5.4.16

os luxos que não tenho (e os outros não podem ter)

Em tempos recordo-me de Cristiano Ronaldo ter sido criticado por dar muitos presentes ao filho no Natal. O jogador partilhou a imagem nas redes sociais e foi logo criticado pelo que deu ao filho. Recordo-me de que nessa imagem estavam mais ou menos cinco/seis presentes. Dei-me ao trabalho de ir procurar os preços de tudo e o total dos presentes era, se não estou em erro, pouco superior a duzentos euros. Isto para um pai que ganhou qualquer coisa como mais de setenta milhões de euros no ano passado. Lembro-me de que alguns presentes eram até de marca própria de uma loja espanhola. Mas para muitas pessoas era uma vergonha aquele "mar" de presentes porque há quem não tenha nada.

Agora é Neymar. Que só em ordenados ganha qualquer coisa como dez milhões de euros limpos por ano. E que decidiu comprar uma capa de telemóvel banhada a ouro que custa qualquer coisa como quatro mil euros. Tal como aconteceu com Cristiano Ronaldo também Neymar foi acusado de esbanjar dinheiro em luxos. E isto de criticar os luxos que não temos (e que aparentemente ninguém pode ter) é algo que não percebo e que me faz até alguma confusão.

O conceito de luxo dependerá sempre dos rendimentos de cada pessoa. Infelizmente é uma realidade que muitas crianças não recebem um presente em datas especiais. Mas essa triste realidade não obriga a que Cristiano Ronaldo não possa gastar dinheiro em presentes com o filho ou que Neymar não possa comprar uma luxuosa capa de telemóvel. Qual é o pai que ganha mais de setenta milhões de euros num ano e não dá presentes ao filho? Nenhum! Considero até que cerca de duzentos euros é algo bastante modesto, tendo em conta os rendimentos. E qual é a pessoa que ganha, só em ordenados, dez milhões de euros num ano e não compra uma capa de telemóvel de que gosta? Nenhuma!

Era incapaz de gastar quatro mil euros numa capa de telemóvel porque esse é um luxo ao qual não me posso dar. Mas não posso criticar o Neymar (pessoa que até ajuda os mais necessitados) por comprar algo que não é nenhum luxo para si, tendo em conta os seus rendimentos. Tal como não posso criticar Cristiano Ronaldo (que também ajuda diversas pessoas) de presentear o filho. Certamente também compro coisas que não sendo caras para o meu orçamento vão ser um luxo absurdo e desnecessário para outras pessoas. E é assim com todas as pessoas do mundo. Sempre foi e sempre será. E não é por eu não ter a possibilidade de ter isto ou aquilo que mais ninguém pode ter ou saber que tenho.

10 comentários:

  1. Eu acho que este mundo acima de tudo está cheio de pessoas invejosas...enfim! Concordo contigo!

    ResponderEliminar
  2. ora pois, é sempre uma questão de perspectiva, muito bem dito
    us4all.blogs.sapo.pt

    ResponderEliminar
  3. não podia concordar mais... até me deu vontade de rir quando vi o valor dos seis presentes do miúdo, é que conheço muita gente que não ganhando um 10% do que ele ganha, gastou mais do que isso neste natal, para uma menina de 3 anos exigente... enfim... vai haver sempre gente a falar.

    ResponderEliminar
  4. A maior parte das pessoas que criticam nem devem ter noção do que é ter fortuna ou ordenados milionarios, é "outro campeonato"... E desde que utilizem ou gastem de acordo com os seus rendimentos, ninguém tem nada a ver com isso. Agora, dificil de entender são as pessoas com ordenados modestos que se endividam para fazer um casamento, comprar um Iphone ou um BMW novo, que usado já não serve.

    ResponderEliminar
  5. Penso que é preferível gastar 200 euros ou mais em prendas úteis e/ou que sejam construtivas para a criança a enchê-los de coisas fúteis.
    Não critico, desde que saibam educar a criança a ter as coisas que gosta no momento certo, independentemente do custo.

    ResponderEliminar