16.9.15

não gosto de mulheres gordas. tenho repulsa

Recordo-me das visitas que Mário Soares fez a José Sócrates enquanto o antigo primeiro-ministro esteve detido em Évora. Recordo-me sobretudo das declarações à entrada e/ou à saída do estabelecimento prisional. Recordo-me ainda das críticas que foram dirigidas ao antigo Presidente da República, agora com 90 anos. “O velho está maluco” foi uma das coisas que ouvi.

Ontem deparei-me com algumas declarações polémicas de Betty Faria. A actriz brasileira, de 74 anos, disse simplesmente isto: “Eu, por exemplo, não gosto de mulheres gordas. Elas me incomodam profundamente. Tenho repulsa, rejeição. Sempre batalhei para não ser uma velha gorda”, foram as suas palavras a uma revista brasileira. Tal como aconteceu com Soares, também já ouvi comentários semelhantes em relação a Betty Faria (que por acaso tem um nome óptimo para trocadilhos e piadas) que está a ser atacada nas redes sociais.

Apesar do conteúdo ser diferente tenho a mesma opinião em relação a Mário Soares e a Betty Faria. Acho que existe uma determinada idade, e não sei precisar o número, em que os filtros deixam de existir. Sobretudo em casos como estes em que os protagonistas são duas pessoas que já não têm qualquer ambição profissional pois já trilharam o seu percurso. Como tal são pessoas que não têm filtros. Para estas pessoas já não existe o politicamente correcto.

Dizem aquilo que lhes passa pela cabeça. Não medem as palavras. Estão a marimbar-se com o facto de poder gerar polémica. Estão a lixar-se para os outros. E não medem as palavras nem o alcance das mesmas. Tal como as crianças, dizem aquilo que pensam. E isto é algo que só existe mesmo nas crianças e numa idade muito mais avançada. No resto da vida existem filtros e ainda bem que existem. No resto da vida as pessoas pensam naquilo que vão dizer. Sobretudo a esmagadora maioria das figuras públicas. Até que se chega a uma certa idade em que deixam de existir filtros e em que deixa de existir o politicamente correcto. Betty Faria é mais um exemplo disso.

10 comentários:

  1. Não acho que seja bem a mesma coisa, Mário Soares diz coisas que me fazem pensar que está com o discernimento toldado, não necessariamente em relação ao caso de José Sócrates mas em relação a tudo.
    O que não invalida que tenha deixado de ter filtros, e sim quando as pessoas chegam a uma certa idade deixam de ter filtros, não acontece só com figuras públicas acontece com a grande maioria das pessoas.
    Neste caso em concreto a atriz tem Gordofobia, uma fobia que no Brasil tem sido muito falada. Parece-me tão válida como qualquer outra fobia, há quem tenha fobia de pessoas altas, existem tantas fobias que provavelmente nunca estarão todas listadas.
    Eu não tenho gordofobia, e conheço e privo com pessoas gordas mas devo dizer que não são as pessoas que me inspiram mais simpatia, se isso é um problema, é, um problema meu, já que isso reflete o meu medo de engordar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu comparo no sentido de ambos dizerem o que pensam. Nesse sentido estão no mesmo patamar. Agora, uma coisa é falar de política, e a Betty Faria também falou e outra coisa é atacar as pessoas gordas.

      Percebo o que dizes mas pessoalmente não são aspectos como o excesso de peso que me inspiram menos ou mais confiança nem olho para os outros vendo o que me pode acontecer. Isso dependerá sempre de mim mas percebo o que dizes.

      Eliminar
    2. Ela pela forma como se expressou tem mesmo uma fobia grave. Deve-lhe custar lidar com pessoas gordas.
      É pior do que preconceito. Estranho é ela indignar-se com a indignação das pessoas, já que a resposta dela foi tão simples quanto um gostos são gostos.
      Muita gente não gostou de ver o corpo dela num bikini, não sei porque ficou tão ofendida e se queixou de liberdade. Porque até onde sei ser gordo não é proibido.
      O problema dela não são os filtros mas sim a dualidade dos critérios.

      Eliminar
    3. Mas ela explica que não quer ser assim. Existe dualidade de critérios mas acho que muitas pessoas perdem o filtro a partir de uma certa idade.

      Eliminar
  2. A mim "metem-me impressão" todo tipo de extremos. Tanto a magreza extrema, como a obesidade. Tenho a certeza que cada um de nós tem a sua opinião sobre o assunto apenas não a verbaliza. Uns criticam mais o conteúdo, outros a forma, neste caso o que me causa estranheza é não a "repulsa" que ela diz sentir, mas a sua indignação a propósito de ela usar bikini. A liberdade de expressão funciona nos dois sentidos...se criticamos e nos gabamos de ser muito frontais, cabe-nos ter a capacidade de encaixar as criticas que nos são feitas, por isso "agora aguenta mocinha" que já tens idade para isso e para ter algum juízo também.

    ResponderEliminar
  3. Não medem mesmo o que dizem, isso é facto.

    ResponderEliminar
  4. A idade habitual para se acabarem os filtros é qd percebes que já não tens muito tempo de vida. As pessoas mais idosas sentem a vida a fugir entre os dedos e por isso lá se vai a etiqueta. Freedom! Hehec
    Ou então pessoas em geral,que por doença tb sabem que não duram muito. A noção de mortalidade afecta as pessoas.
    Mata Hari

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Nos casos que apresentei são também pessoas que já alcançaram aquilo que desejavam alcançar profissionalmente.

      Eliminar