11.11.15

aquilo que se constrói em vinte anos pode ser destruído em vinte segundos

Não sou adepto de jantares em bares. Por diversos motivos. Porque não são locais que confeccionam refeições com regularidade. E porque não costumo ouvir histórias com final feliz contadas por quem participa em jantares deste género. E no último fim-de-semana foi a minha vez de participar num jantar destes. Era a minha oportunidade de pensar que estava errado no meu modo de analisar esta situação.

O grupo tinha quase 60 pessoas. O local era um afamado bar da margem sul. O preço 15 euros por pessoa com duas opções de prato. Logo de início achei o preço exagerado mas acreditei que o jantar poderia valer a pena. O grupo foi chegando, ocupando os seus lugares e nesta fase tudo corria bem. Até porque nada poderia correr mal neste momento, a não ser uma eventual falta de lugares.

Começam a vir as entradas e o pão. Nada de especial. E em quantidade reduzida para o número de pessoas. Mais tarde começa a vir a comida e tem início a confusão. Entregas totalmente perdidas no tempo. Quem escolheu o prato de peixe tinha direito a dose individual. Quem escolheu o prato de carne deparava-se com uma travessa, pequena, que continha carne para dividir por cinco(!!!) pessoas. Umas travessas tinham uns tipos de carne, outras tinham outro tipo. Para dar um exemplo, e falo de grelhada alentejana (mista), existia uma salsicha (nas travessas que tinham) para dividir por cinco pessoas.

Depois, quando havia carne na mesa não existia batatas. Ou quando havia batatas não existia arroz. E tal como a carne, as saladas eram mínimas e para dividir por quatro pessoas. Isto, como seria de esperar gerou confusão e insatisfação das pessoas. “Esta grelhada é de que zona do Alentejo? Só existiam porcos?”, foi um dos comentários ouvidos. Pediu-se mais carne. Ela chegou, ainda que pouca e em alguns casos excessivamente queimada, com comentários como “esta travessa é um bónus”, ou “venha lá comer antes que a carne desapareça”, palavras desnecessário.

À falta de comida junta-se a pouca vontade dos funcionários e a desorganização. E aquilo que chamo de sobremesa surpresa. Isto porque só existia uma, ninguém tinha conhecimento da mesma e foi colocada em frente a todos. Até pedir um café passou a ser uma missão quase hercúlea. Outro dos momentos altos é quando duas osgas invadem o jantar, passeando por cima da cabeça de algumas pessoas. “Vivem aqui há anos”, diz o dono, como se tudo aquilo fosse normal.

Como referi o grupo tinha quase 60 pessoas. Cada uma pagou 15 euros. Como tal é fácil fazer a conta ao dinheiro que aquela casa ganhou com aquele jantar. Se tudo tivesse corrido bem, ninguém se tinha queixado do preço. E provavelmente as pessoas queriam voltar ou até tinham ficado para ouvir a banda que ia actuar no espaço. Mas quase todos quiseram ir embora, fazendo piadas e dizendo que tinham de ir jantar. E provavelmente ninguém volta lá para beber café, quanto mais para jantar.

Trata-se de uma casa de nome na margem sul. Uma casa com muitos anos e que ainda hoje tem muitos clientes. Mas a verdade é que já teve muitos mais. Recordo-me de ir lá quando tinha os meus 18 anos (tenho 34) e mal se podia andar lá dentro. Muitas pessoas ficavam à porta. Agora todos entram. Agora, apesar de ainda ter muitos clientes, já não é a mesma coisa. E com atitudes destas arriscam ter ainda menos clientes. Até porque aquilo que se constrói em vinte anos facilmente consegue ser destruído em vinte segundos.

PS - Continuo a não ser fã de jantares em bares.

8 comentários:

  1. Agora percebo quando dizes que foi uma desilusão... Realmente, quem tudo quer, tudo perde! E desses 60 clientes, muitos não voltarão lá!

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    1. Quase todos. Eu era para ficar lá e fui para outro bar de música rock.

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  2. Nunca jantei num bar, mas ainda bem que li este teu testemunho, que situação...

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  3. Eu acho que merecem que diga o nome, PARA NINGUEM LA IR!!!! Osgas na cabeça das pessoas??????!!!!!!!! E ninguém denunciou isso aos serviços competentes????? Eu se estivesse nesse jantar e visse as osgas, (tenho Pavor) fugia a sete pés!!! Eu acho que não denunciando, está a pactuar!! E depois queixam-se do IVA!

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    1. O dono explicou que eram de "estimação". Que apareciam sempre aos jantares mas que quando as pessoas começassem a fumar que se iam embora.

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  4. Muitas pessoas, grande confusão e pior serviço.
    Mas há exceções.
    Em setembro fui ao 50º aniversário de uma amiga e o jantar foi num bar/discoteca que frequentamos há muitos anos, quando éramos mais novas.
    Fiquei perplexa quando ela disse onde ia ser o jantar. Todas nós deixamos de frequentá-lo há mais de 15 anos, ninguém sabia que agora também tinham esse serviço (entretanto os donos são outros, ela conhece-os).
    Mas mais perplexa fiquei com a eficiência dos funcionários, homens, e com o menu que desde as entradas variadas e boas (comentamos todas que com tanta variedade, ficavamos por este) até ao único prato quente que ela escolheu, e era individual, estava muito bem servido. Vinho e sangria, muito suave. Eramos 47 mullheres.
    E pagamos 18 euros.
    Ficamos lá pelo bar.
    E dei os parabéns à minha amiga pela escolha, embora o bar não seja como o conhecemos nos bons belos tempos que saíamos para dançar.
    Beijinho

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    1. Ainda bem que com vocês correu tudo bem. Lamento não ter tido a mesma sorte e ainda bem que existem pessoas assim.

      Beijos

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