18.7.16

as mulheres não entram

A segunda apresentação do meu livro decorreu na Fear the Beard Barber Shop, um espaço do Marco Fialho, um amigo de longa data. Noutro texto já tinha explicado os motivos que me levaram a escolher este local. Agora irei falar mais sobre o projecto do Marco. Mas primeiro vou recuar um pouco no tempo. Até porque não é preciso recuar muito no tempo para que quase tudo se passasse em Lisboa.

Num passado não muito distante as pessoas da Margem Sul do Tejo tinham o hábito de ir até Lisboa para fazer as mais diversas coisas. Tanto iam para jantar como para ir sair à noite ou mesmo para cortar o cabelo. É óbvio que isto não se aplica a toda a gente mas acontecia (e talvez ainda aconteça) com muitas pessoas. Parecia que tudo se passava em Lisboa. Algo que tem vindo a mudar com o passar do tempo.

A Margem Sul tem vindo a "evoluir" neste sentido e a desenvolver-se cada vez mais. As pessoas começam a deixar de ir para Lisboa para fazer determinadas coisas. E isso acontece porque aquilo que antigamente só se encontrava na Capital (ou que tinha mais fama) começa a existir do outro lado do rio. E com igual, ou superior, qualidade. É assim com restaurantes. É assim com espaços de diversão. E é assim nesta nova fase de vida das barbearias. Até se começa a ver um fenómeno interessante que passa por pessoas de Lisboa que procuram a Margem Sul para diversas coisas.

No que toca às barbearias, é com orgulho que digo que a Fear the Beard não é inferior a nenhum espaço que exista numa qualquer rua mais movimentada e situada numa grande cidade. E basta olhar para o espaço para perceber isso mesmo. Aquilo que os olhos não conseguem perceber é que a decoração deste espaço tem uma história de muitos anos e das muitas viagens que o Marco fez pelo mundo. E se a decoração não é inferior a nenhum espaço mais popular, a experiência de cortar o cabelo com o Marco comprova que o talento e a qualidade não estão restritas a cidades mais famosas. E que a qualidade não tem de ter sempre um grande custo associado.

Apaixonado pela profissão, o Marco é uma das pessoas mais talentosas que já conheci nesta área. "Estás a dizer isso porque é teu amigo e porque foi lá que apresentaste o livro", podem pensar. Mas, por exemplo, basta olhar para o troféu que está na sua mesa para perceber que existe muito talento. Se isso não bastar também é possível perceber o seu percurso e até as aulas que dá. E se isto não for suficiente existe ainda a opção de deixar que o Marco corte o cabelo. E em segundos se perceberá a sua qualidade profissional.

Ao Marco junta-se uma equipa (ou uma família) que muito tem feito crescer o projecto. Mais do que fazer a barba, cortar o cabelo, ou fazer uma tatuagem, ir à Fear the Beard é uma experiência que vai muito além da tradicional ida ao cabeleireiro. Parece que estamos num local de culto onde a arte de cortar o cabelo, de fazer a barba ou de tatuar alguém estão num patamar de destaque. E tenho a certeza de que, se mostrasse apenas as imagens do espaço, muitas pessoas diriam que a localização seria, por exemplo, o Bairro Alto, em Lisboa. Quando na realidade fica na Torre da Marinha, no Seixal.





Por fim, explico o título deste texto. É que as mulheres não podem entrar na Fear The Beard. O que até nem é um problema. É que assim ficam no Bar-Bearia, que divide o espaço com a Fear the Beard. Espaço onde os petiscos são uma tentação e onde uma cerveja gelada ou um bom gin sabem sempre bem.

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