20.4.15

senhoras, vamos tirar leitinho aqui à minha frente?

O jornal Público trouxe a público (passe a redundância) a história de duas enfermeiras de dois hospitais do Porto que foram obrigadas a fazer prova de amamentação. Transformando a frase anterior em algo simples e visual, as referidas mulheres são chamadas a consultas onde lhes é solicitado que esguichem leite de modo a que tenham a possibilidade de permanecer com o horário reduzido a que têm direito as mulheres que amamentam.

As duas enfermeiras revelam que tiveram de espremer leite das mamas em frente a médicos de saúde ocupacional. Por norma, esta situação – a da amamentação após os doze meses de idade do bebé – é resolvida com uma declaração médica mensal que atesta a situação e que permite que o horário reduzido seja mantido enquanto esta situação se mantiver. As duas enfermeiras dizem sentir-se vítimas de “bullying” e “completamente violadas”.

Por outro lado, o Centro Hospitalar de São João explicou ao Público que realmente existe um processo que comprova a veracidade da amamentação. Explica ainda que é facultativo, com toda a privacidade com a mãe a ter a companhia de uma enfermeira e com o leite a ser extraído com recurso a uma bomba usada para o efeito. Parece ainda que esta situação entrou em vigor no ano passado e que desde então já se chegou à conclusão de que aproximadamente metade das licenças de dispensa de trabalho por amamentação superior a dois anos eram fraudulentas. Por sua vez, o Centro Hospitalar do Porto não admitiu a existência desta “prova”.

Como seria de esperar, este tema levantou várias questões. Algumas pessoas preferiram olhar para esta situação como se fosse uma prova de português correcto. Ou seja, a discussão gira em torno de mamas e seios. Deverá dizer-se mamas? Ou isso é falta de respeito e o correcto é dizer seios? Como se isso fosse o mais importante nesta história quando na verdade isto não importa para nada. Outras pessoas questionam a humilhação que esta prova representa. E acho que realmente é humilhante para uma mulher. Porque acaba por sentir-se obrigada a fazer algo íntimo contra a sua vontade.

Existe ainda a questão que pode ser resumida pelo provérbio português “pagar o justo pelo pecador”. É que não podem ser ignoradas as cerca de metade licenças fraudulentas que foram detectadas. E este cenário – dos fraudes – é o espelho da forma de agir bastante comum em Portugal. Engana-se o maior número de pessoas durante o maior tempo possível. E aqui estou a falar de forma geral e não apenas neste cenário específico. Este triste episódio que leva à desnecessária humilhação de algumas mulheres é o reflexo do modo de pensar e agir que ainda está muito vincado na nossa sociedade. E ter documentos fraudulentos por acreditar quem ninguém irá comprovar a veracidade dos mesmos é um belo exemplo daquilo que o português faz.

E o caminho disto acaba por ser a desconfiança. Que por sua vez resulta em provas desnecessárias e humilhantes como esta. Estas provas existem porque se começa a desconfiar de tudo e de todos. Porque já ninguém acredita em ninguém. O que é triste. Mas um reflexo natural do modo de agir que mais se vê por aí. E acredito que não irá ficar por aqui pois os resultados levam a que se queira mais. É certo que algumas empresas vão continuar a acreditar piamente no seus funcionários em qualquer cenário. Outras vão estar sempre de pé atrás em relação às mais variadas situações. Tudo isto é triste.

Isto podia ficar por aqui mas entra-se num efeito bola de neve. Porque quem comete o fraude pode argumentar que os patrões são péssimos, que o ordenado é uma miséria e por aí fora. Como tal, recorre-se ao que se pode para combater todas essas injustiças. Por sua vez, os patrões podem argumentar que não são os melhores porque sabem como são os empregados, que recorrem a todas as artimanhas para não trabalhar. E isto nunca mais acaba.

Quero acreditar que estamos num processo evolutivo em que o mercado de trabalho será cada vez melhor e com o menor número possível de desconfianças. Que as mentalidades vão mudar. Que tudo será melhor. Porém, mentia se dissesse que não torço o nariz quando penso nisto em que quero acreditar. Até chegar esta evolução sem desconfianças irei lamentar aquilo a que estas mulheres foram sujeitas e aquilo a que tantos outros trabalhadores são sujeitos diariamente.

36 comentários:

  1. Em termos médicos, a palavra certa é mama. Tu queres acreditar que isto está a evoluir, pois eu acredito que as fraudes estão a aumentar não fossem os mais poderosos os nossos maiores exemplos.
    Quanto a esta prova, sentiria a mesma coisa, violada , humilhada na minha condição de mulher mas, e critiquem-me se quiserem, pensaria que era para manter o meu trabalho era eu a pagar pelo pecador. Existem aos milhares. Empregos existem quantos?

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    1. O termo correcto é mamas. As pessoas é que criaram a ideia que é falta de educação dizer mamas. Eu quero acreditar que isto será melhor mas a desconfiança só deixará de existir quando os fraudulentos forem penalizados.

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  2. Quando li esta notícia hoje de manhã, passei-me...é inadmissível aquilo pelo que estas duas lactentes tiveram que passar...indecente. Se algum médico me mandasse espremer leite da mama...mandava-o espremer os tintins e saía porta fora...
    Elas nunca se deveriam ter sujeitado a isso, até porque não estavam em situação de fraude e poderiam comprová-lo se a tal a lei obrigasse. Ainda falam em política pró-natalidade...

    http://thelusofrenchie.blogspot.pt

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    1. É verdade que é humilhante mas não podemos ignorar que metade das licenças são fraudulentas. A questão é: como combater isto sem humilhação?

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    2. De facto não sei, mas existe fraude e corrupção em todo o lado. Não vejo políticos a passarem por situações completamente humilhantes e invasivas como estas mulheres passaram. Ou donos de bancos. Ou CEOs. Por isso combatam a fraude, combatam a corrupção mas se calhar não comecem pelos mais "pequeninos" e não o façam de uma maneira nojenta.

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    3. Claro. Por isso é que disse que falava na generalidade dos fraudes. Aliás, muitos políticos são o incentivo para que existam esses fraudes.

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  3. A propósito deste tema e das fraudes em geral tive uma ideia para combatermos a fraude dos políticos. É tão baseada na presunção que toda a gente é culpada até prova o contrário como este caso, já que se as enfermeiras apresentaram o atestado médico e pediram-lhe o “exame” para comprovar que não estavam a apresentar um atestado falso.
    http://a-lingua-afiada.blogspot.pt/2015/04/vergonha-mulheres-forcadas-espremer.html

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    1. É uma fraude que também tem de ser combatida. E combate-se com o voto, coisa que a grande maioria dos portugueses ignora, não indo às urnas.

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  4. Já tinha lido esta notícia, e achei inadmissível o que se faz ás mulheres que são mães e amamentam os seus bebés. Estas mulheres deviam ser apoiadas e não humilhadas. Sei perfeitamente que uma mulher que amamente o seu bebé até mais tarde, e use o horário a que tem direito não é vista com bons olhos pelas empresas e até por colegas. A organização mundial de saúde, aconselha a amamentar até aos dois anos, pelo menos. Há que retomar o antigo e bom hábito de amamentar com leite materno, que se foi perdendo de há umas dezenas de anos para cá, claro que diminuirão as receitas das empresas que comercializam leite para bebé, mas será ótimo para a saúde e crescimento e bem estar das crianças. Já me estou a esticar, muito haveria a dizer sobre este assunto.

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    1. Eu acho muito bem que as mulheres amamentem enquanto podem pois isso é benéfico para os bebés. Mas não se pode ignorar o grande número de pessoas que comete fraude. Acho que a solução tem de passar por uma medida sem humilhação e os culpados têm de ser penalizados de modo a que a desconfiança termine.

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  5. Já saiu uma notícia a dizer que havia três opções de saber se a pessoa amamenta e elas escolheram essa e de que a prova é fundamental.Afirmar que sentiram-se violadas é demais quando foram elas que decidiram assim,é pura vitimização!!!
    Dizer mama neste caso é infantil,devia-se dizer seios ou peito mas é o jornalismo que temos e o público também tem de compreender que a redacção usa termos muito pobres para fazer sensacionalismo.

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    1. Eu li que a prova é facultativa. Humilhadas aceito e concordo mas acho que violação é um termo muito forte.

      Não é infantil. Mamas é o termo correcto. Criou-se, não sei onde, que é falta de respeito ou educação mas não é. Deve mesmo dizer-se mamas. Até porque o seio é a parte do peito onde estão as mamas. E as mulheres espremeram as mamas.

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  6. Não sei se isso é uma falsa questão e se a notícia não terá sido veiculada até levianamente.
    Ultimamente (este meu mau feitio é assim) tenho tendência a duvidar de tudo o que leio pois os meios de comunicação social empolam as notícias e fazem de nós gato-sapato impingindo-nos o que eles querem.
    E que tenham de prestar prova de que estão realmente a amamentar? Acho até muito bem porque assim acaba-se é a mama a quem quer enganar a entidade patronal.
    Olha também é muito chato estar virada para um médico de pernas abertas a fazer um exame ginecológico... e ainda ninguém morreu por causa disso!

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    1. Acredito que a penalização de quem comete fraude acaba com o desejo de enganar que, por sua vez, acaba com a desconfiança. Isto é um problema de mentalidade.

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    2. Vais a um exame ginecológico por saúde, não é para provar à tua entidade patronal que tens vagina calculo.

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  7. Quando li a notícia fiquei sem saber de que lado me colocar.
    Eu sou mãe e tive direito à redução de horário por amamentar durante um ano. Após essa data retomei o meu horário normal. E continuei a amamentar até aos 22 meses. Não senti necessidade de prolongar a redução de horário uma vez que dava de mamar ao deitar e ao acordar... Não interferia com horários laborais nem escolares. E o cenário foi igual com os meus 2 filhos. E vamos ser sinceros quanto a este prolongamento da redução de horário: serve para o quê??? Com 12 meses os meus filhos estavam o dia no infantário e já comiam de tudo. A amamentação só garantia o leite da noite e da manhã... Não vejo a necessidade de reduzir o horário laboral.
    Mas como mulher não gostaria de ser submetida à prova que estas mulheres foram e acho que deve haver outro método de "fiscalização". Não defendo o esguicho de leite em público para provar o que quer que seja. Mas percebo o que se pretende. Há tantas burlas e mentiras de grávidas e mães a amamentar que eu como mulher fico furiosa com elas porque descredibilizam as que realmente necessitam de baixas por gravidez de risco, das que as crianças são mais dependentes da amamentação. O caminho que foi feito para que a maternidade tivesse a força e o respeito que hoje em dia tem não pode ser "contaminado" por burlas e pouca vontade de trabalhar. E quando quem tem os direitos não os sabe honrar é natural que quem tem os deveres queira perceber se não está a ser enganado...

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    1. O teu comentário diz tudo. Se existe perfeição, está aqui. Obrigado.

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    2. Agora corei... obrigada.
      Vindo de ti é um enorme elogio.

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  8. Eu não o faria, mas não mesmo. É uma estupidez e uma falta de respeito. Recusava-me e se a situação ficasse pior, ainda apresentava queixa. Isto é ridículo!!

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    1. Pelos vistos existem três opções e as mulheres escolheram esta.

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  9. Só queria dizer à Carla, que a amamentação não é chapa 5, tenho um caso bem pertinho de mim, em que a bebé tem 21 meses, mama ás 7 da manhã, pois a mãe sai de casa pelas 8 h, para entrar ás 9 em Lx, depois vai para o infantário, do seu lanche pelas 15 h, faz parte o leite que a sua mãe retirou à bomba à hora de almoço do dia anterior, no emprego, ( podem logo tirar lá a prova), à saída, ela utiliza uma das duas horas que tem direito e sai ás 17 h, chega a casa por volta das 18 h, e dá mama à sua bebé, mais tarde, banhoca e jantar. Ao deitar mama outra vez. Por isso, não há comparação entre maneiras de amamentar, cada mãe com cada criança, procede da maneira que achar melhor.

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    1. Cada caso será um caso. Mas a desconfiança existe porque existem muitas pessoas a abusar da mentira.

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    2. Ana,
      Por saber que cada caso é um caso e que há crianças mais "dependentes (e digo no bom sentido)" da amamentação materna é que eu o refiro no meu comentário e nunca disse que sou contra este prolongamento da licença, se ela for realmente para isso tal como baixas por gravidez de risco só devem ser dadas a quem tem alguma complicação. Eu só dei o meu caso como exemplo que poderia ter pedido a licença após os 12 meses e não fazia sentido nem havia necessidade.
      Agora, se eu acho que as mães e as crianças beneficiariam com uma redução do horário laboral? Sim acho e gostaria de poder optar por estar mais tempo com eles.
      Mas não é disso que se trata. Aqui trata-se de burlar o que está estipulado, aceite e legalizado.

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  10. Eu subscrevo integralmente o comentário da Carla, com 21 meses o unico leite e que a criança precisa será ao levantar e possivelmente ao deitar (o meu filho a partir dos 12 meses nunca mais quis leite ao deitar, a ultima refeição que faz é sopa e fruta ao jantar), de resto durante o dia come toda a outra comida

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    1. Depende das mulheres. Acho que não se pode ignorar o facto de que metade das licenças eram fraudulentas.

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  11. As opiniões divergem, porque é que uma bebé de 21 meses só pode beber leite materno de manhã e à noite, a mãe desta bebé não vai substituir o melhor leite que existe para a sua bebé por leite de vaca que deveria ser dado aos bezerros, e conheço mais casos que os bebés mamam com mais de dois anos, sorte a deles. Respeito quem quer não quer fazê-lo, mas respeitem quem acha que deve amamentar a peito o tempo que puder e fazer o desmame natural. E o tempo que é dado à mãe, não é para a mãe é para a criança, será que não se percebe. Acho que deveriam informar-se melhor sobre este assunto tão importante, eu não tive sempre esta forma de pensar e quase não dei mama à minha filha, vários fatores me levaram a formar outra opinião, por isso respeito que pensem diferente, pois sei que todas as mães querem o melhor para os seus bebés.

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    1. A questão, melhor, o problema não é dar de mamar ou não. É mentir que se faz isso apenas para sair mais cedo do trabalho. É isto que tem de ser combatido sem que as mulheres sejam humilhadas.

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    2. Não de trata de amamentar ou não ou sunstituir o leite meterno por leite de vaca, trata-se que um bebe de 21 meses come alimentação variada e diversificada durante todo o dia, apenas bebendo leite ao acordar como pequeno almoço e alguns ao deitar....não confundir com um bebé pequeno que bebe leite o dia todo....

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    3. Ana,
      Ninguém está contra a amamentação muito pelo contrário. Dei de mamar 22 + 22 meses!!! Sou completamente pró-amamentação mas não sou fundamentalista nem ando a pregar a ninguém que o deve fazer.
      O tempo que é dado é dado para a mãe e para a criança certíssimo... em caso de amamentação... se já não amamentam ou amamentam em "horário familiar" (que era o meu caso por exemplo) porque raio deverão ter direito à redução de horário?
      E os números não enganam muito: metade das licenças eram fraudulentas!!!
      Eu como mulher não posso aceitar que os meus direitos sejam postos em causa por mulheres que os aproveitam para fugir ao trabalho.

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    4. Concordo plenamente Carla

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  12. Pois bem, eu acho que neste assunto tal como em tantos outros "pecamos" por não defender o "nosso igual", pelo contrário, ao invés defendemos o "patrão". Penso que qualquer criança beneficia de estar mais duas horas por dia com a mãe, a verdade é que não concordo que o direito não se estenda a todas as mães, mas apenas às que amamentam após um ano. Este facto não me impede de usufruir de um direito que é da minha filha. A minha filha só pode usufruir deste direito por meu intermédio. Sei bem que, na maioria dos países ocidentais, culturalmente uma mãe que amamente uma criança após um ano (uma criança que tem dentes, corre, fala) é praticamente "um e.t.", a verdade é que o leite materno é o único que qualquer criança necessita, isto biologicamente falando. Claro que não podemos ignorar as pressões externas, laborais e a própria vontade da mãe/pai, no entanto a nossa família decidiu que iríamos deixar a nossa criança decidir até quando irá mamar. A quantidade de leite que ingere não é limitada à manhã/noite, isso garante que bebe todo o leite de que necessita. De resto alimenta-se normalmente de forma variada e come muito bem na creche e em casa. Aconselho a que leiam sobre o assunto porque algumas opiniões revelam total desconhecimento da natureza humana e da forma como o capitalismo nos oprime e nos obriga a viver numa lógica de consumo e de opressão e contradição connosco. Todos nós sabemos que o mais importante é o tempo que passamos com quem mais gostamos, como poderia eu menosprezar duas horas com a minha filha?! E sim amamento nesse período tal com noutros. Precisamos de sustentar os nossos filhos mas também precisamos de passar tempo com eles. No nosso caso coloquei a minha carreira em 2º plano pelo menos neste período, trabalho a tempo inteiro, mas não faço horas/minutos a mais e gozo a redução de horário de forma "irrepreensível", orgulho-me de o fazer apesar de todos as reacções que tal acto possa suscitar. Ao contrário do que possa parecer pelas notícias dos últimos dias, este não é um direito que esteja vulgarizado.

    Existem inúmeros artigos científicos que estudam a idade natural do desmame dos seres humanos , essa idade é até que a criança precise de leite, e vai muito para lá dos dois anos. Somos um país "pequenino", de tamanho e de mentalidade, se viajarmos até os países nórdicos os locais de trabalho estão adaptados e não invulgar vermos crianças mais velhas que mamam. . Desde que o mundo é mundo que as mulheres amamentam os seus filhos com o seu leite. O nosso leite é o leite ideal para as nossas crianças.

    Ainda assim acho que o corpo é da mulher, e a mulher é influenciada por inúmeros factores externos na nossa sociedade que não podem nem devem ser ignorados. Por essa razão o que resultou com a minha família não vai ser a fórmula perfeita que resulta como todas... acho que cada mulher é livre de decidir se deve e pode amamentar e até quando. É uma decisão nossa e quanto muito do pai, acompanhada por conselho médico. Uma vez que também eu apoio toda e qualquer decisão que a mulher tenha relativamente a este assunto, mesmo que seja decidir não amamentar por opção, não considero justo que se façam comentários depreciativos às mulheres que amamentam os seus filhos até ambos quererem.

    As licenças são fraudulentas?! Então o médico passou declarações falsas, ele sim deve ser penalizado. A nossa médica conhece-nos desde que a nossa filha tem uma semana, temos uma relação baseada na confiança, sabe por diversos motivos com 100% de certeza que amamento a minha filha e nunca espremi as mamas à sua frente.

    Sara

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    1. Acho bem que as mulheres amamentem. Isso é claro. Agora, neste caso específico, falar apenas da amamentação é ver uma parte do quadro. Não podemos esquecer que metade das licenças eram fraudulentas. E é isso que tem de ser combatido sem que sejam necessárias humilhações.

      Tal como dizes, quem prevarica deve ser penalizado. Só assim é que se acaba com o chico-espertismo que impera em Portugal.

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  13. Olá ! Acho que continua a ter uma visão muito fechada sobre este tema, penso que o que está um causa é um direito que, tal como todos os outros direitos de ordem laboral e não só, se não for usado acabará por se perder. Se este direito existe deve ser usado uma vez que houve quem "lutasse" para que fosse implementado. Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma delapidação do sistema público de saúde e educação, pilares essenciais da nossa sociedade. Vendemos TUDO a qualquer preço, trabalhamos mais horas por menos dinheiro o que é prejudicial a todos. Quando exerço o meu direito de redução de horário penso que vou estar a contribuir para que outras colegas o usem sem medos.

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    1. Só temos direito à redução de horário se e só se estivermos a amamentar após os 12 meses de idade da criança. Se sim então temos o direito e devemos de poder escolher se o gozamos ou não.
      Se não estivermos a amamentar então é fraude e é disso que se está a discutir...
      E as mulheres que mentem para terem a redução de horário estão a prejudicar todas as outras que um dia venham a precisar... É a História do Pedro e do Lobo!!!!

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  14. Olá!

    Compreendo o vosso ponto de vista, no entanto, na minha opinião, não gozar a redução de horário, estando a amamentar o nosso bebé após os 12 meses, é o equivalente a dizer "talvez afinal não precise de 22 dias de férias por ano", sobreviveríamos com muito menos. E fins de semana? E feriados?! E que tal fazermos mais uma hora de trabalho por dia?! Com isto quero dizer que quanto mais trabalharmos ao menor preço melhor para o "capital". Estas duas horas/dia que são um direito dos nossos filhos não representam nada numa carreira contributiva de 30/40 anos... para os nossos filhos a possibilidade de estar mais duas horas/dia connosco representa muito mais que isso. Acho que é um caso claro em que os fins não justificam de todo os meios, Acho que os médicos devem ser responsabilizados pelas falsas declarações e nunca as mães. Se a declaração do médico não é suficiente também não o é quando ficamos em casa com um filho doente, como podemos comprovar todas as declarações médicas de todos os acidentes/doenças e afins?! Fui operada, fiquei 5 semanas em casa com atestado médico, é suficiente?!

    Podemos questionar tudo e afastar-mo-nos cada vez mais do cerne da questão, que penso ser o facto de "empresarializarmos" a vida e de ser "cada um por si". Cada vez nos vamos "atacar" mais uns aos outros com resultados irreversíveis na legislação do trabalho e não só...

    Sara

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