10.8.15

o cérebro disto tudo

Realizou-se ontem o primeiro jogo oficial da época 2015/16 que serve para decidir quem fica com o último troféu da última época. Seria apenas mais um jogo e a disputa do troféu menos importante da época (a par da Taça da Liga). Num ano normal seria um jogo sem grande história. Neste caso tudo foi diferente pelo facto de Jorge Jesus ter trocado de banco. Este detalhe bastava para dar uma dimensão extra a este jogo, elevando este jogo para um patamar que não é o seu. Por momentos parecia que se ia disputar o troféu mais importante da época e que se tratava do jogo do título. Ainda mais quando Jorge Jesus decidiu incendiar o ambiente numa entrevista polémica dada à RTP.

Quanto ao jogo jogado pouco há para dizer. Não esperava mais nesta fase da época. Um jogo equilibrado na sua maioria do tempo. Oportunidades claras de golo de parte a parte. Erros graves de arbitragem de parte a parte – um golo mal invalidado ao Sporting, uma grande penalidade clara não marcada a favor do Benfica e um outro lance polémico dentro da área do Sporting, que de forma injustificável nos dias que correm não teve direito a repetição - e momentos em que uma equipa destacou-se da outra. O Sporting entrou melhor no jogo nas duas partes. No início da segunda marcou o golo solitário da final num ressalto de bola. Um remate que tinha como destino os painéis de publicidade acabou no fundo da baliza. O futebol também é feito disto, de sorte, e o Sporting acabou por vencer. Com justiça. Tal como existiria justiça na vitória do Benfica pois foi um jogo equilibrado.

Mas existem muitos outros factores de destaque neste jogo. A começar pelo gigantesco ego de Jorge Jesus, o homem que acredita ter inventado o futebol e que acredita ser superior a qualquer clube. Na antevisão do jogo, Jorge Jesus decidiu, de forma deselegante para o clube que o deu a conhecer ao mundo, para os seus antigos jogadores e até para Rui Vitória, intitular-se de "cérebro" do Benfica. Cada qual analisa estas palavras como deseja. No meu caso, é a taxa de basófia no máximo, ou seja, sem mim eles não jogam nada e o outro está a viver do que deixei feito.

Este jogo revela também que cinco semanas são mais do que suficientes para apanhar aquilo a que chamo de "doença dos pequeninos" ou falta de atenção. Ao longo deste tempo, sempre que concedeu entrevistas, Jorge Jesus passou mais tempo a falar do Benfica do que a falar do seu novo clube, o Sporting. E quase sempre "cuspiu" no prato que o alimentou ao longo de seis anos. Mesmo ontem, depois de ganhar, passou o tempo a falar do Benfica, contabilizando finais, conquistas, duelos e outras coisas. Jorge Jesus dá a entender que tem algo mal resolvido com o anterior clube. Passa a sensação de que ainda queria lá estar e a forma como tem lidado com o assunto tem ajudado a revelar aquilo que é (que é pouco) como homem. Não confundir aquilo que é como treinador pois são coisas distintas.

Aquele que se intitula de cérebro do Benfica já o tinha feito no passado. Basta recordar que quis para si o mérito do excelente trabalho de Domingos no Braga (ficou em segundo lugar e atingiu uma final da Liga Europa), que fez melhor do que Jorge Jesus tinha feito no clube dos arcebispos. Agora quer o mérito do eventual sucesso de Rui Vitória. Tal como irá querer o mérito do próximo treinador do Sporting (numa altura em que possivelmente estará no Porto pois tenho a ideia de que a sua ambição é estar nos três grandes de Portugal).

Jorge Jesus intitula-se de cérebro do Benfica. Onde estava esse cérebro quando perdeu um campeonato aos 90+2 minutos no Dragão colocando em campo Roderick Miranda (nada contra o jogador) quando tinha Jardel no banco? Onde estava o cérebro nos duas finais europeias (sobretudo contra o Sevilha) perdidas? Onde estava o cérebro no outro campeonato, além do já mencionado, perdido para Vítor Pereira? Onde estava o cérebro na final da Taça de Portugal perdida para o Vitória de Rui Vitória? E ainda nas eliminações, na mesma competição, em casa frente ao Vitória e ao Braga? Já referi diversas vezes que aprecio as qualidades de Jorge Jesus enquanto treinador. Não perdeu valor ao sair do Benfica mas também não é o inventor do futebol que finge ser. Para mim está no mesmo patamar de Jesualdo Ferreira (Porto), Vítor Pereira (Porto) e Fernando Santos (Porto). Treinadores que ganharam com as ferramentas de que necessitavam para vencer. De resto, está num patamar inferior a André Villas-Boas (Porto) e obviamente dezenas de degraus abaixo de José Mourinho (Porto). Isto só para comparar com os treinadores portugueses vitoriosos dos últimos anos da competição (e acho que não me escapa nenhum). Jorge Jesus é bom. É um excelente treinador. Mas revela ser um homem pequeno quando quer para si tanto protagonismo e quando se coloca em patamares que não são os seus.

Ainda sobre ontem, fica o exemplo de que cinco semanas são suficientes para que uma pessoa que chega a um clube grande mantenha os pés no chão e não se ache o melhor do mundo e sobretudo melhor pessoa do que os outros. Nesse sentido, até porque nos momentos menos felizes é que se descobre muito sobre as pessoas, dou os meus parabéns a Rui Vitória que apesar das diversas tentativas de Jorge Jesus em transformar o jogo em algo que não deve ser manteve-se fiel à sua postura, reafirmando que irá deixar o treinador do Sporting a falar sozinho. E agora que esta semana passe depressa que o campeonato (a prova que todos desejam) está a começar e este ano promete muito.

6 comentários:

  1. Folgo muito em ver, ler e ouvir agora, finalmente uma clarividência aos benfiquistas que até agora era difícil de encontrar, mais vale tarde do que nunca;)
    É um gosto ler-te a elencar as provas da inteligência do "cérebro" ao londo dos passados 6 anos;)
    Maior gosto ainda quando referes treinadores vitoriosos ...vá-se lá perceber porquê:))))))

    Sempre disse e continuarei a dizer: Como homem/ pessoa/ser humano o visado não vale um chavo, não valia no Benfica, não vale agora no Sporting e não valerá nunca para onde quer que vá (vá de retro...)...
    Gosto do Rui Vitória (já gostava no Guimarães) e os impossíveis acontecem...imagina-me lá a torcer pelo Benfica ontem, consegues? Pois é que foi mesmo:)

    jinhoooooooossssss

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    1. Sei desde o segundo ano dele no Benfica que os jogadores não o toleravam, sobretudo pela linguagem e modos que utiliza com os atletas. Conheço muitas histórias mas continuo a considerar que é bom treinador. Mas não está no patamar em que, principalmente ele, se coloca. Os exemplos que dei são de treinadores que tiveram bons recursos e ganharam. Que foi o que aconteceu com ele.

      O episódio com o Jonas não é algo do momento. Aquela reacção não acontece por acaso. E mostra o que os jogadores sentem em relação a ele.

      Acredito que também existem adeptos que em caso de insucesso na Luz preferem o sucesso a Norte :)

      Espero que esteja tudo bem.

      Beijos

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  2. :)))) Está tudo bem:))) Obrigada:))))
    A ganhar ou a perder eu serei sempre do Porto:) o "insucesso" do Porto não me preocupa, nem o lugar que o clube tem no meu coração está em risco:) A única coisa que me faz "torcer" por pessoas como o Rui Vitória é o seu carácter humilde e lúcido, ao contrário da outra pessoa de quem falamos...jinhoooooosssss

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    1. Ainda bem que está tudo ok!

      Pessoas assim, seja em que área for, merecem sempre tudo de bom.

      Beijos

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