5.3.15

agora escrevo eu #33

Considero-me um eterno apaixonado e um romântico que sempre o será, por maior que seja a dor que o amor possa motivar ou feridas que possa deixar. E já não sei o número de conversas que tive em que se falou do amor. E em acabaram por levar até ao “quando se gosta” que serve para explicar que não existem problemas nem obstáculos no amor. Existem apenas soluções. E é esse o tema deste maravilhoso texto da Pê. Um texto mais do que recomendado para românticos.

“Quando se gosta não há desculpa. Não há falta de tempo. Não há cansaço, não há horas. Não há nada que nos impeça de estar ali, ao lado de quem se quer. Para além do trabalho, onde durante essas horas se bombardeia o objecto do nosso amor com mensagens infindáveis e lamechas, tudo o resto é contornável.

A chuva e o sol aparecem quando devem, só para tornar cada momento mais especial. Toda a gente nos lê nos olhos e nos perdoa as ausências. Os amigos sorriem, estão felizes por nós. Nós estamos felizes. E o mundo sorri para nós.

Dorme-se menos. Come-se a correr. Trocam-se horários. Desdobramo-nos em festas e situações, só para podermos fugir e ir ter com. É isso que nos faz acordar com um sorriso estúpido depois de 2h de sono. Não há motivos, não há doenças. Não há cafés nem há compromissos. Não há impossíveis, nem falta de dinheiro. Não há nada que nos separe.

Só há vontade e borboletas. Conversa deitada fora, porque se quer conhecer mais e mais. Não há monólogos, só perguntas. Porque nos queremos actualizar de todos os anos que não estivemos ali. Comentários, cabeças na lua e sorrisos estúpidos. Frases sem sentido, olhares brilhantes. Problemas que deixam de existir. E um único objectivo, estar ali.

As horas são minutos, as frases são palavras e um beijo é tudo. As promessas são eternas, as mãos dadas são compromissos e os segredos são selados com um sorriso cúmplice. Faz-se das tripas coração, sem sequer se ter consciência disso.

Queremos apresentá-lo ao mundo para que toda a gente veja e se deslumbre, como nós nos deslumbramos. Para que toda a gente entenda o porquê do sorriso sem motivo. E perguntamo-nos como é que algum dia ousamos estar tristes se neste momento temos a certeza de que somos as pessoas mais felizes do mundo.

As músicas têm novas letras, os braços abrem-se e só queremos dançar, enquanto gritamos bem alto que aquela pessoa é nossa. E que nós somos dela. E que assim é que sempre devia ter sido.
Mas tudo tem um propósito. É um sentimento egoísta, só queremos o nosso bem, e esse só é atingido se o outro estiver connosco. Porque é o que somos quando o outro está presente e o que sentimos por ele que importa.

É querer mudar o mundo, achar que tudo é possível, acreditar que sempre devia ter sido assim. Não entender como é que até agora podíamos ter sido felizes se nos faltava uma parte tão importante. E acreditamos que vai ser infinito. Não só enquanto dure, não. Neste momento acreditamos que o infinito é eterno.

As pernas tremem só de o ver chegar. Um sorriso salta só porque sentimos que está a olhar para nós. O coração quase que pára quando ouvimos o nosso nome dito por aquela boca, com aquela voz. Aquela boca que nos dá os melhores beijos. A voz que nos faz suar frio.

Trocamos a festa do ano por cinco minutos com direito a um beijo e um xi apertadinho. Fazemos quilómetros só por um olá. Não conseguimos engolir só porque ouvimos uma palavra bonita. Acordamos a meio da noite só porque queremos ter a certeza de que a outra pessoa está ali, que não é só um sonho bom. Sonhamos acordados, e vivemos em sonhos, porque o dia só tem 24h. Um toque no cabelo que nos faz arrepiar, um beijo que nos faz desejar o mundo. Agarrá-lo para sempre, esperar que o tempo pare e passar a eternidade assim.

E não há desculpa para não estar.
Para não telefonar.
Para não ir.
Para não dormir.
Para não dizer.
Para não andar.
Para não abraçar.
Para não ouvir.
Para não contar.
Para não sentir.
Para não tremer.
Para não dançar.
Para não suar.
Para não correr.
Para não sorrir.
Para não cantar.
Para não ferver.
Para não ter.
Para não beijar.
Para não viver.
Para não ser.
Não há desculpa.
Porque quando se gosta…”

18 comentários:

  1. Um excelente texto cheio de verdade! Quando se ama não há impossiveis, distância nem outros factores que nos afastem da pessoa com quem queremos estar!
    Revejo-me em imensos pontos deste texto como o "Trocamos a festa do ano por cinco minutos com direito a um beijo e um xi apertadinho" - Tantas e tantas vezes o fiz :)
    É verdade que o Amor é egoista, porque o que amamos na realidade é o que somos junto de outra pessoa, é o nosso bem-estar acima de tudo... mas quando esse é correspondido da mesma forma podemos dizer que sim, somos felizes e Amamos!

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    1. Quem ama corre o risco, porque é algo complicado de controlar, de se afastar do amigos. E isso pode ser perigoso.

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  2. Temos direito a isso e muito mais. Tudo conta quando amamos e somos amados.

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  3. Fiquei a sorrir :)
    Estou numa relação que já ultrapassa os dois anos e desde o início que estamos em cidades diferentes - inicialmente ele em Lisboa, eu em Paris, agora eu em Paris e ele em Dresden - mas quando nos apaixonamos, de uma maneira tão lenta, profunda e íntima, percebemos que a solução de não tentar, de não solucionar, era pior do que a distância. E bolas, um namoro onde só podes ver a outra pessoa um vez por mês ou com sorte, duas, é difícil. Mas quando se gosta, quando se Ama, a solução é ficar juntos, sempre. Por mais que custe, por mais que doa, por mais trabalho que dê. O Amor dá trabalho, mas compensa. Sempre.

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  4. Eu vivo o amor tal como a Pê o descreve (belo texto, by the way), mas já ouvi - de quem dizia que amava - "eu quero mas..." e ficava sempre para depois. Sei que era amor, mas desconheço o seu tipo.

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  5. Quando estamos apaixonados, o mundo à nossa volta brilha. Mesmo que tudo seja baço para todos os outros.

    O Amor tem esse poder transformador de nos dar novos olhos, cura-nos da miopía da mesmice do dia a dia, e atribui-nos uma cegueira que não queremos perder, pois que é nela que vemos a pessoa amada, na sua mais brilhante luz...

    Quando estamos apaixonados, não há palavra que nos desmorone o dia, pois que de nós jorra uma luz imensa de alegria e satisfação, por nos sabermos amados, na mesma, ou até maior, proporção de sentimento...

    É mesmo isso, o Amor é a fibra de que somos feitos. Lamechas ou não.

    Deveríamos sempre vibrar por e pelo Amor. Com ou sem outra pessoa, porque o Amor é igualmente grandioso quando nos apaixonamos por nós enquanto seres de luz em crescimento (não confundir com narcizismo).

    ..e nunca mais saíamos daqui...

    Amor é uma fonte enesgotável. De tudo.

    Gostei muito do teu texto Pê :)

    Beijinhos
    Z.

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    1. O amor é lamechas mas isso é muito bom :) Ainda tem mais piada por isso.

      Beijos

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    1. Obrigado eu. O texto é lindo e nunca terá prazo de validade :)

      Beijos Pê

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  7. Excelente post, Bruno / Pê.
    Uma verdade inagável e que deixa saudade quando não estamos apaixonados/sem amor.
    Mas estes dois parágrafos são o que sinto e penso:

    "As horas são minutos, as frases são palavras e um beijo é tudo. As promessas são eternas, as mãos dadas são compromissos e os segredos são selados com um sorriso cúmplice. Faz-se das tripas coração, sem sequer se ter consciência disso."

    "Trocamos a festa do ano por cinco minutos com direito a um beijo e um xi apertadinho. Fazemos quilómetros só por um olá. Não conseguimos engolir só porque ouvimos uma palavra bonita. Acordamos a meio da noite só porque queremos ter a certeza de que a outra pessoa está ali, que não é só um sonho bom. Sonhamos acordados, e vivemos em sonhos, porque o dia só tem 24h. Um toque no cabelo que nos faz arrepiar, um beijo que nos faz desejar o mundo. Agarrá-lo para sempre, esperar que o tempo pare e passar a eternidade assim."

    Não há desculpa, não.
    Obrigada pelo post.

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