12.4.16

a dor de perder um filho que ainda não nasceu ou que acabou de nascer

Não consigo imaginar maior dor para um pai do que aquela que sentirá no momento de enterrar um filho. Seja em que circunstância for. Seja já um adulto, um adolescente, uma criança, um bebé de dias ou um filho tão desejado que infelizmente não chega a conhecer o mundo que o aguardava com tanta expectativa.

Por mais que tente sou incapaz de perceber a dor e o que passa pela cabeça dos pais que têm de lidar com esta situação. Enquanto jornalista já tive de falar com alguns pais que passaram por este drama e não há forma de tocar no assunto. Por mais cuidado que exista é sempre um tema deliciado que me consegue arrepiar e deixar sem reacção quando me deparo com as lágrimas de alguém.

Num registo mais “ligeiro” e adaptado ao cinema, sempre que este tema é abordado recordo-me do filme A Fúria do Último Escuteiro em que Jimmy Dix (Damon Wayans) passa a vida a brindar às profissões que o seu filho teria tido caso não tivesse morrido minutos depois de nascer sendo que o personagem considera que tinha tido tempo apenas para um sonho.

Neste sentido fui contactado pela Ana, uma aluna que está a frequentar o 2º ano do Mestrado de Psicologia Clínica e da Saúde, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, curiosamente a mesma que frequentei. A Ana está a desenvolver um trabalho de investigação que tem o nome de Impacto de uma morte fetal ou neonatal nos homens: percepção masculina e feminina, que pretende estudar o impacto de uma morte fetal ou neonatal nos homens, considerando a perspectiva de ambos os membros do casal. O objectivo é contribuir para um melhor conhecimento sobre este delicado tema de modo a que seja possível desenvolver intervenções psicológicas mais adequadas e eficazes.

Caso infelizmente alguém que por aqui passe tenha passado por um drama destes ou caso conheçam alguém que tenha lidado com esta situação, ficam aqui dois links de dois questionários, um para elas (aqui), outro para eles (aqui) que vão ajudar a Ana. Acrescento que a investigação é orientada pela Professora Bárbara Nazaré e que os resultados vão ser apresentados na Lusófona até ao final deste ano. Obrigado!

10 comentários:

  1. Eu nunca passei por isso, graças a Deus, e espero nunca passar... Deve ser indescritível... A minha avó paterna perdeu 2 filhas (só lhe restaram os 2 meninos), uma com 5 anos atropelada e outra de 4 ou 6 meses com leucemia. Ainda hoje ela chora a morte das filhas que infelizmente não tive a oportunidade de conhecer. Acho que é uma dor que nunca conseguiremos recuperar... Ela, pelo menos, não recuperou. Seguiu a sua vida, mas aquela dor permaneceu a sua vida toda. Hoje, ela está acamada e ainda as recorda. Aposto que no momento em que partir será nelas, nas filhas, que vai pensar... É muitoooo triste! :(

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    1. Não quero sequer imaginar o que será passar por uma situação assim :(((

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    2. "ou um filho tão desejado que infelizmente não chega a conhecer o mundo que o aguardava com tanta expectativa."... been there...

      Ia responder ao questionário, mas já não estou com a pessoa em questão, e percebi que é um questionário em que há correspondência entre o questionário do homem e o da mulher...

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  2. Eu perdi 2 filhos... Um com 7 meses de gestação e uma com 9 meses de gestação... Qualquer um deles tinha toda a viabilidade de ser gente, de crescer, de chorar, de viver... mas não foi o que aconteceu... A dor? Essa é simplesmente indescritível... Só quem passa por isso é que percebe... E não vai passar... Aprendemos, sim, a conviver com a dor, a saudade do futuro que não aconteceu, mas não passa... não há pai ou mãe que consiga (nem quer) esquecer os filhos, estejam eles vivos ou mortos... Mas também te posso dizer que é possível sobreviver à dor e ser feliz apesar da partida deles. Claro que achar que um dia os irei encontrar algures (fé, simplesmente fé...) ajuda a suportar o insuportável "para sempre sem eles"...

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    1. Obrigado pelo testemunho tão marcante. Muito obrigado mesmo.

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  3. Eu sofri um aborto há 2 meses e meio... E é uma dor que não desejo a ninguém.

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  4. Graças a Deus nunca passei por isso. A sogra da minha irmã teve três rapazes e uma menina que morreu menos de oito dias de vida. A senhora morre há dois anos com 90 anos e ainda a chorar a morte da filha. Parece que a vida toda não lhe mitigou o desgosto.
    Um abraço

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