30.3.15

andreas lubitz

O trágico acidente do voo 4U 9525 é um daqueles caso em que quanto mais sei, menos quero saber. Inicialmente acreditei que seria “apenas” mais um dia trágico para a história da aviação. Seria “somente” mais um acidente que infelizmente acabava com a vida de 150 pessoas. Na altura do acidente acabei por nada escrever sobre o mesmo para perceber o que poderia ter motivado este desfecho. Uma avaria? Era nisso que acreditava estando longe de imaginar que, na realidade, tinha sido obra de um homem que desejava este desfecho.

Neste momento já não existem dúvidas. Andreas Lubitz, o co-piloto do airbus fez o avião cair. E não o fez num acto de loucura. Foi algo estudado detalhadamente. Os dados mais recentes revelam que o jovem alemão fez os possíveis para ficar sozinho no cockpit do avião, insistindo para que o piloto fosse à casa-de-banho. E que no momento de discutir a aterragem com o piloto disse coisas como “esperemos” e “logo se vê”. Além disso, a sua respiração manteve-se calma até ao momento da queda nos Alpes. Isto chega para provar que sabia o que queria e sabia o que fazia.

Depois, existem dados que levantam diversas questões. Como é que alguém que teve uma grave depressão e alegadamente tinha graves problemas psiquiátricos conseguiu superar os testes físicos e psicológicos, efectuados em 2013? Como é que Andreas Lubitz enganou e iludiu a companhia aérea para que trabalhava, escondendo a baixa médica e a indicação de que não estava apto para trabalhar. Depois existem dúvidas em relação à própria segurança do avião.

Depois do 11 de Setembro, os cockpits passaram a ser abertos apenas por dentro. O que faz sentido, até porque existe um código de segurança que permite abrir a porta pelo exterior. Mas que pode ser anulado por quem esteja dentro do cockpit, algo que Andreas Lubitz terá feito, de acordo com as autoridades francesas. Posto isto, qual é a solução? Viver com medo? Deixar de andar de avião? Passar a ter um polícia/segurança dentro do cockpit? Esperar que esse polícia/segurança também não tenha um plano maquiavélico?

Também já me tentei colocar no papel dos pais de Andreas Lubitz. Não consigo imaginar o que sentem. Mas acredito que percebam que não conheciam o filho. Devem questionar onde falharam na sua educação. Devem questionar se lhe faltou amor. Acredito também que se sintam, de certo modo, responsáveis pela morte das 150 pessoas. Tal como não consigo imaginar o que sentem os familiares e amigos das vítimas que não devem parar de procurar resposta para a pergunta: porquê? Resposta essa que nunca chega.

Agora, discute-se a segurança dentro do avião. Passa a ser proibido que esteja apenas uma pessoa dentro do cockpit, uma medida já pensada e que agora será colocada em prática. Depois existe outra questão que tem de ser debatida e que diz respeito ao sigilo médico. Em casos como este, o médico deve calar-se ou alertar a companhia aérea por acreditar que possa existir risco para a vida de outras pessoas? São muitas questões, muitas dúvidas mas existe uma certeza: o medo não pode vencer nem dominar a vida das pessoas.

12 comentários:

  1. Uma história que por mais que tentem nunca vão conseguir explicar...

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    1. Mas acho que é mais do que certo que ele tinha isto bem planeado.

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  2. Como tu dizes, havia muito por dizer mas uma "depressãozinha" passa tanto ao lado... Infelizmente

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  3. Muito bom este teu post.
    Confesso que penso muito neste caso, por vezes acordo de noite a pensar nisto, já ouvi e li muito, não me sai do pensamento o desespero de quem estava no avião, principalmente o piloto, logo que percebeu o que se passava.
    Temos de tentar quero esquecer isto.
    As tuas dúvidas são pertinentes mas, na verdade, não vai ser porque isto aconteceu que as pessoas vão deixar de viajar de avião, que ainda é um transporte seguro.
    Um abraço.

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  4. Este é um assunto muito complicado, nunca ninguém vai saber o que aconteceu nem o porquê, pelo menos, não a 100%.

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  5. Já ouvi muita coisa sobre esse co-piloto e umas passaram-me ao lado, outras retive na memoria.

    Há uns 5 anos (mais coisa menos coisa) resolvi concorrer ao lugar de hospedeira de bordo e sujeitar-me a uma data de exames médicos que eram necessarios... um deles era à visão. Na altura, acabei por enveredar por outro caminho e desistir mas fiquei a saber que não entraria, de qualquer maneira, por causa do uso de lentes de contacto. E é aqui que entra uma das informações que retive acerca deste moço... Se eu como hospedeira não podia ter problemas de visão, como pode um piloto, o homem que nos tem a todos nas mãos?

    (não, não vou entrar pelo campo da depressão)

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    1. Este caso está a levantar muitas questões. Que as vítimas não sejam esquecidas mas que isto mude aquilo que tem de ser alterado.

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