10.8.15

bate boca. alimentar ou ignorar?

Hoje debatia com dois amigos o duelo de palavras Jorge Jesus vs Rui Vitória. De um lado um treinador (Jorge Jesus) que aos olhos da maioria – e concordo com esta perspectiva – foi deselegante para o outro treinador (Rui Vitória) e que desde então continua a bater na mesma tecla. Os meus amigos são da opinião de que Rui Vitória já deveria ter respondido. Eu defendo que a resposta dada, que passa por ignorar, afirmando em público que o deixará a falar sozinho, é a melhor possível.

Os meus amigos foram buscar o exemplo de José Mourinho que remeteu Jorge Jesus para a sua "ignorância" levando JJ a colocar um ponto final na polémica. Defendi que Rui Vitória não tem a bagagem desportiva necessária para um duelo desses. Tem a intelectual mas não a desportiva. Expliquei que do meu ponto de vista, Rui Vitória poderia ter dito algo como "É certo que o antigo treinador do Benfica tem x finais. Eu tenho uma contra ele. E ganhei. Só me interessa outra que não disputei as restantes". Mas expliquei que isto serviria apenas para alimentar a discussão e que a melhor solução passa por deixar Jorge Jesus a falar sozinho.

A conversa teve por base um caso ocorrido recentemente. Mas a minha resposta seria a mesma em todos os casos que envolvam um bate boca, sobretudo quando um dos protagonistas tem um ego que não cabe no Terreiro do Paço. Em primeiro lugar porque acho que a ausência de resposta (ignorar) consegue ser uma resposta melhor do que aquela articulada por diversas palavras que a outra pessoa não irá responder. Depois, porque considero que não é preciso entrar numa discussão para fazer valer um ponto de vista ou para ficar por cima da discussão.

Além disso, quem gosta de duelos de palavras vive das respostas dos outros. Está sempre à espera de uma resposta para dizer algo mais. É isso que alimenta quem gosta de discussões. Nesse sentido a ausência de resposta é algo que acaba por ser uma frustração para aqueles que adoram discussões. É o pior que lhes pode ser feito. Ficam sem saber o que fazer. Ainda tentam mais duas ou três vezes mas acabam por se calar porque não têm troco. Provavelmente mudam-se para outra pessoa mas percebem que não têm importância suficiente para aborrecer aquela determinada pessoa que tanto desejavam aborrecer.

Por isso é que considero que o silêncio é a melhor resposta num duelo de palavras que não leva a lado nenhum. Porque não é preciso falar nem discutir para revelar inteligência. Não é preciso rebaixar o outro para mostrar superioridade. É tão simples como escolher as guerras que realmente são importantes, que têm de ser travadas e ignorar tudo o resto.

12 comentários:

  1. É ignorar... Aquilo é mal de clube que por norma o presidente também nunca diz nada acertado

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    1. O exemplo dos treinadores só serve de mote para o texto. Aplico isto a todas as situações do género.

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  2. Pipocante Irrelevante Delirante10 de agosto de 2015 às 19:34

    O jasus sempre foi um javardolas arrogante e cheio de bazófia. Os vermelhos não o admitiam porque, como diz o ditado, quem ama o feio...
    Agora, os que disseram que o Mestre se limitou a dar uma festinha no polícia de Guimarães já o acusam de ter agredido o Jonas.
    Meteu-se com o Vitória (os recados nem eram para ele, mas pronto), como já se metera de modo deselegante com o Manuel Machado. E em Londres, lembram-se?
    Jesus é, como sempre foi, Jesus.
    Aguentem-se.

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    1. Não te tiro razão nos "defeitos" que podem escapar a quem "ama". Mas também nunca fiz parte das pessoas que olham para JJ como o homem que inventou o futebol. Tens muitas lacunas como treinador. Acho que - dependendo do projecto - é daqueles treinadores que têm um grande impacto no primeiro ano.

      Mas isto dos treinadores serviu apenas de mote para o texto. Até porque a guerra de JJ é com Vieira e com a estrutura do Benfica.

      Não chamo agressão mas não foi um cumprimento normal. O objectivo de JJ não era apenas cumprimentar.

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  3. Percebo o teu ponto de vista mas não te parece que o SL Benfica de tanto desvalorizar as declarações do Jesus acaba por ficar remetido a um papel inferior, sem voz e sem presença na imprensa? Isso só prejudica o Rui Vitória. Agora é a altura de estar unido e em viva voz defender a opção de ter mudado de treinador (para melhor ou pior... vamos ver)
    Abraço

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    1. O Benfica vem de uma pré-época que seria ideal com Jorge Jesus (foi planeada quando ainda era treinador). Ou seja, estar 20 dias longe de Portugal com um treinador que já conhece os jogadores era perfeito. Com Rui Vitória deixou de ser perfeito. Teve de levar 30 jogadores para observar nesses dias, regressando a menos de uma semana do primeiro jogo oficial. Agora é que pode começar a arrumar a casa e começar a fazer um bom trabalho.

      Quanto às declarações, acho que o ideal é deixar JJ a falar sozinho. Responder é dar uma importância que ele não tem. Nem pode ter. Ele ou outro treinador qualquer. Nota-se que há ali qualquer coisa mal resolvida e ele quer fazer frente e mostrar-se superior à estrutura do Benfica. E vai continuar a falar. Repara que os reforços do Sporting são visto como o que vai fazer de Lima, o que vai fazer de Luisão e por aí. Existe uma colagem que JJ gosta de alimentar quando fala, aproveitando para se gabar. E quando assim é, é deixar a falar sozinho. A melhor resposta do Benfica será ganhar.

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    2. No caso da digressão a questão financeira terá pesado mais do que a gestão desportiva. Penso que a ida ao continente americano contribuiu para acabar rapidamente com o estado de graça do Rui Vitória. Agora, com a casa arrumada, é altura de vencer todos os jogos até ao Dragão (5ª jornada). Se o conseguir ganha uma estabilidade que faz imensa falta para atacar o tricampeonato!
      Abraço

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    3. Mas a verdade é que tudo estava certo antes dele chegar. E nada podia ser mudado. Penso como tu. Espero uma vitória e uma boa exibição no Domingo, de modo a que tudo comece a normalizar.

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  4. No que ao futebol diz respeito, passe-me totalmente ao lado, pois é tema/campo que não me tira o sono, mas no dia a dia sem dúvida que é o melhor a fazer.

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    1. O futebol serviu apenas de exemplo. Pois acho que deve ser assim em tudo.

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  5. Cada vez concordo mais contigo.
    Não sei se é da idade :-) , mas cada vez tenho menos paciencia para conversa da treta.
    Escolho criteriosamente as guerras, muitas das vezes o silêncio responde e muito bem, na minha opinião.
    Tenho a ideia ( não sei se é errada ) que há pessoas que tem necessidade da adrenalina da discussão para viver.
    Quanto à necessidade de rebaixar o outro, entendo isso como baixa auto estima. Acho que quem tem segurança não tem necessidade de ser arrogante.
    Falta também amabilidade e gentileza na forma de falar. Muitas vezes falar de forma meiga é tido como sinal de fraqueza.
    Podemos muito bem afirmar a nossa opinião ou intenção, falando cordialmente sem necessidade de arrogância ou agrecividade.
    Basta sermos acertivos

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    1. Nem todas as discussões devem ser travadas. E muitas ganham-se com silêncio. É uma lição que todos aprendem mais cedo ou mais tarde.

      De resto, precisar de rebaixar alguém numa conversa diz muito de quem tem essa necessidade.

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