13.1.15

coisas que se aprendem com a idade

Quando era mais novo, na minha adolescência, passei por aquela fase em que se acredita que falar mais alto do que os outros nos dá razão. Acredita-se que o tom de voz e a capacidade de usar o mesmo para calar os outros significa que somos detentores da razão. Se os outros se calam é porque estamos certos, pensa-se. E isto é do mais absurdo em que se pode acreditar. E que isto está errado é uma daquelas coisas que se aprendem com a idade. Ou melhor, com a maturidade pois não é necessário ter setenta anos para perceber que gritar mais alto não é sinónimo de razão.

Outra coisa característica da adolescência é a necessidade de ser aceite por um determinado grupo de pessoas. É sentir que uma das coisas mais importantes do mundo é que essas pessoas gostem de nós. Depois, existem aqueles adolescentes que acreditam que humilhar alguém realça as suas qualidades. Que é algo que lhes confere um ar mais cool e até de uma certa superioridade aos olhos dos outros, não só dos que foram humilhados mas também dos seus pares.

Depois, os anos passam. E percebe-se que falar mais alto do que os outros e gritar com os mesmos não é sinal de razão. É, na maioria dos casos sinal de pouca inteligência e falta de argumentos para levar a melhor num debate, ou seja, para fazer com que o seu argumento seja visto como justo e acertado. Percebe-se também que o silêncio consegue, em alguns casos, dar mais razão do que mil palavras articuladas na sede de ter razão. Percebe-se que se ganham “guerras” evitando as mesmas e voltando as costas à confusão instalada. Percebe-se que humilhar para tentar revelar superioridade perante alguém não serve para nada mais do que revelar inferioridade. E percebe-se também que afinal não era assim tão importante ter um determinado grupo de pessoas a gostar de nós.

Existem pessoas que aprendem isto ainda antes dos vinte anos, acabadas de sair da adolescência. Outras aprendem aos trinta ou mesmo ao quarenta ou ainda mais tarde. E existem aqueles que nunca aprendem. Que eternamente acreditam que gritar lhes dá razão. Que acham que humilhar é uma qualidade ao alcance de poucos. E que nunca vão perceber que quando lhes voltam as costas não lhes estão a dar razão nem sequer estão a assumir uma “derrota”. Estão apenas a afastar-se de algo que não interessa para nada.

14 comentários:

  1. Existem ainda as pessoas que aprendem bem essa lição (gritar não dá razão) mas nem sempre a conseguem pôr em prática quand os nervos rebentam à flor da pele...guilty.

    Maria das Palavras
    http://daspalavras.blogs.sapo.pt

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  2. Humilhar é a arma dos cobardes e dos inúteis.

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  3. É raro, raríssimo, levantar o tom de voz. Para isso acontecer, é preciso eu estar mesmo muito lixado da vida!

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  4. Verdade! Verdadinha!

    A partir de uma determinada altura, só não mudas ou só não aprendes se não quiseres, e há pessoas que estão demasiado acomodadas ao modo de ser, e muitas vezes, reconhecem que não será a melhor forma de dialogar/interagir com os outros, mas mudar dá muito trabalho e muitas vezes, desconfrotável...

    Outras estão tão absorvidas naquele mundinho narcizista deles, que nem se apercebem do ridículo que às vezes se submetem com esse tipo de atitudes.

    A um adolescente, ainda se vai dando um "desconto", naquela condescendencia de quem sabe qua ainda lhe falta viver a vida para aprender.

    A um adulto, já não há muita desculpa, é uma questão de se ser ou não responsável, e assumir essa responsabilidade, de determinados atos perante os outros. Quando se é demasiado egoísta e egocentrico, isso, a responsabilidade, não existe...

    Já tinha saudades de te ler :)

    Beijinhos
    Z.

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    1. Disseste praticamente tudo. Tenho pena de quem não muda.

      Obrigado pelo carinho de sempre :)

      Beijos

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  5. Com este relato, fica-me a esperança que o meu filho venha a mudar de atitude porque a adolescencia não serve de desculpa para tudo, muito menos para as faltas de educação e de respeito.

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    1. Claro que irá mudar. Existem coisas que fazem parte da idade e é com elas que se aprende.

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  6. Como em tudo na vida, há pessoas e pessoas.
    Existem também aquelas que gostam de menosprezar, manipular, aldrabar...
    Questões freudistas, sentimentos recalcados e no final quem paga são sempre os outros...

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