7.7.15

não. όχι . nein

A resposta que o povo grego deu aos credores através de um referendo não deixou margem para dúvidas. O não foi claro e, pelo menos para mim, esperado e nada surpreendente. E se a Grécia já dominava as notícias um pouco por todo o mundo passou a ser um tema ainda mais presente nos serviços noticiosos. E agora? Qual o futuro? São as perguntas para as quais todos procuram resposta e para as quais todos dão palpites.

Ao longo dos últimos dias tenho visto, ouvido e lido muita coisa. De um lado estão aqueles que chamam arrogante a Alexis Tsipras e a Yanis Varoufakis. Aqueles que defendem que os gregos estão loucos e que não sabem onde é que se estão a colocar. E aqueles que imaginam a Grécia a transformar-se num país cada vez mais devastado. Do outro lado estão os que aplaudem os gregos pela coragem de votar não. Aqueles que se congratulam por existir quem tenha coragem de dizer não aos bichos papões da Europa.

Não sei o que vai acontecer à Grécia. Não sei o que vai ser do povo grego. Mas olho para este não como uma gigantesca chapada para aqueles que gostam de liderar através do medo. Através da política do somos melhores do que tu, tu dependes de nós para tudo e sem nós não és ninguém. Um cenário que os portugueses tão bem conhecem porque também vivem na sombra do medo há muitos anos.

Este não - numa luta mais política do que financeira - é um sinal claro de que o medo não venceu. O medo não intimidou os gregos. E considero que este "não" não se traduz apenas numa vitória do povo grego. Acredito que é uma vitória que é saboreada por muitas pessoas um pouco por toda a Europa. Sobretudo por aqueles que querem dizer "basta" à política do medo e da chantagem dos bichos papões.

20 comentários:

  1. Assino por baixo. Este NÃO mexeu com todos nós, os que sabem que este sistema é um fracasso, há que procurar alternativas, há que dizer basta, um grande bem haja ao povo grego.

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  2. Espero mesmo que a vitória seja saboreada por muita gente por essa Europa fora... Só é pena é que não possam ser só esses a pagar o novo resgate da Grécia, e o próximo, e o seguinte! Porque é que eu serei obrigada a apagar com os meus impostos o nível de vida de um país que não quer ter as contas em ordem?! São 175 mil milhões de € que Portugal teria de DAR à Grécia! E a mim ninguém me perguntou nada

    Não tenho problema que as pessoas digam "basta", desde que percebam que dizer "basta aos papões" é dizer "basta ao dinheiro"! Se disseres ao teu banco que não pagas o empréstimo, eles fazem o quê, oferecem-te o dinheiro? Tem juizo...

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    1. Olá Catarina,

      Começando pelo fim do teu comentário. Não preciso de ter juízo porque não devo dinheiro a nenhum banco. Não tenho nenhum empréstimo, como tal não tenho de falar com o banco para dizer que não vou pagar o que quer que seja.

      De resto, pelo que li, os gregos não disseram que não pagam. O que se passa é que todas as propostas da Grécia foram recusadas. Li também que diversas medidas impostas à Grécia serviram apenas para desperdiçar dinheiro sem contribuir para nada. O que se passa com este não, pelo menos aos meus olhos, é que os papões perceberam que o acordo - que acabará por acontecer - tem de ter em conta o povo grego e não os desejos dos papões. Apenas isso.

      Por fim, não estou preocupado com o dinheiro que tenho de DAR à Grécia. Antes de me preocupar com isso, preocupo-me muito mais com o dinheiro que tenho de DAR para pagar aquilo que acontece no meu País. Preocupo-me com os bancos que tenho de financiar e por aí fora. Só depois é que me preocupo com o dinheiro que tenho de DAR à Grécia.

      Resumindo, tenho juízo porque não gasto dinheiro que não é meu nem me perco em dívidas para sustentar vícios. Agora, tiro o meu chapéu a todas as pessoas que conseguem ter coragem de fazer frente aos que querem mandar neles de toda a forma e feitio. Só isso.

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    2. Desculpa me intrometer na conversa Bruno, mas Catarina, EU tenho um empréstimo sim, e já houve uma altura muito difícil devido a doenças no seio da minha família e que disse ao banco, NÃO CONSIGO PAGAR, MAS QUERO PAGAR, simplesmente preciso de mais tempo e duma prestação mais pequena por uns tempos, e como tal, porque devo e não me recuso a pagar a minha divida, (como acontece com a Grécia), o meu banco concedeu-me uma solução viável até poder novamente entrar nos eixos. Eu revejo esta situação com a Grécia, eles querem um alargamento de prazo e juros mais baixos para pagar a dividas, os "senhores glutões", é que não são capazes de negociar de forma sustentável para todos. Eu vejo assim, emprestam 100, querem reaver 500, então porque não reaver só 250? Todos ficaram satisfeitos, todos ganhariam, e o dinheiro voltava! Para não falar que que o Primeiro ministro está a lutar pelo o seu povo, coisa que o nosso governante, nunca fez, disseram-lhe para cortar nos ordenados e pensões, e bem mandado que é assim fez! Quem ficou lesado? O povo português! Para não falar nas falências de bancos portugueses, que isso já é outro assunto, mas que continue a ser o povo que pagar aquilo que os nossos governantes decidem sem nos dar o direito de voto!

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    3. Ok, então preferes DAR dinhiero à Grécia do que aos bancos que têm o teu dinheiro ou dos teus amigos? Não me parece racional, mas é justo.

      As medidas que se pediram à Grécia foram liminarmente recusadas ou revertidas.

      Eu também não tenho dívidas, mas a Grécia tem. E não pode não as pagar (como qualquer pessoa que deva ao banco). Desculpa mas não pode. Porque senão nós também não pagávamos!E de repente tens uns países a brincar à caridade...Achas que isso ia resultar bem? Achas isso justo?
      É muito bonito ser-se a favor do Não na Grécia (lá longe) quando aparentemente isso não nos afecta. Mas quando te aumentarem os impostos em 17.500€ (pelo menos, pq há portugueses que estão isentos) não vais refilar, certo?
      Eu vou, porque não estou para sustentar o vício da Grécia de gastar despesa pública como se fosse infinita!

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    4. @Catarina

      Eu disse que prefiro dar à Grécia? Só referi que antes de me preocupar com dinheiro português para a Grécia preocupo-me com o dinheiro que tenho de dar - sem escolha - para pagar os escândalos bancários nacionais para os quais não contribuí e que encheram os bolsos a muitas pessoas. Antes de me preocupar com o quintal dos outros olho para o meu. Só isso.

      Quanto à Grécia. Apresentou soluções que foram sempre recusadas. E volto a dizer, pelo que li, medidas impostas à Grécia e que foram cumpridas, não solucionaram nada. Simplesmente agravaram a situação.

      Pelo que percebi, a Grécia não diz que não paga. Quer é pagar de uma forma sustentável para o país. Há quantos anos é que me aumentam tudo e mais alguma coisa (menos o ordenado)? Há quantos anos é que os portugueses comem e calam sem que tenham uma vida melhor?

      Compreendo o teu ponto de vista mas antes de me preocupar com sustentar o vício da Grécia preocupo-me em sustentar a vida de portugueses que me vão aos bolsos todos os meses. Acho que os portugueses deviam olhar para a realidade nacional com olhos ainda mais críticos do que aqueles com que olham para a Grécia. Mas muitos preferem olhar para a Grécia e condenar tudo o que por lá se passa enquanto assobiam para a realidade nacional.

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    5. @Nina

      Tocas em muitos pontos que as pessoas preferem fingir que não existem. Por cá pagamos tudo a todos com a maior das naturalidades. E ainda dizemos que "tem de ser, temos apertar o cinto para um futuro melhor". Mas depois é a revolta com o que acontece em outros países. E é pena que seja assim.

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    6. @Nina, óptimo exemplo, obrigada por partilhares.
      Queria só referir de que o mesmo já foi feito com a Grécia - já se apresentaram N propostas de extensão do período, já se perdoou parte, já se minimizou juros; aquilo de que não se está disposto a arriscar é de que o valor a pagar pelo Grécia seja 0! Porque no exemplo que referes, eles emprestaram 100, estão a pedir 105 de volta, e a Grécia quer pagar 50 (não os 250 que referes). Acho que sendo informada como pareces percebes que isto não pode ser sustentável, porque não há incentivo a emprestar...

      @homemsemblogue, se apoias o Não, estás a dizer que preferes que o mais do teu dinheiro vá parcialmente para a Grécia. Só isso. Que te fique claro aquilo que defendes.
      Quanto ao resto: A Grécia não cumpriu - nem antes do Syriza, muito menos depois (falhou pagamentos muito avultados). Podes ver aqui um resumo: http://oinsurgente.org/2015/01/16/portugal-nao-e-a-grecia-2/

      Eu olho para a realidade nacional, e vejo que ainda há imenso a fazer na maneira como se governa e sobre o que se governa. Mas vejo também uma segurança financeira que não vejo na Grécia, fruto de muito trabalho para restituir a confiança à tag "Portugal". E vejo sobretudo que se tivermos de contribuir para financiar a Grécia, ficamos mais à rasca do que estamos, com a consequência de nos virem aos bolsos. E acho isso inadmissível, por causa dos marmanjos gregos que claro que querem mais dinheiro. Há muita gente que não está bem - mas os gregos estão na lama mesmo e recusam-se a reconhecer isso e a mudar o MO tipico. Nós mudámos, e estamos a dar a volta por cima, devagarinho, mas estamos.

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    7. Tens razão, somos um povo que aceita, que não se revolta! E infelizmente há quem se aproveita desse facto. Os poucos que tentam, são logo desmoralizados, no meu ver, aquilo que temos de lembrar sempre é que a União faz a força! E a Grécia fez prova disso,Aléxis Tsípras, pelo o que li apresentou medidas viáveis, como por exemplo, cortar na defesa, taxar os jogos online, criar imposto para as riquezas, tudo soluções que não prejudicaria o ordenado ou pensões do povo, MAS estas propostas foram vetadas!! Porque pergunto eu? O povo não é louco, viu que ele está do lado deles e o que prova que a união faz a força, foi a vitoria do NÃO com uma percentagem esmagadora, mesmo sabendo as consequências deste voto, não baixaram os braços não tiverem medo e isso é de louvar.

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    8. Pedido de resgate está entregue e é por três anos. No Parlamento Europeu, Tsipras pareceu recuar na insistência no perdão imediato da dívida. Agora pede que se "comecem as negociações nesse campo". in Observador, 08.07.2015
      http://observador.pt/2015/07/08/ainda-e-possivel-evitar-grexit-estamos-a-lutar-diz-moscovici/

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    9. @Catarina

      Em momento algum digo que não devem pagar. Gosto é que existam pessoas que tenham coragem de fazer frente a quem lhes mete medo. Só isso. É claro que têm de pagar mas devem existir negociações e cedências de parte a parte. Não é fazer tudo o que os papões querem sem questionar nada. Só isso.

      E volto a dizer que temos muitos problemas por cá. Temos muitas dores de cabeça para resolver e estamos preocupados com a Grécia quando não resolvemos os nossos problemas.

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    10. @Nina

      É mesmo de louvar. E é isso que defendo. Não o boicote ao pagamento.

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    11. @Anónimo

      O acordo será inevitável. Mas acredito que existam cedências de parte a parte, o que faz sentido.

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  3. Tenho exactamente a mesma opinião, não podemos prever o futuro, não sabemos o que irá acontecer, mas acredito que quem se opôs como a Grécia fez, terá um futuro com esperança. Posso estar enganada, mas acredito que sim, porque eles, ao contrario de nós, tem alguém que luta para que a austeridades seja feita com pesa e medida, para não haver cortes nas pensões e nos ordenados. Eles NÃO dizem que NÃO querem pagar, eles dizem que Sim, querem, mas sem prejudicar o seu povo. E isso acho que é de louvar e uma bela chapada de luva branca aos senhores do FMI e do BCE.

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    1. É realmente uma bela chapada. E que espero que venha a mudar algo.

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  4. Sem dúvida que sim, também consigo ver as coisas nessa mesma perspectiva.

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