15.6.15

pessoas e as suas bagagens: qual o peso das mesmas?

Sofia Hellqvist é o mais recente caso de uma plebeia que passa a princesa depois de casar com um príncipe, neste caso Carl Philip da Suécia. Este não é o primeiro caso de uma mulher do povo que conquista um príncipe. Aqui ao lado, em Espanha, temos outro exemplo de uma plebeia que encantou um príncipe. E existem muitos outros exemplos em muitas outras casas reais. Estes casos têm em comum a difícil aceitação que algumas pessoas revelam com esta mudança na vida dessas pessoas. 

O caso de Sofia Hellqvist é um pouco diferente das restantes histórias. Ao facto de ser uma mulher do povo, a jovem conta com um passado onde constam trabalhos como stripper, produções fotográficas ousadas, a participação num reality show e ainda ter trabalhado, em discotecas, como barmaid. Esta é a bagagem de Sofia Hellqvist. Que nunca teve qualquer importância para o príncipe sueco. Que não abdicou da sua namorada com receio do que a realeza pudesse pensar nem sequer do impacto que o namoro e agora casamento tivesse junto dos suecos. 

E este recente episódio levanta a questão da bagagem que cada um carrega. Qual o peso da mesma numa história nova entre duas pessoas? Acredito que todas as pessoas têm a sua bagagem. Todas as pessoas têm, no seu passado, episódios dos quais podem não se orgulhar e que aconteceram por um determinado motivo. A diferença entre a maioria das pessoas e Sofia é que a sua vida é observada ao detalhe enquanto as restantes têm uma maior facilidade em preservar determinados aspectos das suas vidas que não sendo escondidos também não são bandeiras. 

Mas até que ponto o passado tem influência numa relação entre duas pessoas? O facto de, por exemplo, uma mulher ter sido stripper impossibilita que seja uma boa mulher? Ou uma boa mãe? Trabalhar em discotecas e fazer produções ousadas para revistas impedem que uma mulher seja uma boa companheira? E o homem que se cruzar com uma mulher com um passado destes não terá também a sua bagagem? E esses momentos do passado importam alguma coisa? 

Acho, e sempre achei, que o passado pouco ou nada importa numa relação. Aquilo que realmente importa é a bagagem que as duas pessoas começam a construir a partir do momento que a sua história passa a ser feita em conjunto. É isso que importa e apenas isso. Porque é isso que vai estar vincado nas memórias de ambos. Porque vão ser realidades vividas por ambos. E se considero que a bagagem não importa também não pode ter relevo o peso que terceiros querem atribuir ao passado de um casal.

12 comentários:

  1. "Acho, e sempre achei, que o passado pouco ou nada importa numa relação"... Mas tens noção que muita gente não pensa assim? Aliás, a maioria das pessoas é falsa puritana - muito rápida a criticar os outros e a esquecer que todos (sim todos) temos telhados de vidro.

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    1. As pessoas preocupam-se muito com aquilo que os outros pensam sobre si. E isso é um grande obstáculo. E sim, TODOS temos telhados de vidro. Sobretudo aqueles que juram que não.

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  2. Concordo contigo, ressalvo apenas bagagens criminosas, especialmente alguns crimes que repudio fortemente como violação ou violência doméstica.
    Neste caso em particular acho que o Príncipe tem uma coragem e vontade de ferro para colocar o amor acima de tudo o resto. São estes exemplos que me fazem acreditar que ainda há esperança de um dia a humanidade ser livre de preconceitos.
    De qualquer forma estamos a falar da Suécia que é um bom exemplo de uma sociedade livre de preconceitos e estigmas.

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    1. Tens toda a razão nos exemplos que dás.

      Tem piada que o povo não queira pessoas do povo como princesas mas depois o povo adora princesas próximas do povo. Tem a sua piada.

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  3. Gosto de te ler.
    Fossem muitas pessoas, mulheres e homens, como tu.
    Tens uma visão justa e equilibrada do mundo e das pessoas.
    Beijinho

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    1. Sou apenas mais uma pessoa em tudo igual a todas as outras. Mas obrigado pelas tuas palavras. Sabe bem ler.

      Beijos

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  4. Na minha opinião o assunto não é muito linear.
    Há situações em que o passado pode servir para nos alertar para condutas que são repetitivas.
    Temos o exemplo da violência doméstica, uma pessoa que use da violência para humilhar outro ser é muito provavél que a volte a usar.
    Posso contar um caso pessoal em que o passado me podia ter alertado. Tive um relacionamento, até longo, com um homem que toda a vida foi infiel às enumeras antigas companheiras.
    Eu, tal como tu, acreditei que o passado não tinha nada a ver e acreditei que as pesoas podem sempre mudar.
    Mas verifique que não, há pessoas que nunca mudam. Acho até que a maioria nunca muda.
    È apenas um exemplo em que o passado devia ter contado. Tinha-me poupado a varias amarguras.
    Agora penso de forma diferente, tenho sempre em conta o passado. :-)

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    1. Percebo o que dizes e acabei por ignorar essas excepções no texto. Pensei mais nas profissões e naquelas coisas que menos nos orgulham. Mas mesmo o caso que referes pode ser algo que não voltará a acontecer. O objectivo do texto é acreditar que todos temos bagagem de que não nos orgulhamos e que isso não tem de ter impacto junto de pessoas que nada têm a ver com isso.

      No teu caso é normal que o passado passe a ter um impacto maior :)

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  5. Concordo contigo na maioria dos casos.
    Quanto ao meu exemplo, "cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguem" ;-)

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  6. Concordo contigo, mas essa é uma das grandes desvantagens de se ser "famoso", falam de tudo e mais alguma coisa.

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    1. No caso da realeza é a própria família real que faz a pesquisa.

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