8.5.15

a polémica are you beach body ready?

A Protein World, uma marca de suplementos vitamínicos, lançou uma campanha que se destaca por cartazes amarelos que podem ser vistos nas redes de metro inglesas. Além da cor, os cartazes destacam-se por uma mulher sensual (isto depende da opinião de cada pessoa) e da pergunta are you beach body ready?, que pode ser traduzido para algo do género: o teu corpo de praia está pronto? E, claro, as imagens dos produtos para perder peso.

E bastou isto para se gerar uma onda de indignação e polémica em torno da publicidade. Por exemplo, foi criado o movimento #EachBodyIsReady e existe também uma petição para que os anúncios sejam removidos. Este grupo de pessoas defende que está a criar-se um preconceito ao mesmo tempo que se adultera o conceito de saúde e bem-estar. Por sua vez, a marca defende-se. “É uma pena que, em 2015, ainda existam pessoas que não se alegrem por aqueles que querem ser mais saudáveis e fortes”, explica o director de marketing. Explica ainda que os cartazes não serão retirados e que a marca só prestará atenção à petição caso esta alcance o milhão de assinaturas. O cartaz em questão é este.


Nos dias que correm as pessoas chateiam-se por tudo e por nada. Tudo é ofensivo. Tudo serve para deturpar a nossa realidade. E não aceitamos nada. Nem um simples anúncio. E sou desta opinião porque isto não é mais do que um anúncio. Onde até aparece uma mulher que não tem um corpo excessivamente magro e definido. É um corpo normal. Igual a tantos outros que fazem, há anos e anos, publicidade às novas campanhas de biquínis das mais diversas marcas. Por norma, as campanhas de suplementos vitamínicos até têm corpos – de homens e de mulheres – muito mais trabalhados do que este.

Não consigo perceber o choque desta campanha. Porque, lá está, é apenas uma publicidade. Ninguém está a obrigar ninguém a comprar e tomar comprimidos para perder peso. Uma pessoa que olhe para esta publicidade e se sinta ofendida com a mesma terá de perceber o motivo dessa reacção. O caminho mais fácil será sempre culpar a marca, seja ela qual for. Mas os motivos não são esses. Não podem ser esses.

Num passado recente decidi mudar os hábitos alimentares. E a primeira coisa que disse à minha mulher foi que não tomava comprimidos para perder peso. Isso recuso-me a fazer. E não aconselho ninguém a seguir esse caminho. Isto é uma coisa. Ficar ofendido com esta publicidade é outra completamente diferente. E isso não consigo ficar. Porque uma publicidade não manda em mim nem no meu corpo. Se assim fosse, seria mau sinal. Mal de mim no dia em que me sentir mal por causa de um cartaz que está na rua ou no metro.

Acho que a grande questão relacionada com esta polémica diz respeito às mentalidades. Até porque basta ir ao facebook da marca em questão para encontrar sugestões de exercícios, receitas e um conselho que diz: “sê sempre a tua melhor versão”. Acho que hoje em dia tudo causa revolta e todos são culpados de coisas que não conseguimos fazer na nossa vida. O que é pena. Hoje critica-se esta publicidade. Amanhã dá-se os parabéns aquelas que têm corpos bem trabalhados, que partilham exercícios e hábitos alimentares nas redes sociais e que são vistas como "inspiração". Hoje critica-se este anúncio. Amanhã chama-se "gorda" à colega que tem um corpo normal.

21 comentários:

  1. As pessoas irão arranjar sempre algo para criticar. Enfim...

    Vanessa S.
    De Saltos por Lisboa,
    desaltosporlisboa.blogspot.pt

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  2. "é apenas uma publicidade." A publicidade nunca é apenas publicidade, tem um efeito bastante grande em praticamente toda a gente. O culto do "corpo perfeito" não vem do nada, vem de imagens e mensagens dos media, muito particularmente da publicidade. Eu penso que sim, há pessoas a ficarem demasiado ofendidas por tudo e por nada. Acho que este não é o caso. Não quero saber se publicidade a comprimidos, façam à vontade! Desde que a mensagem não seja perpetuar a ideia de que há um corpo perfeito. De que se deve ter um certo corpo para ir para praia. Pese-se 50 ou 200 quilos, toda a gente pode ir à praia e não deve sentir-se constrangido por ter um corpo "diferente". Acho que esta revolta é positiva no sentido em que está a obrigar as marcas a começarem a fazer publicidade diferente, publicidade que seja inclusiva de corpos de todos os tamanhos e feitios!

    Já agora, as melhoras!

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    1. Percebo o que dizes mas acho que esta publicidade não defende um corpo perfeito e até considero que escolheram uma mulher bastante normal. Não percebo onde surgiu a ideia de que uma mulher normal não pode ter um corpo daqueles. Vamos imaginar uma publicidade ao contrário. Uma cadeia de fast food com uma mulher com peso "a mais" do que esta, aquela que pelos vistos é real (já que esta não parece ser) a deliciar-se com um hambúrguer e acompanhada com a frase "seja normal". Esta publicidade seria bem aceite ou seria igualmente criticada?

      As publicidades de roupa de praia são, na sua esmagadora maioria, com pessoas (homens e mulheres) magras. Sempre foi assim. Uma pessoa sentir-se mal por causa de uma publicidade ou sentir-se inferior por causa disso é algo muito mau.

      Obrigado pelas melhoras.

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    2. Não é a questão da mulher ser normal ou não, todas as mulheres são normais. É a questão de haver um "corpo de praia". Não há.
      Ora esta mulher aqui representada não tem qualquer vestigio de celulite, gordura, um pneuzito a mais. E não há nada de errado com isso! Ainda bem para ela e para todas as mulheres que são assim! Mas não digam que as mulheres que têm um corpo diferente disto não tem corpo de praia.

      Em relação à hipotética publicidade que falou, novamento digo não há mulheres não reais. Se têm um corpo são reais. Acho que a publicidade seria criticada pois não há nada de anormal em não comer hamburgueres.

      Se acha que não é normal uma pessoa sentir-se mal por publicidade, diga isso a milhares de adolescentes que sofrem de anorexia e bulimia por serem constantemente bombardeadas com imagens do suposto "corpo perfeito" e por não conseguirem atingi-lo. Muitas vezes não basta fazer dieta e exercício para ter corpos iguais aos que vemos nos anúncios simplesmente porque temos estruturas corporais e metabolismos diferentes.

      E para finalizar se acha que estou a exagerar, basta ver do que falou no corpo anterior, o tal falado de dad bod e o que se "pede das mulheres". Ou seja, os homens podem ser um pouco desleixados e sexys na mesma, mas as mulheres não. Não estou a dizer que esta é a sua opinião, estou a dizer que somos bombardeados com estas merdas todos os dias.

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    3. E há quantos anos que as publicidades são assim? E os homens de roupa interior sempre com o abdominal definido? Acho que o problema não está nas publicidades mas nas mentalidades. E é mais fácil culpar um anúncio do que assumir responsabilidades.

      Falas das adolescentes. Quantos pais "ignoram" essas adolescentes e nem reparam nos sinais de que algo está mal? Quantos mais dizem não comas isto e aquilo que estás a ficar "gorda". E depois culpa-se o anúncio. Quantas adolescentes passam a vida a chamar gorda à amiga que não o é? Isto é um tema que dá para horas de conversa. A minha humilde opinião é de que culpar os anúncios é o caminho mais fácil.

      Pessoalmente, acho que ninguém deve ser desleixado a partir do momento em que esse desleixo afecta a saúde. Mas isto é algo pessoal e não deve ser tido em conta por causa de um anúncio. Agora, também não podemos chegar ao ponto de pensar que não existem pessoas como as dos anúncios ou que não são reais. Cada pessoa é o que é. Cada pessoa deve ser a sua melhor versão. Mas por si e não pelos anúncios.

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    4. A anorexia e a bulimia são doenças mentais. Não basta obrigar uma adolescente a comer, não vai resultar em nada. Por muito bons pais que sejam, é o mesmo que dizer a alguém com depressão "anima-te". As pessoas que têm estas doenças têm obviamente de ser tratadas.
      Uma adolescente que chama gorda a amiga? As adolescentes estão a crescer, de onde acha que tiram a ideia que as amigas são gordas? Acha que são más por natureza? Eu não digo que a publicidade seja culpada de tudo, mas garanto que manipula muita gente. É o objetivo dela afinal. Claro que adolescentes que são bombardeadas todos os dias por modelos nos placards, modelos na televisão, modelos na revista que acham que qualquer tipo de corpo que se desvie do corpo de uma modela é anormal. É gordo. Não é por nada que as adolescentes têm uma auto-estima extremamente baixa. Claro que a culpa não é só da publicidade, mas também é. Porque a publicidade mostra um tipo de corpo só, um corpo que nem toda a gente consegue atingir. Ninguém diz que não há pessoas assim, repito que há e fico muito feliz por elas. Mas há corpos diferentes e não há nada de errado com isso. É a sua opinião pessoal que não se deve desleixar com a saúde e está no seu direito. É a minha que cada um deve ser feliz independentemente da saúde. Eu, pessoalmente, preocupo-me moderadamente com a minha. Respeito quem faça diferente de mim. E é isso que gostava de ver, respeito pela diferença. Algo que este anúncio não faz dado que está a glorificar apenas UM tipo de corpo.

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    5. Não basta obrigar a comer. "Basta" prestar atenção a quem se tem em casa mas isso leva a outros temas. O facebook desta marca é "minúsculo" a comparar com dezenas de personalidades que as mesmas jovens seguem de forma cega. Como aquelas que andam a meter os lábios nas garrafas para tentar imitar uma da família Kardashian. Neste caso vamos culpar a Kardashian em questão? A Rihanna aparece com uma saia. Todas as miúdas do mundo querem essa saia mesmo que fiquem horrorosas com a mesma. Os pais fazem a vontade e compram. Vamos culpar a Rihanna?

      Acho que este anúncio é muito suave a comparar com outros do género. Onde andam as mulheres que abominam este anúncio mas que adoram o anúncio da hora Coca-Cola Light. Não me recordo de uma única mulher pedir um homem mais redondinho, mais real nem me lembro de homens a considerar que aquele anúncio é um abuso porque muda o corpo do homem.

      As publicidades não são mais do que isso. Por isso é que acho que quem se deixa manipular por um anúncio como este tem de resolver questões que não passam pela marca nem por quem fez este anúncio.

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  3. Eu acho que as pessoas perdem tempo demais com coisas sem interesse e importância!

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  4. é tão mais simples quando a culpa ou responsabilidade é dos outros... e há quem passe a vida nisto!

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  5. As pessoas melindram-se com tudo e com nada, tudo serve para reclamar.
    Eu acho que as mulheres deviam reclamar com as marcas que usam homens bonitos e jeitosos, já que os corpos deles não são normais. Falei disso aqui.
    http://a-lingua-afiada.blogspot.pt/2015/04/a-loucura-lancada-peca-proteins-world.html

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  6. As pessoas sentem necessidade de criticar, e é como dizem, deviam pensar bem porque é que se sentem ofendidas em ver este tipo de publicidade, eu até acho que é um incentivo, em parte, para que as pessoas optem por um estilo de vida mais saudável.

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    1. Muitas pessoas criticam por outros motivos que nada têm a ver com a publicidade.

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  7. Há uma pressão enorme sobre a estética feminina, e isso afeta a autoestima delas.
    E a publicidade aumenta a pressão sobre elas, na medida em que disseminam esses padrões universais.
    E a propaganda em questão faz campanha para um padrão de corpo que não está ao alcance de todas, concorda?
    Em primeiro lugar é um corpo jovem, de mulher branca, de um biotipo específico. E por incrível que pareça, as campanhas sempre exibem este padrão de biótipo como o idela para o verão na praia, há poucas campanhas que apresentam corpos diversos deste padrão, igualmente saudáveis e fortes.
    É preciso sair da superficialidade para compreender as razões de quem se opôs à campanha. Pende nisso.

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    1. Acho que nenhuma mulher (ou homem) se deve deixar levar por uma publicidade. Que tem uma mensagem comercial associada.

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  8. Há uma pressão enorme sobre a estética feminina, e isso afeta a autoestima das mulheres. E a publicidade aumenta a pressão sobre elas, na medida em que disseminam esses padrões de beleza (qual é o corpo ideal para a praia?).
    E a propaganda em questão faz campanha para um padrão de corpo que não está ao alcance de todas, e veja porque. Em primeiro lugar é um corpo jovem, de mulher branca, de um biotipo específico. E pode parecerr incrível, mas as campanhas sempre exibem este mesmo padrão de biótipo como o ideal para o verão, para a praia, há poucas campanhas que apresentam corpos diversos deste padrão, igualmente saudáveis e fortes.
    É preciso sair da superficialidade para compreender as razões de quem se opôs à campanha. Pense nisso!

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