3.3.16

nesta vida tudo se compra, até o amor

Numa determinada noite fui a um bar, em Andorra, com um amigo. O objectivo dele era comprar uma garrafa de uma bebida qualquer, já não sei precisar se era de whisky, para levar para o hotel, local onde estava um grupo de pessoas e unidade hoteleira sem bar em funcionamento. Fomos ao primeiro bar que encontrámos e ele pediu uma garrafa de whisky. "Peço desculpa mas só vendo ao copo", respondeu a funcionária. Os minutos que se seguiram foram passados com ele a insistir e com ela a resistir. E comigo a assistir. Até que ele coloca uma nota de cinquenta euros no balcão. "Quero uma garrafa de whisky e gelo", disse. "E vai precisar de copos?", respondeu a empregada. Enquanto ela preparava as coisas, ele olha para mim e diz uma frase que não irei esquecer: "o dinheiro compra tudo".

E a verdade é que o dinheiro compra tudo (ou quase tudo, excluindo coisas como a saúde em que o dinheiro eventualmente facilita o acesso a melhores condições de tratamento). O dinheiro até compra coisas que não deveria comprar, como é o caso de sentimentos, mais especificamente o amor. E penso nisto quando vejo notícias de meninas de 21 anos "loucamente" apaixonadas por homens de 79 anos. Que curiosamente são sempre ricos. Não me recordo de uma menina de 21 anos apaixonada por um simples e modesto homem de 79 anos. São sempre homens com uma esperança de vida mais reduzida mas com uma carteira bastante recheada.

Cada qual faz da vida aquilo que entende mas ainda fico surpreendido com a quantidade de pessoas que se anulam em troco de um carro de luxo, de roupas caras, de sapatos de edição limitada e outras coisas semelhantes. Pessoas que aceitam perder parte da sua vida alimentadas pela esperança de que quando o homem morrer lhes irá deixar um quinhão da fortuna. Curiosamente, poucas são aquelas que são bem sucedidas neste plano. Porque a maioria acaba ultrapassada por outra mulher ainda mais nova que ocupa o seu lugar e que a deixa de mãos a abanar.

Por outro lado, não tenho pena nenhuma destas pessoas quando acabam sozinhas. Porque quem vende o amor a troco de alguns luxos efémeros não merece a companhia nem o amor verdadeiro de alguém que não tendo a conta bancária recheada está disposto a virar o mundo do avesso em troco de um sorriso nos lábios de quem ama. Quem ama coisas e não pessoas não merece que valoriza o amor e desvaloriza bens materiais.

9 comentários:

  1. Acho que é opção como outra qualquer. Todos temos objetivos de vida diferentes.
    Há quem prefira o dinheiro ao amor, há quem prefira a beleza ao amor, há quem prefira a status social ao amor.......
    Acho mesmo que o amor acaba sempre por ficar para ultima escolha.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É pena que muitas pessoas sigam esse caminho. Até porque o final é quase sempre o mesmo.

      Eliminar
  2. Andei por aqui pondo a leitura em dia. Gosto de o ler, venho quase todos os dias, quando não venho leio depois tudo de seguida. Muitas vezes entro muda e saio calada, que é como quem diz, não deixo comentário. Achei graça a que chame amor a este tipo de relação. Porque de tudo o que tenho lido neste blogue, e até por este mesmo post se vê que não acredita que seja amor. Percebo que uma mulher se apaixone por um homem mais velho, dez, quinze até mesmo vinte anos. Em mil nove e carqueja eu também tive vinte anos e sei o fascínio que um homem mais velho provoca. Agora 21 anos com um homem de 79? É uma venda despudorada.
    Um abraço e bom fim de semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelas simpáticas palavras Elvira :)

      Existem pessoas que facilmente fascinam e muitas vezes esse fascínio está mesmo numa idade diferente da nossa. Mas 21 para 79 vai um fascínio gigante.

      Abraço e boa semana.

      Eliminar
  3. Este post foi republicado, não foi? Acho que já o tinha lido há tempos (aqui, entenda-se)!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Quando estava a escrever fiquei com a sensação de que já tinha escrito algo semelhante. É bem provável :)

      Eliminar
  4. Concordo a 100%.
    Lembro-me de uma vez, trabalhava eu numa loja, atender uma senhora que adorava falar das filhas, do marido, das casas, me ter dado o seguinte conselho: "nunca se case por amor, escolha um homem rico, o amor vem depois, se houver dinheiro será tudo mais fácil".
    Mas será assim tão fácil dormir todos os dias com alguém que não se ama? à noite, despidos de roupa e dinheiro será assim tão fácil deixar que essa pessoa toque o nosso corpo? será que o dinheiro compra o nosso desejo sexual? a vontade de dividir os problemas do dia a dia? e quando precisarmos de um abraço, de nos sentirmos verdadeiramente amadas, será que os cartões de crédito compensam esse vazio?
    Eu penso que o dinheiro compra o "amor" de pessoas fúteis e que desconhecem o verdadeiro significado dessa palavra.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São opções. Para mim essa opção seria anular-me a troco de dinheiro. E isso não sou capaz de fazer. É certo que quando existe dinheiro tudo corre melhor mas prefiro muito amor e menos dinheiro do que muito dinheiro e uma total ausência de amor.

      Eliminar
    2. E se for muito dinheiro e pouco de amor?
      vale a pena?

      Eliminar