22.6.15

e se fosses tu? não fazias o mesmo?

Sempre que surgem notícias de jogadores ou treinadores que mudam para clubes rivais é feita a comparação com o trabalhador comum, que tem um emprego das nove às cinco. "Se fosse contigo não mudavas?" e "se uma empresa concorrente da tua te desse mais dinheiro tu não ias?" são dois dos exemplos utilizados. Eu compreendo esta comparação que tentam fazer. Mas tenho alguma dificuldade em aceitar a mesma. 

A começar pelas realidades. A esmagadora maioria dos trabalhadores ganha um valor consideravelmente baixo. Os jogadores de futebol fazem parte de uma indústria que movimenta milhões, especialmente aqueles que conseguem colocar adeptos a discutir uma mudança de clube. É certo que um trabalhador normal terá, em condições igualmente normais, uma carreira longa. Um jogador de futebol não. Mas no pouco tempo de carreira, se tiver juízo e for bem orientado, ganha muito dinheiro. 

Quando a publicação onde trabalho vai para as bancas eu não recebo um prémio monetário. Quando faço um x número de textos por dia ou por semana não recebo um prémio monetário. Quando a publicação sobe as vendas também não recebo um prémio monetário. Quando somos os melhores do mercado também não recebo nada a mais do que o meu ordenado. É certo que em alguns empregos existem recompensas mas não ao nível dos prémios que os jogadores têm além do ordenado. é por coisas como estas que não olho para as realidades com os mesmos olhos. 

Existem jogadores e treinadores que trocam os clubes onde estão há muito por mais 100 ou 200 mil euros por ano. Isto é capaz de ser semelhante a um trabalhador normal trocar de empresa por cerca de mais 300 ou 500 euros por ano. E, neste caso, será que aquelas pessoas que tentam colocar a questão num plano meramente profissional  mudavam de empresa por este valor? Haverá quem troque. Eu não! 

Já tive propostas para sair do meu local de trabalho. Propostas ligeiramente mais altas. Se tivesse um impulso meramente financeiro mudava logo. Dizia logo que sim e ia a correr. Mas sempre que isso aconteceu pensei no percurso que já percorri na minha empresa. No espaço que conquistei. Nas regalias que tenho. No ambiente. Tudo coisas que perdia numa eventual mudança que me levava a começar do zero e a ter de conquistar tudo isso novamente. E acabei por responder não. Não digo que não pudesse dizer sim mas não o faria por tão pouco dinheiro. Porque um valor baixo não compra uma grande mudança para o "desconhecido". E é por isto que não compreendo quando certos jogadores trocam projectos de anos por "pouco" dinheiro extra. Por uma quantia que não lhes vai dar nada mais do que aquilo que já têm e que continuavam a ter no local onde estão há muito.

10 comentários:

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  2. Isso depende mesmo das pessoas, e dos ramos em que trabalham claro, faz parte.

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  3. Isso é muito relativo, imagina que no teu trabalho, não tem o reconhecimento que acha merecer, não tem um bom ambiente de trabalho, ou ainda que teu chefe manda-te "bocas"? Não podemos julgar as pessoas pelas suas escolhas, cada uma é que sabe o que se passa consigo, eu, pessoalmente, adoro mudar, e isso tem valido a pena ;)

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    1. Isso é outra questão. Mas tive como exemplo relações longas onde tudo corre bem. Quando as pessoas estão mal é normal que mudem à primeira oportunidade.

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    2. Concordo, HSB. Concluí-se, portanto, que essas pessoas não estavam bem.

      (Mas um certo caceteiro ficaria ainda pior com a mudança para o Dragão. Seria persona non grata entre os adeptos. De minha parte, quero acreditar que o Pinto da Costa só quer inflacionar o salário do jogador em questão. Quanto mais o SLB gastar com ele, menos tem para gastar com outros ;-)

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    3. Não sei se ele vai mudar ou não. Mas, e pegando nesse caso, ele não está mal. Uma pessoa que diz ao seu patrão, comigo está tudo bem para assinar e que depois não assina porque o empresário quer uma comissão com um jogador que já está num clube, não está mal. Quer dizer, está mal orientada.

      Acredito que o Benfica não entra em loucuras. Já disse ao empresário que nada lhe dá e ao jogador fez uma proposta que não é exagerada mas sim real tendo em conta a sua importância no plantel. Entrar em loucuras é que não. Se não quiser, que vá à sua vida.

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    4. Se o jogador não cogitasse a hipótese de ir para um rival directo, o empresário conseguiria impôr a sua vontade? Tenho muitas dúvidas. De qualquer forma, que vá à sua vida, concordo. Mas para longe do Dragão.

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    5. Mas o empresário não está a impor nada porque já sabe que nada ganha. O problema agora é entre jogador e empresário. Por exemplo, existe um jogador brasileiro cujo empresário - com interesse - queria que fosse para o Porto. O jogador prefere permanecer no Brasil. O empresário insistiu no negócio. O jogador cortou relações com o empresário. E este é o caminho a seguir. Porque os empresários nem sempre procuram o melhor para a carreira mas o melhor para a conta bancária. E é muito triste que tantos jogadores coloquem a sua vida nas mãos de empresários parecendo que não sabem/conseguem pensar em nada.

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