1.6.15

a criança que fui

Para algumas pessoas os meus 34 anos invalidam que celebre o Dia da Criança. Mas a verdade é que nunca deixei de ver este dia como meu. E gostava tanto dele com dez anos como gosto dele com 34 anos. Não só gosto de me ver como uma criança como é com orgulho que digo às pessoas que sou uma eterna criança. Tal como me enche de orgulho quando isso é mencionado pelas pessoas que me são mais próximas.

E esta qualidade, irei sempre considerar o espírito jovem (igual ao de uma criança) uma qualidade, tenho de agradecer aos meus pais. Que fizeram das tripas coração para que fosse (tal como a minha irmã) uma criança feliz. Lutaram e deram o melhor para que o sorriso estivesse constantemente no meu rosto. Educaram-me da melhor forma. Deram-me as ferramentas para saber distinguir o bem do mal. Ensinaram-me a conhecer as pessoas verdadeiramente em vez de me deixar levar pelas aparências e palavras vazias de cada um. Nunca me proibiram de nada mas ensinaram-me a saber escolher.

E talvez mais importante do que isto, nunca me quiseram comprar com brinquedos e coisas que tal. Nunca me deram dinheiro e disseram “não me aborreças”. Nunca me disseram para sair de perto deles pois estava a chatear. Coisas cada vez mais comuns nos dias que correm em que muitos pais defendem que são os professores que têm a missão de educar os seus filhos. Algo que é provavelmente o maior erro que um pai pode cometer delegando a sua grande missão a terceiros.

Tive computador com alguns jogos mas nunca fui incentivado a passar muito tempo em frente ao mesmo. Pelo contrário, os meus pais incentivavam-me a brincar com os meus amigos na rua. É certo que os tempos eram outros mas é algo que se tem vindo a perder de forma injusta. Em vez de ser alimentado com jogos virtuais era alimentado com brincadeiras reais. E que saudades do 35, do mata, das cinco pedras, do futebol na rua, do basebol na praceta, das escondidas e também das festas de rua organizadas pelas crianças.

Além disso, os meus pais nunca me obrigaram a estudar. Não me proibiam de fazer coisas com ameaças de notas. Escolheram outro caminho. Mostraram-me que tinha tempo para tudo mas que não podia ser desleixado na escola, local onde poderia construir o meu futuro. No futebol não me obrigaram a ser o melhor do mundo. Ensinaram-me a ser o melhor que posso ser e a dar o meu melhor de modo a ficar de consciência tranquila. Também me ensinaram a amar. A respeitar. E a não usar ninguém como meio para um fim.

É por tudo isto, e graças aos meus pais (que me desculpem os outros mas são os melhores do mundo), que posso dizer que fui uma criança feliz. Melhor, que posso dizer que sou uma criança feliz e que não vivo dominado por sentimentos menos bons. E que posso garantir que este espírito jovem, criado e alimentado por eles, estará sempre presente em mim, dando uma perspectiva muito melhor à vida. Obrigado por tudo. Feliz Dia da Criança para todas as “crianças” que por aqui passam e para as suas crianças. Para todas! Em especial para a minha sobrinha linda que muito amo e que quero encher de beijos hoje.

6 comentários:

  1. Os meus pais também foram assim como os teus e tenho tanto a agradecer por isso =) Continua sempre com esse espírito jovem em ti!

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  2. Também sinto o dia da criança como meu, ainda hoje. Sempre. Fui a criança mais feliz graças aos melhores pais (desculpa, os meus é que são os melhores!) e continuo a celebrar o que fui e o que sou, porque sem esta pirralha amorosa que era, nada disto hoje faria sentido. Um excelente dia para ti também!

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    1. Assim é que tudo faz sentido e os meus é que são os melhores ;p

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  3. Que tenhas tido um dia feliz também :)

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