22.10.15

coerência? carácter? personalidade? ou falta disto tudo?

Ontem, enquanto passeava pelo facebook, deparei-me com o desabafo de um amigo que faz todo o sentido para mim e que serve para ilustrar na perfeição um dos mais populares modos de agir nos dias que correm. "Eu quando afirmo que não gosto de alguém, que acho que a pessoa não tem carácter, não vou no dia seguinte elogiá-la ou beber um copo com a mesma, mas isso sou eu, vale o que vale!", foi o que li na página de facebook de Pedro Crispim (e identifico a pessoa porque é uma figura pública).

Sou amigo do Pedro mas confesso que não faço ideia do que motivou aquele desabafo. Nem isso importa para o caso. Porque aquelas linhas definem na perfeição o modus operandi de boa parte das pessoas nos dias que correm. O desabafo gerou dezenas de comentários e entre eles falava-se de coerência, carácter e personalidade. Ou melhor, da falta de tudo isto. E acho que é mesmo a falta de tudo isto que está em causa.

Revi-me nas palavras do Pedro Crispim porque também me surpreende a quantidade de pessoas que hoje falam mal deste e daquele, que dizem cobras e lagartos sobre essa pessoa, que passam a vida a falar mal dessa pessoa a terceiros e que depois vão ao beija-mão, elogiar a pessoa que tanto criticam e de quem tanto falam mal. Pessoas que falam mal pelas costas e que mostram o mais bonito, quer dizer, falso sorriso pela frente.

Coerência, carácter e personalidade fazem lembrar aquelas peças de moda que caíram em desuso e que se arrumam para um canto da casa onde ficam a apanhar pó. São aquelas peças que ninguém usa porque estão fora de moda. E tal como acontece com tantas outras peças, acabam por existir algumas pessoas que não querem abdicar dessas peças apenas porque os outros o fizeram. Como tal continuam a usar as peças de que não abdicam. E acabam por ser olhados de lado.

18 comentários:

  1. Pois... Já não há muitos a usar esses trapos... Felizmente são poucos, mas bons...

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  2. Eu acho a coerência muito difícil de existir seja no que for pelo simples motivo que existem tantas mas tantas situações que a vida se transforma num oceano cheio de marés e correntes e sem coerência...

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    1. Compreendo aquilo que dizes mas acho que é como nos jogos olímpicos. Ou seja, existem mínimo que dão direito a participar neles ;)

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  3. Há quinze anos mudei de emprego e passado umas semanas uma colega, disse-me (com ar levemente irritada) : "Porra, tu não dizes mal de ninguem" .
    Pensei muito, e ainda penso, nessa frase e questionei-me se seria "anormal".
    O certo é que eu quando não gosto não como, ou seja, quando não gosto de alguem evito ao maximo o convivio com ela. Não acho é, que por não gostar de alguem tenha de andar a criticar.
    Opto por não conviver, faz-me confusão pessoas que passam a vida a falar dos outros e continuam a conviver bem com as mesmas. Não compreendo muito bem.
    "Deus que é Deus não agradou a toda a gente"

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    1. O teu comportamento deveria ser regra geral. Deveria ser do mais simples e tal como tu não compreendo que faz aquilo que relatas e as pessoas que falam mal pelas costas e que são só sorrisos pela frente.

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  4. Falta de coerência e de carácter são o "prato do dia" dos tempos actuais e as redes sociais potenciam a coisa. Eu não tenho idade nem paciência para "umbiguismos", não alimento egos nem pratico adulações. Depois dizem que eu tenho mau feitio e que sou anti-social. Pois... não tenho 1000 amigos no FB, tenho meia dúzia mas são reais e chegam!

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    1. E não é tão bom ser assim?

      Mas existe alguém que tenha mil amigos no facebook e que os conheça a todos e que diga que realmente são amigos?

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    2. Pois, não sei... é que eu nem sequer tenho página pessoal no FB! :-) Lá está... eu sou anti-social. Mas sou, sobretudo, anti-carneirada, eu faço o que acho que devo fazer e não o que os outros acham que eu devo fazer.

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  5. Muito bem dito, meu caro... Aparentemente, é a forma de estar na vida da maioria. Tornou-se normal.
    Enfim...

    O Pai,
    http://soupaieagorablog.blogspot.pt

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    1. Infelizmente é a norma e não a excepção.

      E já agora, parabéns ao O Pai :)

      Abraço

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  6. Há bem pouco tempo falava disto mesmo com um amigo e dizia-lhe que era incapaz de fazer o que se retrata neste post. E perguntava-lhe como conseguia ele fazê-lo, já que há pessoas que eu sei que ele detesta, mas para quem consegue ser todo sorrisos e tal... Resposta: Inteligência emocional, tens que saber gerir as tuas emoções...

    Eu disse-lhe que essa capacidade podia ter muitos nomes, mas que para mim inteligência emocional não seria um deles...

    Mas às tantas acabo por ficar na dúvida quem é que tem mais razão, porque como refere no final do post, os que mantêm a coerência é que acabam por ser olhados de lado e até "mal vistos".

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    1. Acho que a convivência não obriga nem exige uma simpatia que não se tem. Exige cordialidade, respeito e não mais do que isso. Isto do meu ponto de vista.

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  7. Perguntaste se havia alguem que conhecia todos os amigos do facebook.
    Eu tive uma grande amiga que, digo eu, é viciada no face.
    De há tempos para cá so comunica através da rede e diz mesmo, que quem não tem face é porque não é amigo dela.
    Acabou por só manter as amizades da rede e quem não tem face deixou de convidar e de contactar. Porque, na openião dela, são pessoas que vivem à margem da sociedade e ficaram parados no tempo.
    Claro que como eu não tenho face acabei fora da lista dela, para grande pena minha.
    O pior é que cada vez se vê mais comportamentos desses.
    Agora, não sei se ela é que tem razão e eu, ao preferir os contactos pessoais e por telefone, estão realmente fora de moda.

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    1. Quando perguntava isso era em relação às pessoas que tem mais de mil amigos numa rede social. Serão amigos de todas essas pessoas? Duvido.

      A tua amiga não é caso único. Infelizmente há cada vez mais pessoas assim. Acho que quem vive apenas no mundo virtual não poderá estar certo.

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