16.3.15

que o bacon os salve

Lembram-se do filme Footloose. Para quem não se recorda, é um filme de 1984 que tem como protagonista Kevin Bacon. Que, no filme, muda-se para uma cidade onde não se pode dançar nem ouvir música rock. Como referi, é uma história de 1984. E é também pura ficção ao estilo de Hollywood. Isto tudo para dizer que parece que ainda estamos em 1984. Ou se calhar, o relógio recuou ainda mais no tempo. Este é um daqueles momentos em que tenho de olhar para todos os calendários de modo a perceber se estamos realmente em 2015. E confesso que tenho dúvidas em relação ao ano em que vivemos.

Isto porque em Tager, uma cidade situada no Canadá, existe uma lei municipal que proíbe determinadas atitudes que são vistas como exemplos de “mau comportamento”. Esta lei proíbe que se cuspa (acho bem), que se grite (ok, aceita-se), que sejam proferidos palavrões (concordo) ou que se criem grupos com mais de três pessoas (aqui já começa a ficar estranho). Tudo isto faz com que exista uma comparação à história de Footloose onde o citadino Kevin Bacon chega a uma povoação com bastantes restrições. Existe também um recolher obrigatório e as pessoas de Tager estão proibidas de dançar em público como se dança no filme Footloose. O valor das multas pode chegar aos 111 euros, dependendo da violação da polémica lei.

Neste sentido, um grupo de pessoas de Tager criou um vídeo (pode ser visto aqui) onde pedem ajuda a Kevin Bacon para liderar o protesto contra esta lei. “Uma pequena cidade em Alberta, no Canadá, recentemente aprovou uma lei a partir do filme de 1984, proibindo música 'Footloose' em público, encontros públicos, palavrões, estabelecendo vários toques de recolher”, explica um dos organizadores da iniciativa que defende estar a ser violada a carta canadiana de direito e liberdade. “Nessa pequena cidade do filme Footloose, eles precisavam de um herói. Eles precisavam de Kevin Bacon. Mr. Bacon, o povo de Tager, Alberta, precisa de um herói mais do que nunca”, salienta.

Tal como a população de Tager, não sei se estou em 2015 ou se estou a meio de uma viagem imaginária algures numa cidade imaginária. As pessoas querem controlar tudo que entram no ridículo de querer proibir coisas simples e banais, ignorando outras muito mais graves. Só me apraz dizer: que o poder do Bacon esteja com a população de Tager.

6 comentários:

  1. Pois, existem leis lá para aqueles lados, um bocado a dar para o estranho.

    ResponderEliminar
  2. Concorda que seja proibido dizer palavrões?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É uma daquelas coisas em que não basta responder sim ou não. Quando escrevi concordo é no sentido em que nem deveria ser necessária uma lei que proíba algo que as pessoas devem perceber por si. Nada tenho contra palavrões mas existe um espaço para os mesmos. Ou seja, dispenso entrar no talho (aconteceu no sábado) e deparar-me com um grupo de pessoas que fala com alhos e dasses como se estivesse em casa quando está num local onde estão outras pessoas. A minha liberdade termina onde começa a dos outros. Nesse sentido, concordo com esta parte da lei. Porque as pessoas devem perceber onde estão e deve saber comportar-se na presença de outros.

      Eliminar