26.3.15

sonhos que ressuscitam e ironia do destino

Já lá vão alguns anos, não muitos, desde que fiz o meu último jogo de futebol oficial. Na altura jogava no Grupo Desportivo União Azóia (saudades), da zona de Sesimbra. Quando efectuei o último jogo acreditei que ia pendurar as chuteiras. E a sensação foi diferente da que já tinha experimentado quando disse o mesmo na altura em que jogava no Beira-Mar de Almada. Naquela altura tinha dito o mesmo mas sabia que não estava verdadeiramente a sentir as palavras.

A última decisão foi mais ponderada. Entendi que tinha chegado a minha hora, apesar de gostar muito de futebol. Estava saturado de algumas situações e começava a achar que estava a perder tempo. Sendo assim, preferi ocupar o tempo com outras coisa. Até que surgiu um novo convite. Para um projecto semelhante a esse. Que entendi não aceitar. Por continuar a achar que ia perder tempo. Depois disto estive longos meses sem jogar futebol, nem sequer com os amigos.

Até que num destes dias o telefone tocou. “Bruno, queres fazer parte de uma equipa de futsal?”, perguntou-me o meu cunhado do outro lado. Quis dizer que sim mas preferi dizer que ia pensar no assunto. Acabei por aceitar ir a um treino para conhecer o projecto. Fui bem recebido e fui logo consumido pela vontade de jogar futebol. Mesmo assim não me comprometi a ficar. Até porque até ao momento de sair de casa estava indeciso entre ir ou não treinar.

O tempo foi passando e ontem fui convidado a ser inscrito na equipa. Aceitei. E Sábado tem lugar o primeiro jogo. Curiosamente, e por ironia do destino, o jogo está marcado para um campo de má memória para mim. A última vez que pisei aquele campo saí de lá com o lábio rasgado e no hospital levei mais de dez pontos na boca. Por mais anos que viva não me irei esquecer da sensação da agulha a raspar nos dentes, isto mesmo com anestesia. Felizmente, esta é a única memória que guardo desse acontecimento pois não tenho qualquer marca física que torne impossível esquecer.

Tudo isto que escrevi até agora pode soar a banalidade para a maior parte das pessoas. É bem provável que a realidade seja essa. Para mim, e para quem me conhece bem, sabe o que isto representa para mim. Pois trata-se de um desafio pessoal. Um teste às minhas capacidades. Um processo de conquista que começa do zero e que me leva a conquistar o meu espaço junto de outras pessoas e de um grupo que já se conhece pessoalmente e desportivamente. Que chegue a manhã de Sábado para a bola começar a rolar novamente de forma oficial. Primeiro objectivo, matar o monstro que o campo representa para mim. O resto... logo se vê!

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