12.1.15

filmes que as pessoas devem ver antes de morrer #4

O ataque terrorista ao jornal satírico francês Charlie Hebdo colocou o mundo a falar sobre a liberdade de expressão e também sobre a liberdade de Imprensa. Como tal, o filme que partilho hoje não podia ser mais actual. Chama-se Ligações Perigosas, é de 2009 e conta com um elenco de luxo. Em traços gerais, este filme anda em torno de Cal McAffrey (Russell Crowe), um jornalista de renome do jornal Washington Globe que vê um notícia sobre duas mortes e um assalto transformar-se em algo mais. Existe ainda Stephen Collins (Ben Affleck), um congressista que é visto como o futuro do seu partido e até como um candidato a presidente dos Estados Unidos. Até que a sua assistente (e também amante) morre sem que se saiba (inicialmente) se foi suicídio ou homicídio. Por sua vez, Stephen e Cal são amigos há muitos anos, o que leva a que um recorra ao outro para lidar com a notícia da amante da melhor forma possível. Existe ainda Della (Rachel McAdams) uma jovem jornalista que está a escrever a história com o colega consagrado depois de descobrir pormenores interessantes. E ambos respondem a Cameron Lynne (Helen Mirren), a impiedosa directora da publicação.

Recomendo este filme porque a ficção mistura-se na perfeição com a realidade no que diz respeito ao funcionamento de uma publicação, neste caso um jornal. Começando pela personagem de Helen Mirren, que representa brilhantemente a directora para quem aquilo que interessa é a capa. Quer uma capa. Não importa se a história não está completa e se as fontes não são as melhores. Quer a capa, ponto. Se a capa der um desmentido ainda melhor porque terá uma nova capa. E mais outra com a reacção ao desmentido. Esta postura tem por base a pressão que lhe é feita pelos novos donos do jornal que só estão interessados nas vendas. Mas que por sua vez se assustam quando o jornal lhes apresenta uma história que implica o Governo.

Depois, existe o jornalista interpretado por Russell Crowe. Um repórter batido, com um ordenado elevado e cujo nome é conhecido. Um jornalista que tem em mãos uma história maior do que julgava. E que implica muitas pessoas. História essa que envolve um amigo e também a mulher do mesmo, com quem já teve um caso. O que publicar em relação ao amigo? É uma das questões com que se debate. Depois, existem momentos onde a única hipótese é não seguir as regras para ter a história que tanto deseja. 

Existe ainda uma jovem jornalista que não tem uma ligação afectiva à história igual à do colega. Jornalista que tem sede de triunfar naquela que será a sua primeira grande história. E que tem de se debater com questões como se deve publicar toda a informação a que tem acesso, sendo pressionada pelo colega. Há ainda um congressista que usa o amigo para passar a informação que deseja para a Imprensa de modo a que não fique mal na fotografia. Existem também outras pessoas que não têm interesse em ver a história publicada e que estão dispostas a “tudo” para que a mesma nunca seja capa de um jornal.

Estes ingredientes, que são bastante reais no funcionamento das redacções, são mais do que suficientes para fazer desta história um grande filme. Russell Crowe vai muito bem no papel de jornalista batido tal como Rachel McAdams interpreta na perfeição uma jovem que quer triunfar na área. Helen Mirren está tal e qual um director que vive de pressões para subir as vendas e Ben Affleck igualmente perfeito no papel de quem precisa de usar um jornalista. E tudo isto (sobretudo neste momento) faz com que seja um filme que as pessoas devem ver antes de morrer.

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