11.6.15

as crianças são mesmo a melhor coisa do mundo

Por norma as pessoas tendem a olhar, de forma mais ou menos discreta, para aquelas pessoas que fogem da normalidade. E isto inclui, como é o meu caso neste momento, as pessoas que se deslocam com auxílio de muletas. Sobretudo quando a estas se junta uma “meia” de gesso de dimensão considerável. Como tal é comum notar que algumas pessoas estão a olhar para mim, algo perfeitamente normal.

Quanto aos adultos, aqueles que me conhecem perguntam o que aconteceu, como estou e quanto tempo demora a recuperação. Aqueles que não me conhecem pouco ou nada dizem. E os que falam dizem quase sempre o mesmo: “hoje não jogas futebol”. Esta é a “piada” que mais tenho ouvido de desconhecidos e com a qual também brinco, respondendo com humor.

No que às crianças diz respeito a realidade é completamente diferente. A começar pela sua naturalidade. É rara a criança que se cruze comigo que não aponte para a perna. Que não fale em voz alta. Que não chame alguém, por norma o pai ou a mãe, para ver o que se passa. Depois existem aquelas que se colocam de cócoras perto de mim a analisar aquela gigantesca e pouco comum, para eles, meia branca. E existem crianças que gostam de falar comigo para perceber o que se passou.

“Ohhhh, coitadinho. O que te aconteceu?”, perguntou-me uma menina que deveria ter os seus oito anos.

“Aleijei-me a jogar futebol”, disse.

“Deve ter sido grave”, acrescentou.

“Foi. Tive de ser operado”, expliquei.

“Eu uma vez também tive de ir ao hospital. Até me meteram uma pulseira que teve de ser cortada para tirar. Fui forte e não chorei”, contou-me.

Ontem foi a vez de um menino tentar adivinhar o que tinha num diálogo com a mãe.

“Mãe, olha a perna do senhor”, diz.

“Deve ter caído”, refere a mãe.

“Não. Acho que não. Deve ter torcido o pé”, explicou o menino.

Estes são apenas dois exemplos das reacções dos mais pequenos. Dizem o que lhes vem à cabeça. São espontâneos e sinceros. E muito divertidos. E as crianças são mesmo a melhor coisa do mundo. Disso, não há dúvidas.

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