12.5.15

os corpos de praia

Neste texto falei sobre a polémica que se instalou por causa de uma campanha onde aparece uma mulher de biquíni acompanhada da pergunta “are you beach body ready?”. A polémica instalou-se porque várias pessoas consideram que todos os corpos estão prontos para ir à praia e que esta publicidade passa a imagem de que é necessário um corpo daqueles para se ir à praia.

Daniela Ruah, a talentosa actriz portuguesa que está a conquistar o seu espaço nos Estados Unidos da América partilhou uma imagem nas redes sociais. “Working the booty with Murphy Fitness in this exercise, for bikini season!”, escreveu na legenda da imagem. A foto em questão é esta.


A Protein World, a marca da polémica publicidade, é seguida por pouco mais de 55 mil pessoas no Facebook. Além disso, a campanha está exposta na rede de metro de Londres (não sei se está em mais algum local). Por sua vez, Daniela Ruah é seguida por 218 mil pessoas na rede social Instagram. No Facebook tem quase um milhão de gostos. Ou seja, aquilo que a actriz partilha tem um grande alcance e influencia diversas pessoas em todo o mundo – por exemplo existe uma conta de instagram onde se mostra/ensina a vestir como Daniela Ruah.

Pessoalmente, e não passa da minha opinião, Daniela Ruah tem um corpo tão ou mais cuidado do que o da manequim da publicidade. Entra nas listas das mulheres mais bonitas e sensuais do mundo. É destacada pelos cuidados que tem com o corpo, entre muitas outras coisas. Ou seja, é vista como um exemplo. E os comentários partilhados nas redes sociais (da imagem em questão) comprovam isso mesmo. Voltando à publicidade da polémica, as críticas centraram-se na imagem da mulher e no seu corpo que muitos defendem estar a ser “vendido” como o corpo ideal para estar na praia. Junto ainda Sara Sampaio à conversa pois a manequim portuguesa aparece na edição de Maio da revista Harper´s Bazar, edição do Reino Unido, num trabalho dedicado aos corpos de biquíni.


Qual o motivo pelo qual uma mulher (a da publicidade) é vista como menos “real” e as outras são vistas como um exemplo? Uma está a promover um produto, outra está a promover o PT, a outra faz parte de um artigo que tem procura feminina e todas querem ter o corpo (o seu, que não tem de ser desejado por todas as mulheres) pronto para a praia. Mas, por exemplo, não há uma única voz que acuse Daniela Ruah de estar a dizer que está a preparar o corpo para a praia quando já tem um corpo trabalhado e devia dar o exemplo de que todas as mulheres estão prontas para ir à praia.

Daniela Ruah é vista (e muito bem, saliento isto) como um exemplo. Por sua vez, Sara Sampaio é também (e muito bem, volto a salientar) vista como um exemplo a seguir, até pelos exercícios que costuma partilhar. Por sua vez, Renee Somerfield, a australiana que protagoniza a campanha é criticada porque se está a passar a imagem de que é necessário ter um corpo xpto para ir à praia.

Cada qual faz a leitura que quer de um anúncio. É verdade que existem anúncios que são exageradamente agressivos. Mas continuo a defender que culpar uma publicidade de um problema (ou vários) que muitos ignoram é um exagero. É varrer o lixo para debaixo do tapete do vizinho para que o problema passe a ser apenas dos outros.

Não existem corpos específicos para ir à praia mas a verdade é que todas as pessoas (pelo menos a sua maioria) gostam de trabalhar o seu corpo antes da época da praia. É por isso que, por exemplo, aumentam as inscrições nos ginásios porque as pessoas querem estar em forma para a praia. O mal não está nos corpos - cada qual com o seu - de praia mas sim em ignorar o corpo no resto do ano, apenas para dar um exemplo.

13 comentários:

  1. Cá para mim, pelo que leio, até a tua mais que tudo tem um corpo assim.

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    1. Isso não tem nada a ver com o assunto. Acho que as pessoas têm de se sentir bem com o corpo que têm e tentar ser a sua melhor versão. Por si e não pelos outros. E não devem falar mal dos corpos dos outros de modo a enaltecer o seu ou de modo a encontrar justificações para coisas que não fazem.

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  2. Já tinha falado no outro artigo e volto a dizer basicamente o mesmo neste... Estas mulheres não são menos reais que mulheres mais gordas. Não são! Mas o problema é que fazem parte de uma percentagem muito pequena de mulheres que têm o corpo assim. E são as únicas (praticamente) que são representadas nos media! É esse o problema, porque traz-nos o culto do corpo, a obsessão. Sim, a culpa nunca é só da publicidade. Mas também é. Se a publicidade "abraçasse" todos os corpos, de certeza que havia pessoas com mais auto-estima, com menos vergonha de ter um bocadinho de celulite. Qual é o problema? Eu detesto exercício e adoro comer. Não tenho tempo praticamente para exercício porque, por opção minha, prefiro passar o meu tempo livre a ler, a ver filmes e a ver séries. Ora, e por isto não posso ir à praia, não posso usar biquini? É porque é só isto que a publicidade transmite. Again, não estou a dizer que estas mulheres não são reais, são. E têm direito de ser representadas. Mas o resto das mulheres com corpos diferentes também têm.

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    1. Mas não podes ir à praia porquê? Quem te impede? Agora, quem gosta de comer e que detesta exercício físico não pode "ofender" ou mudar a forma como são vistas as pessoas que gostam de treinar.

      Por exemplo, partilhei no facebook a história de uma manequim profissional xxl que está a ser acusada de promover a obesidade. Acho que as pessoas têm de viver bem com o corpo que têm, com as suas opções sem que isso signifique criticar as opções dos outros.

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    2. Não estou a dizer que alguém me impede. Estou a dizer que não acho correto que a publicidade continue a propagar a ideia de que existe um corpo de praia. Ou seja, que as mulheres (e os homens em certos casos) têm de "merecer" poder não usar roupa ao ter um corpo de modelo.
      E quando é que ofendi quem gosta de exercício? Bolas estou a tentar transmitir que acho que a mensagem devia ser TODOS os corpos deviam ser igualmente aceites: corpos super tonificados sem nenhum gordura, corpos com alguma gordura, corpos com imperfeições, corpos obesos, who cares. E todos os corpos deviam ser igualmente representados é isso que estou a dizer.

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    3. Não disse que ofendeste mas a ideia geral é dizer que as mulheres magras são menos reais do que as outras. É com isso que não concordo. Repara que dizes os homens em certos casos. As publicidades que são feitas com homens despidos não são todas com homens com corpos musculados. A lógica a aplicar deveria ser a mesma.

      Acho que as marcas (desde que não recorram à edição para que os corpos sejam excessivamente transformados) são livres de escolher as pessoas que querem. De resto, todos têm que saber viver com as opções que tomam.

      Voltando aquele anúncio. É um produto que serve para emagrecer. Qual a lógica de ter uma pessoa com "excesso" de peso? Qual seria o cliente que pretende emagrecer e que está a pensar naquele produto quando vê alguém com o mesmo ou ainda mais peso do que tem? Escolhia outra marca.

      A correcta aceitação de que falas está na cabeça de cada um, nas suas opções e não nas publicidades que estão na rua.

      Depois, consoante o produto a vender é feita uma selecção do corpo a mostrar. Por exemplo, se fosse uma campanha para tamanhos grandes não fazia sentido ter aquela mulher.

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  3. Agora é que disseste tudo, as pessoas criticam A mas não criticam B que é exatamente o mesmo do que A, mas colocado de outra forma. Não faz sentido.
    E isso que dizes no final é bem verdade, só quando aparece o calor é que se lembram que querem um corpo perfeito para a praia.

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  4. My body is my temple e eu tento trata-lo bem :)
    Claro que adorava ter um corpo escultural........ Mas a vida é dura e temos que nos satisfazer com o corpinho que os genes dos papás nos deram , mesmo com idas ao ginásio durante todo o ano
    No entanto, estou convencida que a maioria dessas "gajas " dos corpos esculturais para além de muito ginásio também vão regularmente ao cirurgião estético que vai dando um toque aqui e ali . Assim se consegue um corpo quase perfeito :)
    Agora não me venham com histórias de que a publicidade só promove corpos perfeitos, logo pouco reais. Então queriam ver umas meninas assim mais rechonchudas? Com o belo do pneu? Não me parece . Até porque assim a publicidade iria perder a sua eficácia. Nós queremos sempre aquilo que nos parece quase impossivel de alcançar. Aí é que está o desafio.
    Também as "gordinhas", que se insurgem contra as outras ditas normais, não me convencem com a adoração do grande/gordo. Têm vergonha dos corpos que têm? Há um excelente remédio: fazer exercicio e não comer porcarias..... Custa? Claro que custa mas acaba por valer a pena. Podemos não ficar perfeitas mas ficamos muito melhor.
    No final disto tudo, o importante é sentirmos-nos bem no corpo que temos. Seja ele L , XL ou XS. Eu sempre fui redondinha e nunca tive reclamações !!! :)

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  5. Custa mais quando vês a idade passar e mesmo que faças exercício físico, desde sempre, perdes massa muscular e tens de te "contentar" com o corpo que exibes.
    Nada a fazer. Acho que nem os tratamentos xpto, que não me convencem.
    Mesmo assim, estou contente com o corpo que tenho.

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    1. As pessoas têm de tentar ser a sua melhor versão e têm de ficar satisfeitas com as opções que tomam.

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