela, do mesmo modo que não deixava estranhos lhe tocarem...afinal eram estranhos!
    Continuo a afirmar que o problema na maioria das vezes são os donos e não os cães ou as raças.
    Qualquer cão independentemente da raça ou do porte "abre e fecha a boca", cabe a cada um de nós termos bom senso e evitar situações desnecessárias.
    E a meu ver, não é por se matar o animal que se resolve o problema...se assim fosse, teríamos de analisar melhor o nosso Código Penal.

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