10.11.15

está por aí alguém que faça parte destes 43,07%?

Hoje discute-se política como nunca em Portugal. De um lado os que defendem Pedro Passos Coelho e a coligação Portugal à Frente, os vencedores das últimas eleições legislativas mas cujo programa de Governo não conseguiu uma maioria parlamentar. Do outro lado estão aqueles que olham para a coligação à Esquerda – que muitos definem como histórica – como um balão de oxigénio em relação aquilo que foram os últimos quatro anos. Hoje todos sabem sobre política. Hoje todos sabem o que deveria ser feito e aquilo que era melhor para o futuro de Portugal.

Recuando um pouco mais de um mês encontro o dia em que os portugueses foram convidados a ir às urnas. Recordo que nesse dia a abstenção atingiu um novo máximo histórico. Dos cerca de dez milhões de portugueses inscritos para votar, 43,07% não foram votar. Reforço que foi o valor mais alto de sempre. Sendo que deverá ser um número que não orgulha ninguém, nem políticos nem cidadãos.

Hoje, muitos do que defendem Pedro Passos Coelho não foram votar quando lhes foi dado o poder de fazer a diferença. Hoje, muitos do que atacam António Costa também não exerceram o seu voto. Hoje, muitos dos que temem o futuro não foram votar. Hoje, muitos dos que tudo sabem sobre política preferiram não votar no dia das eleições legislativas. Infelizmente, quando deixamos o futuro nas mãos dos outros pouco mais nos resta do que comer e calar. Que tudo isto faça com que pelo menos uma parte das pessoas que integram estes 43,07% passem a valorizar muito mais o seu voto. Porém, acredito mais num efeito contrário e num maior afastamento das urnas.

17 comentários:

  1. Sem dúvida que isto é o espelho da porcaria que muita gente fez quando decidiu não ir votar. Isto é a anulação das eleições e do que os poucos portugueses votantes escolheram. Acho que é uma vergonha, mas infelizmente muita gente pensa o oposto.

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    1. Não vejo isto como uma anulação. Mas como uma insuficiência pois os votos não chegaram para dar condições à coligação.

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  2. Nunca faltei a uma assembleia de voto e sempre votei.
    E costuma dizer-se "só fala quem tem que se lhe diga" e tu exprimiste, e muito bem, nestes 43,07 %

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  3. Meu caro, afastei-me da blogosfera, mas não poderia deixar de comentar este post.

    Antes de expressar a minha opinião, uma nota prévia: sou apartidário, não fiz parte dos 43% e não tenho problemas em dizer o meu voto - votei PAN. Agora que já esclareci isto, vou então dar a minha opinião, começando por dizer que é gritante a falta de cultura e consciência política em Portugal. Desde 4 de Outubro, tenho ouvido e lido os maiores disparates. O maior de todos? Pessoas que não votaram (e que não votam regularmente) a queixarem-se e a extremarem posições - quanto a mim, sem legitimidade para isso. Quem não vota, deixa os outros decidirem por si, portanto perde a razão de reclamar.

    Segundo, fiquei estupefacto com os resultados das eleições, mais concretamente com a percentagem de votos da PaF. Então quer dizer, passamos 4 anos duros, em manifestações e greves constantes, e depois escolhemos ser fornicados pelos mesmos?! Síndrome de Estocolmo ao mais alto nível... É que fiquei mesmo intrigado, porque fiquei sem perceber as greves de transportes, enfermeiros, professores, etc etc etc, ao longo dos últimos 4 anos...

    Terceiro, acho uma piada descomunal ao argumento da estabilidade. Parece que, de repente, a malta se esqueceu do Verão de 2013: a birra do Paulinho Irrevogável. Querem ver que aí não estava em causa a estabilidade do País? Ah, espera, esqueci-me que é só para o lado que convém. Para ganhar o tacho de Vice, a estabilidade já não interessa nada...

    Quarto, a falta de consciência política leva a que se diga os maiores disparates. A Constituição é muito clara: quando votamos nas eleições legislativas, estamos a eleger um Parlamento. Portugal é uma democracia parlamentar. Nós elegemos deputados. É o Parlamento que legitima o futuro do país, é lá que são aprovadas ou chumbadas as medidas. Ou só dá jeito pensar nisso quando é para chumbar PEC IV? Fala-se na sede de poder do Costa, mas parece que a malta tem memória curta: quando o Passos chumbou o PEC IV do Sócrates, não tinha também sede de poder? Quando o Portas tomou a sua decisão "irrevogável", não foi tudo isso uma birra por sede de poder? Ah pois, pimenta no cu dos outros é refresco. Esta tomada de posição da esquerda não é ilegítima, porque tem maioria parlamentar. Esperemos é que esta tomada de posição seja feita pelos motivos certos.

    Termino dizendo o seguinte: na merda já nós estamos, e não é de agora. A classe política portuguesa é toda ela podre, da esquerda à direita. Não há alternativas boas. E assim sendo, acho eu que nos resta esperar. Esta aliança à esquerda pode ser perigosa, sim, mas a coligação PaF também - e da PaF já sabíamos o que esperar, e também não augurava nada de bom.

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    1. Muitas verdades juntas e muitas coisas que algumas pessoas preferem ignorar.

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  4. Eu fui votar e estou super descontente com o que se passa daquilo que tenho ouvido e lido assim muito por alto pois o tempo (e a vontade) não tem sido muito.

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    1. As pessoas têm de perceber que o voto é mais importante do que julgam.

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  5. Adorava que as pessoas tomassem consciência dos seus actos, neste caso a falta deles, e votassem na próxima oportunidade. Infelizmente não acho que isso vá acontecer, existe por aí muitos "cidadãos" comodistas.É o país em que vivemos...
    Se se pagasse multa por não ir votar, todos se deslocavam às mesas de voto, mas aí, já seria uma obrigação e não um direito.

    B

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    1. Mas quem não vota tem de comer e calar. É tão simples quanto isso.

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  6. Eu faço parte dos que votaram e que estou muito contente da dupla Passos e Portas (irrevogável), ter ido para a RUA!!!! Pior que o que me ROUBARAM, não será!!!

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  7. Eu estive até à última para não ir votar, mas lá me decidi e fui. Agora, acredito que numas próximas eleições a percentagem de abstenção aumente, porque acho que quem foi votar se sinta frustrado e defraudado, uma vez que os votos afinal não contam para nada...o poder fala sempre mais alto!

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    1. Eu percebo a indignação, mas o não votar não forma de protesto (embora muitos pensem que sim). Não votar demonstra desleixo... (não querendo ofender ninguém)
      A melhor forma de mostrar indignação na mesa de voto é deixar o boletim em branco... Porque mostra que se tomou a iniciativa de votar, mas que não há nenhum partido que satisfaça as nossas condições.


      B

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    2. Os votos contam. Mas as pessoas elegem deputados. E estes precisam de maioria parlamentar, o que foi insuficiente para o número de votos que tiveram. Depois não chegaram a acordo com um partido de esquerda e a esquerda, num acto histórico em Portugal, uniu-se e garantiu a tal maioria parlamentar. Por mais que as pessoas achem que não, isto é democracia, isto é política. Os votos na PAF não foram deitados à rua, foram apenas insuficientes.

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  8. O pior é que muitos dos que votaram também se sentem de alguma forma enganados, seja lá o partido em que tenham votado. Ou estou errada?

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    1. Isto dá pano para mangas. Os votos na PAF foram insuficientes para ter maioria parlamentar. E é isto que as pessoas precisam de compreender. O que está a acontecer é política e democracia, independentemente do gosto das pessoas. Acredito que existam muitas pessoas que se sentem enganadas mas é necessário perceber tudo.

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