14.4.15

os limites do feminismo

Acontece na Formula 1. Acontece no ciclismo. E em tantas outras modalidades desportivas. Acontece também em todos os locais onde exista um pódio, três vencedores e uma (ou três) garrafa de champanhe. Na euforia da vitória é hábito acontecer um banho de vinho branco espumante. É uma imagem de marca de tantas conquistas desportivas. Que tem como protagonistas os vencedores e como "vítimas", no sentido em que levam um banho, os outros vencedores, quem entrega o troféu (em alguns casos), as mulheres (ou homens) que costumam acompanhar os atletas no pódio, os restantes membros das equipas vencedoras e as pessoas que estão perto do local, como é o caso da imprensa que procura a melhor imagem que ilustra o momento e até as palavras que definem a conquista. Enquanto houver champanhe, há banho.

Foi isto que aconteceu no final do Grande Prémio da China de Formula 1. Lewis Hamilton foi o grande vencedor. E, como é hábito, teve direito a champanhe. E, como também é hábito, deu banho às pessoas que o rodeiam. Entre essas pessoas está a mulher que o acompanhava no pódio. Isto foi suficiente para dar início a uma polémica. Lewis Hamilton foi acusado de "machismo" e de faltar ao respeito aos "direitos das mulheres". As acusações são de Roz Hardie, directora executiva da Object, uma organização não governamental que exige agora que o piloto peça desculpa à mulher em questão.

Este tipo de celebração é mais do que normal. Já aconteceu milhões de vezes mas acredito que é a primeira vez que um vencedor é acusado de "machismo" e de faltar ao respeito aos "direitos das mulheres". Este tipo de comportamento tem como protagonistas homens e mulheres e qualquer pesquisa rápida no google comprova isso mesmo. Só é necessário que se conquiste algo e que exista uma garrafa de champanhe. E, na minha humilde opinião, ninguém falta ao respeito a ninguém por causa disso. Não estão em causa os direitos de ninguém. As pessoas sabem o que vai acontecer. E quem não gosta, como já vi acontecer, afasta-se no momento do banho. Vejo aquele momento como uma espécie de tradição ligada à vitória.

Considero que o feminismo é importante demais para ser banalizado por "lamentos" destes. Defendo que queixas e exigências destas banalizam o feminismo e banalizam a luta de tantas mulheres no caminho certo. Qualquer dia corre-se o risco de tudo ser considerado machismo. Até, como acontece neste caso, comportamentos que homens e mulheres protagonizam de igual modo no mesmo cenário e com as mesmas "vítimas". Existe um caminho a percorrer na igualdade entre homens e mulheres mas não é em cima de um pódio. Pois aí todos são donos do banho e vítimas dos banhos dos outros.

PS - Uma questão completamente diferente é discutir a prática em si. Esse tema é diferente. Há quem considere o banho de champanhe ridículo, com algum sentido. Mas, nesta celebração homens e mulheres são culpados dos festejos. Como tal, a discussão devia ser sobre a utilidade de um banho de champanhe nestes momentos. Ou a discussão devia ser a presença de outras pessoas junto dos, neste caso, pilotos. Acredito que existam pessoas que defendem que as pessoas têm o direito de estar ali e de se negar ao banho. Mas, enquanto houver champanhe, haverá banho porque ninguém, num momento de euforia, vai andar com a garrafa na mão a perguntar quem quer, ou não, levar banho.

16 comentários:

  1. Até porque sentir a euforia do pódio e o banho de champanhe devem ser únicos, e isso seve para todos, homens e mulheres.
    Não me importava de levar um banho de champanhe...mas num dia quente de verão.

    Beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu compreendo que não gosta mas acho que isto não é uma discussão de sexos.

      Beijos

      Eliminar
  2. Há muita gente sem nada para fazer nesta vida!!!
    Não há paciência para tantas queixinhas de machismo.
    Eu sou mulher e não vejo qual o problema dos banhos de champanhe na óptica de feminismo/machismo...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isto só banaliza aquilo que de importante é feito por muitas mulheres.

      Eliminar
  3. Falta do que fazer é o que é, a senhora que lá estava de certeza que sabia que sabia que ia livar o dito banho. Bjs

    ResponderEliminar
  4. Nem vou discutir se o feminismo é importante ou não, é mais que óbvio que é. A forma como escreveu o seu texto é enganadora.. Não foi um banho de champanhe para toda a gente. Ele apontou a garrafa de champanhe para a cara de uma mulher. Não vou discutir se é machista ou não, acho só uma atitude de um idiota. E se não acredita, aqui vai o link com a prova: http://mashable.com/2015/04/14/lewis-hamilton-champagne/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não foi para toda a gente? Ele despejou a garrafa toda naquela mulher? Ele apontou para ela (como tantos outros atletas - homens e mulheres - fazem naquela situação). tal como apontou para outras pessoas, tal como aparece no link que partilhas. A foto do momento em que dá banho apenas à mulher é a melhor forma de manipular o momento.

      Decidir se as garrafas devem existir ou não é uma coisa. Fazer disto um episódio de machismo é um exagero.

      Eliminar
    2. Isto é absurdo, eu acho que é um bocado falta de educação mandar um liquido diretamente para cima da cara de uma mulher que está claramente desconfortável e está ali apenas a fazer o trabalho dela (não o conhece de lado nenhum).

      Eliminar
    3. Mas acontece com ela e com tantas outras pessoas. E é feito por homens e por mulheres. Por isso acho que a questão deve ser o gesto em si e não transformar esse gesto num acto machista.

      Eliminar
  5. Olha a mim ele até podia dar banho só de água mesmo, queria lá saber do champanhe. E se tivesse aqui a Kátia Aveira ela lá lhe dizia, vai esfregar os cotovelos numa parede áspera que passa. ehehheheeh

    ResponderEliminar
  6. No fim de semana passado, fui à Nauticampo e fiquei um pouco triste ao ver o pavilhão das motas, em que os stands estavam cheios de senhoras giríssimas (tudo bem) mas vestidas com uns calções justíssimos! Já os homens estavam vestidos "à civil" achei tão sexista.

    ResponderEliminar
  7. Cá para mim, a senhora queria era protagonismo, e pelos visto conseguiu.

    ResponderEliminar