18.8.15

mudança de mentalidade, preconceito ou um mero flop?

Há muito que os reality shows alimentam milhões de telespectadores em todo o mundo. É um fenómeno que, como em muitos outros, se verificou primeiro no estrangeiro, acabando por chegar a Portugal na altura da primeira edição de Big Brother. Um programa desconhecido para os concorrentes e para um País que desde então passou a consumir esse produto com frequência. E com efeito em diversas áreas.

Não consigo compreender o fascínio, em alguns casos bastante acentuado, pela vida dos outros. Em querer saber tudo da vida dos outros. Em querer acompanhar a par e passo a vida de alguém como se isso tivesse alguma importância para a vida de quem vê. Tal como não percebo como é que, em alguns casos, esse vício não é saciado com uma telenovela ou uma série.

Como seria de esperar, até pela dimensão de Portugal, este fenómeno é muito maior no estrangeiro. E neste mercado, dos reality shows, existia uma grande expectativa em torno de I Am Cait. Este reality show acompanha a vida de Caitlyn Jenner, em tempos Bruce Jenner, o padrasto das três famosas irmãs Kardashian, as protagonistas do melhor sucedido reality show do género. A transformação de Bruce para Caitlyn deu que falar e criou um grande frisson em torno do programa que iria (e está a) mostrar a nova vida de Bruce, agora enquanto mulher.

I Am Cait estreou no dia 26 de Julho no canal E! e foi um sucesso. O primeiro episódio teve 2,7 milhões de espectadores. Porém, o segundo episódio desceu para metade. E agora, depois de três semanas a ser emitido, a média de espectadores ronda apenas os 1,2 milhões. Um número baixo para o mercado em questão. A expectativa era grande, o investimento do canal também foi e agora a desilusão também o é, tanto que existe a hipótese de cancelar o reality show.

Tudo isto levanta diversas questões. Será um mero, como tantos outros, flop televisivo? Será simplesmente um programa mal feito? Será que as pessoas estavam apenas interessadas em ver Bruce Jenner enquanto mulher e para isso basta um programa? Será que Caitlyn Jenner não tem interesse afastada da família Kardashian? Será que não tem o que é necessário para ser protagonista de um programa do género? Será preconceito pois ninguém quer ver um programa centrado na vida de um transexual? Será preconceito porque as pessoas estão a marimbar-se para os problemas com que um transexual tem que lidar na sua vida?

Ou, por outro lado, será uma mudança de mentalidade? Será que as pessoas começam a ficar saturadas (então nos Estados Unidos da América onde a oferta é gigante) dos programas que acompanham a vida deste, daquele e de tantos outros. Só os próximos tempos vão dar resposta a esta última hipótese. E até lá aposto que existem teorias e argumentos para todas as outras hipóteses que mencionei.

6 comentários:

  1. Olá :)
    Há uns tempos dir-te-ia de chapa que odeio reality shows, que não os assisto e que os considero o lixo da tv. Mas, erradamente, para mim os "reality shows" eram os big brothers, casa dos segredos, ex on the beach, o tal das kardashian e coisas assim. Depois apercebi-me que os programas do Bear Grills, do Ultimate Survival Alasca, do ramsay's kitchen nightmares e outros do género que aprecio ver também são reality shows. E que o universo de reality shows cresceu astronomicamente, e em alguns anos expandiu-se muito para além do big brother com o zé e as galinhas, que os há para todos os gostos, para os vários tipos de mentes, de curiosidades, de públicos.
    Nem sabia que havia o I am Cait. Quanto a este, se por um lado poderá ter algum interesse assistir à procura da identidade, da inserção social, da normalidade por parte de um transexual, das questões rotineiras às mais profundas, às certezas e às dúvidas, da minha parte tudo depende do registo conseguido. Sempre gostei das abordagens mais do tipo "documentário" do que as do típico reality show. Porque me parece mais sério, mais fundamentado, menos fútil quiçá, e é assim que se estimula o meu interesse. Quanto ao dos outros não sei.

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    1. Existem reality shows muito bem feitos e interessantes mas o conceito é quase sempre associado aos big brothers e kardashians. Do que vi do programa acho que poderia estar com mais qualidade. Mas acredito que exista uma dose de preconceito em relação ao mesmo.

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  2. "Não consigo compreender o fascínio [...] pela vida dos outros. Em querer saber tudo da vida dos outros. [...] Tal como não percebo como é que, em alguns casos, esse vício não é saciado com uma telenovela ou uma série."

    Esse vício não é saciado porque, ao contrário das séries e das novelas em que os enredos são ficcionais e os intervenientes são atores, nestes programas retrata a vida real de quem se expõe.

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    1. Acredito que passe por aí. Mas, por exemplo, não se pode comparar a última edição de casa dos segredos com o primeiro big brother. Aí era o desconhecimento total. Hoje os concorrentes já sabem o que as pessoas gostam de ver. E depois acontece a "manipulação" da escolha das imagens que vão oferecer a quem vê. Ou seja, o conceito vida real também se perde um pouco. Mas as pessoas nem se apercebem disso.

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  3. Não vi nem tenho curiosidade, gosto de ocupar o meu tempo com coisas mais úteis.

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