17.2.16

a verdade sobre o que aconteceu na praia de caxias...

O trágico acontecimento de Caxias que vitimou uma bebé e que provavelmente roubou a vida à sua irmã tem dado muito que falar. Inicialmente soube-se apenas que uma mãe em pânico e em avançado estado de hipotermia foi auxiliada por um homem a quem disse que as duas filhas estavam na água. Este facto em si deu início a diversas teorias. Todas as pessoas tinham uma opinião sobre o caso.

Momentos mais tarde sabe-se que a mãe tinha já efectuado queixa do pai das crianças. Diz-se que o homem maltrata a mulher, as filhas e que inclusivamente foi acusado de abusar sexualmente das duas filhas. Quando surgem estas notícias todas as pessoas passam a acusar o pai das crianças. “Cabrão” para aqui. “Filho da puta” para ali. E outras ofensas. Neste ponto todas as pessoas defendem a mãe e atacam o pai.

Entretanto surge a notícia de que o pai das crianças nega as acusações, afirmando que nunca foi ouvido pelas autoridades. O advogado deste homem diz que tinha por missão tratar da separação do casal – vivia em união de facto – e regular o poder paternal das crianças. O advogado explica ainda que quando a mulher apresentou queixa já não vivia com o companheiro. Informações dão também conta de que o homem não conseguia contactar a mulher nem ver as filhas. As opiniões começam a dividir-se entre os que culpam a mulher e os que defendem o homem.

Novas notícias dão conta de que as autoridades não colocam de parte a existência das alegadas agressões mas colocam dúvidas devido à existência de elementos que o confirmem. Diz-se também que a mulher, desempregada há mais de um ano, estava num estado psicológico bastante frágil. Resumindo, neste momento todas as hipóteses estão em aberto.

Não sei se alguma vez será conhecida a verdade sobre o que motivou esta trágica história que colocou um ponto final na vida de duas crianças que mal tiveram tempo para viver. E perante as notícias que vou lendo não tenho dados que me permitam defender a mãe e acusar o pai. Tal como não posso defender o homem e acusar a mulher. Algo que tem estado a acontecer. Basta uma notícia para que ela seja a vítima e ele o cabrão. E bastam meia dúzia de palavras para que as opiniões mudem. Num registo diferente comparo com o caso Maddie em que às primeiras notícias todos sentiram compaixão por aqueles pais para pouco tempo depois muitos acusarem os pais da culpa do misterioso desaparecimento da filha.

Compreendo que algumas pessoas se indignem com o sistema. “Então a mulher faz queixa e nada acontece?” ou “Então a mulher tem uma depressão e ninguém lhe tira os filhos?” são perguntas que mais facilmente podem originar um debate interessante em torno deste tema. Muito mais do que simplesmente e somente atribuir culpas ao pai ou à mãe. A discussão deve girar em torno do aparente mau acompanhamento dado à família após as queixas da mulher. A discussão está aqui, por mais que se opte por dizer apenas que a culpa é da mulher ou do homem. E só analisando e corrigindo essas falhas é que se consegue evitar casos semelhantes no futuro.

11 comentários:

  1. Concordo. Curiosamente acabo de ler um post onde na opinião de quem o escreve não se devem responsabilizar as entidades que falharam, porque a culpa é do "estado a que as coisas chegaram" no sentido em que a culpa é nossa, de todos. Quanto a mim é uma boa maneira de fazer com que a culpa morra solteira. Quantas vezes já ouvimos notícias de casos sinalizados em Portugal que acabaram mal? Neste caso a incompetência custa vidas. Tenho alergia às comissões de proteção do raio que as parta!!! Aconselho a leitura deste artigo:
    http://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-superior-desinteresse-da-crianca-1723629

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    1. A culpa nem sempre é do sistema que não pode controlar todas as pessoas do mundo. Muitas vezes a culpa está em todos nós que olhamos para o lado quando vemos problemas. Neste caso acho que se pode questionar o sistema porque supostamente a família estava a ser acompanhada.

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  2. no fim, quem morreu foi as inocentes nesta história toda. :/ uma pena.


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    1. Aquilo que mais lamento é a vida daquelas duas pequenas crianças.

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  3. A culpa é do sistema é o que conclui quando li o seu texto, e em que estou totalmente de acordo. Tantas falhas no nosso sistema de apoio a Família. Crianças que são tiradas aos pais tendo eles condições, crianças dadas aos pais e depois morrem, pois os pais não tinham capacidade para ficar com eles. Nunca mais me esqueci de um menino que foi tirado a uma família de acolhimento e entregue a mãe, a criança veio a morrer por maus tratos, até queimadoras de cigarros tinha no corpo. A família de acolhimento queria ficar com ele a mãe(adotiva) estava inconsolável já la vai uns anos mas fiquei chocada. Só para concluir a culpa é do nosso sistema de proteção a família negligente.
    Cláudia Fernandes

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    1. Neste caso podemos falar do sistema porque li que a família era acompanhada. Se isto for verdade existem falhas graves em diversos aspectos.

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  4. Muito pode ser dito sobre o caso e só quem lá está sabe o que se passou. De que alguma coisa falhou redondamente não tenho dúvidas. Mas o que mais me aperta o coração é saber que existiram, provavelmente, duas crianças que morreram afogadas e nisso até custa pensar.

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    1. Aquilo que mais lamento é a vida daquelas duas crianças que são as verdadeiras vítimas de tudo isto.

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  5. A preocupação de muita gente foi encontrar culpados entre os familiares, o Estado, a sociedade. Não sei quem é o culpado, nem sei se a culpa se pode resumir a um só fator. Sei que as pessoas são donas da sua vida para tomarem decisões, não podendo ser perpetuamente desculpabilizadas por erros cometidos. Devem procurar apoio mas também companheiros condignos. Dizer não à violência, imporem-se. A vitimização permanente não leva a lado nenhum, ou leva, neste caso levou duas inocentes à morte.

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    1. Claro que sim. E quando coloco o sistema nesta equação é porque li que a família era acompanhada. É por isso que condeno o sistema. Caso contrário, a solução está nas pessoas.

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  6. As crianças são seres menores e fragilizadas, logo as vítimas.

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