31.10.14

ainda sobre o correio da manhã

Ontem, basicamente só se falou de José Carlos Pereira e do Correio da Manhã, que divulgou frames de um vídeo onde o actor aparece embriagado. No último texto dei a minha opinião sobre o assunto. E, de forma resumida, sou contra a divulgação deste tipo de material. Porque, apesar de ser uma figura pública e de ter menos defesas legais do que aquelas pessoas que não o são, trata-se de um vídeo feito no interior de uma casa e sem o consentimento da pessoa.

Ao longo do dia fui lendo as mais variadas opiniões sobre o tema. Fiquei a par de opiniões de pessoas que me são próximas e de outras com quem não tenho qualquer ligação. Fazendo um apanhado das mesmas, noto que existe uma generalização. Errada. Para muitas pessoas, o Correio da Manhã é uma merda. E todas as pessoas que lá trabalham também o são. Não importa quem lá trabalha nem a função que desempenha. Coloca-se tudo no mesmo saco, ficando a ideia de que todos os funcionários do jornal fizeram parte do artigo e tiveram responsabilidade na capa do jornal.

Li várias ofensas dirigidas a todas as pessoas que trabalham no Correio da Manhã, jornal onde não trabalho, onde nunca trabalhei e onde somente tenho alguns amigos. Como já referi, sou contra o que foi divulgado. Mas não posso julgar todos os funcionários pelo ocorrido. Porque, e acredito que todas as pessoas saibam isto, a capa não é da autoria de todos os jornalistas da publicação. Não é algo que só existe quando todos dizem que sim. Tal como o artigo não é da autoria de todos os jornalistas que lá trabalham. Nesse sentido, acho que a indignação das pessoas deve ser dirigida a quem assina a peça e a quem ocupa cargos de chefia na publicação ou no grupo a que pertence. Assumir que todos são iguais é errado.

Quem o faz também tem emprego. Onde terá colegas. E certamente que não gosta de ser catalogado de merda porque o colega do lado fez algo que a maioria das pessoas condena. Tal como ninguém assume que todos os funcionários de uma cadeia de lojas são uma merda porque um é muito mau. As pessoas têm todo o direito de demonstrar a sua indignação. Algo que podem fazer de várias formas desde deixar de comprar a publicação até escrever para quem de direito. Culpar todos é simplesmente errado.   

20 comentários:

  1. Pipocante Azevedo Delirante31 de outubro de 2014 às 11:16

    O CM é uma m####!
    Além do estilo, não é a primeira vez que inventa notícias. Ou que as publica recorrendo a truques pouco éticos.
    Do tipo, "primo em 2º grau do Homem sem Blog apanhado em rede de tráfico de droga", ao invés de "Zé Manel qq coisa apanhado...".
    São repugnantes.
    Claro que o senhor que limpa o chão da redacção não tem culpas no critério editorial.
    Mas sabe em que equipa joga.
    Eu não compro, e não comprando estou a ajudar a colocar no desemprego o director, o jornalista que assina a peça, mas também o senhor que lava o chão. Nestes casos simplesmente não dá para separar as águas.

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    1. Acho que é necessário separar as coisas. De resto, como referes, não comprar e não ler é o que podes fazer. É o protesto mais forte que podes fazer.

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  2. Pessoalmente não gosto do Correio da Manhã por várias razões:

    - Frequentemente divulgam informação errada - o jornalista que escreve não sabe, e o revisor da peça também não (p.e., Dubrovnik é a capital da Croácia - não é, nem nunca foi!).
    - Frequentemente esquecem-se da ética jornalística... (p.e., não devem referir nacionalidades nem raças, mas referem sempre!)
    Frequentemente 'puxam pelos galões' - o que me interessa se um assassino é engenheiro ou arquitecto??? ou por ser engenheiro ou arquitecto um assassino é MENOS que se for um pobre agricultor???
    E sem esquecer as edições em dias de eleições... 'esquecem-se' sempre do período de reflexão e, ainda que 'dissimuladamente' apelam ao voto no partida da sua simpatia...

    NO ENTANTO - e curiosamente - simpatizo com a revista de Domingo do Correio da Manhã, é bem feita e bem escrita e com artigos interessante. Já a revista de Sábado... errr... esquece! :-)

    Resumindo e Baralhando: bons e maus profissionais existem em todas as áreas, incluindo a área jornalística; o problema do Correio da Manhã está em quem o dirige e nas suas linhas directivas - que, pessoalmente, não me agradam. Mas agrada a muita gente ou não teria a tiragem diária que tem!

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    1. Basicamente está tudo dito. E se simpatizas com a revista de Domingo, porque motivo quem a faz tem de ser visto como alguém da pior espécie? É simples.

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    2. Não sei se os jornalistas que escrevem os artigos da revista de Domingo são os mesmo que escrevem as notícias do jornal... Mas sempre achei estranho a diferença na escrita e na abordagem dos assuntos, nem parecem da mesma equipa.

      Atenção que eu não disse que os jornalistas do Correio da Manhã são "da pior espécie"! Eu disse que há bons e maus profissionais em todas as áreas; e se tiver que culpar alguém, então culpo a direcção e as linhas directivas do jornal, pois os jornalistas escrevem de acordo com ordens dos directores.

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    3. Isso é algo fácil de confirmar na ficha técnica. Acho que o correio da manhã consegue ser muito completo. Mas é apenas a minha opinião. Como dizes, e bem, existem bons e maus profissionais em todas as áreas. E existem chefes em todo o lado...

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  3. Pessoalmente apenas culpa a chefia , aquele q tem a última palavra... é esse e somente esse q teria q responder , ou seja , o autor do artigo foi atrevido mas quem aprovou é q errou!
    Embora, n nos podemos esquecer q quem faz a casa são os colaboradores...

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    1. Existe uma hierarquia. E aqueles que pensam que todos sabem a capa e participam nela estão enganados. Por isso é que não coloco todas as pessoas no mesmo saco.

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  4. Pior que o correio da manha, são as pessoas que comentam, blogam os J C Pereiras da vida, e os Ronaldos, as Jessicas e afins. Por serem figuras públicas, toda a gente acha que pode opinar a suas vidas pessoais e privadas.
    E concordo com o PAD, quando vestimos a camisola, sabemos que equipa estamos a apoiar!

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    1. Não consigo ver as coisas de uma forma tão radical. Acho que todas as pessoas podem dar a sua opinião sobre algo. Desde que a sustentem em algo em vez de falar apenas porque sim. Senão, piores do que os políticos são os comentadores políticos. Piores do que os árbitros de futebol são os comentadores desportivos e por aí fora. Por exemplo, neste caso, uma coisa é falar sobre ele. Outra é divulgar a capa e o vídeo. Mencionas o caso da Jessica. Aconteceu num evento. Não se trata de algo privado. É normal que as pessoas comentem. Tal como comentam as botas novas de uma marca, o batom da outra marca e tudo aquilo que os leva a escrever. Isso não me incomoda minimamente.

      E também não consigo ser radical nisso do vestir a camisola. Não sou de extremismos e neste caso, recuso a transformar bons profissionais, porque eles existem, em maus apenas porque são colegas de x oy y. Aceito quem tem essa visão mas não a sigo porque não vejo as coisas dessa forma.

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    2. Não estamos aqui a falar de batons, botas e muitos menos de coisas da vida pública, eu nem sequer vi o tal vídeo porque a "sordidez" da vida dos outros não me desperta a curiosidade. Estamos a falar de algo que diz respeito ao fórum privado de uma figura pública, o facto de ser comentado, falado, escrito, blogado, faz com que essas publicações menos sérias vendam e vendam muito e que de uma forma menos boa, tenham impacto . Isso, na minha opinião, corrompe os valores morais, de educação e do bom senso. Infelizmente vivemos numa sociedade em que é fácil subir degraus através do mal dos outros. Depreciar para subir, na vida, na auto-estima....

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    3. Pipocante Azevedo Delirante31 de outubro de 2014 às 15:28

      As pessoas comentam porque os JC e Cia desta vida querem ser comentados.
      De outro modo como apareciam? Como arranjavam "projectos"? Se calhar era pelo seu talento, não?
      Têm de se manter falados, ou então o pessoal esquece-se deles.
      A Jessica... ai a jessica. Não dei grande atenção ao caso (isso ser um caso já diz muito do que somos enquanto sociedade da informação), mas pelo que sei a menina foi criticada pelo seu aspecto físico, e não terá gostado. Vai daí, solta a carta do "direito da mulher a ser vista como algo mais que um corpinho"... isto vindo de alguém cujo bem transaccionável é a imagem. E que para além da carinha laroca, ainda vende bem-estar, cuidados estéticos, boa figura... ou seja, uma pessoa que ganha a vida a dizer como todos havemos de ser bonitos, não dá o direito a terceiros de criticaram o seu aspecto físico. No fim da festa, ganha ela, porque é falada e badalada, e perdemos todos porque... enfim...

      Bottom line: quem vende imagem tem de sujeitar-se a que essa imagem seja criticada, insultada, elogiada, copiada. Do mesmo modo que quem edita um livro está sujeito a que digam que aquilo é uma valente poia. E quem publica imagens da sua intimidade não se pode queixar de devassa da vida privada, porque esta deixa de o ser.

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    4. @Na Mesma
      A última parte do teu comentário diz tudo. É muito fácil (pelo menos acredita-se nisso) subir à custa do mal dos outros. É a máxima de vida de muitas pessoas.

      @Pipocante Azevedo Delirante
      Claro que quem escolher ser figura pública tem de lidar com tudo. Até porque legalmente têm menos defesas. Algo que as pessoas desconhecem. Tal como existem pessoas que o simples facto de se ter um blogue faz de uma pessoa uma figura pública. Os temas que temos vindo a debater ao longo do dia dão pano para mangas. E era bom que fossem debatidos por quem de direito porque existem muitas pessoas mal informadas sobre o que é uma figura pública, quais as suas defesas e quando é que a sua vida privada é violada. E tocas noutro ponto interessante, que nada tem a ver com os dois nomes que apontas, que é o que algumas pessoas fazem para ser notícia.

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    5. Pipocante Azevedo Delirante31 de outubro de 2014 às 17:06

      O facto de ser uma figura pública não implica ter de aguentar com tudo. Eu posso ser uma figura pública, devido à minha profissão, mas escolher por não publicar a minha vida privada. Eu não admito que falem mal dos cortinados do meu quarto, porque nunca os coloquei numa revista. Quando o fizer, tenho de aguentar com a crítica.
      Há aí uma figura da praça que tirou uma foto hospitalizado e cheio de tubos e ventosas. Capa de revista. Que autoridade moral tem essa pessoa para, caso lhe aconteça algo a nível de saúde no futuro, pedir que o deixem lidar com a doença com privacidade?

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    6. Põe pano nisso, é claro que há aquelas pessoas que até a mãe vendiam se pudessem "aparecer". Mas também as há que apesar de serem reconhecidas publicamente pelo seu trabalho, não gostam de ser devassadas na sua vida privada. E deveriam ter esse direito, que no fundo não têm, independentemente das leis que as defendem. O que eu acredito é que falarmos, comentarmos, comprarmos "o que não interessa" é dar motivação a que estas coisas aconteçam...
      (Quanto à Jessica eu apenas enunciei no primeiro comentário a título de exemplo e por ser uma coisa mais recente, nem sabia quem era até à polémica!!)

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    7. @Pipocante Azevedo Delirante
      Legalmente, não "escolhes" ser uma figura pública. Existem algumas "regras" que determinam se o és ou não. O problema é que muitas das figuras públicas abrem portas quase impossíveis de fechar.

      @Na Mesma
      Existem pessoas que vendem a mãe para aparecer. Existem pessoas que depois de vender a mãe, ainda lhe dão chutos e pisam de modo a subir na vida. É o que temos. Se reparares com atenção, as figuras públicas que não abrem as portas da sua intimidade, raramente têm as suas vidas expostas. É uma questão de postura coerente que acaba por ser respeitada. Depois, existem aqueles que conseguem controlar muito bem o que dão e o que não dão, mantendo ainda uma relação de respeito. Depois, existem aqueles que são capazes de tudo.

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  5. Agora fizeste-me pensar. Aquando o meu desabafo sobre este caso, generalizei e coloquei tudo e todos dentro no mesmo saco, pelo menos a forma como escrevi transparece isso.
    Mas a verdade é que não foi por não ter noção que o artigo não foi feito por todos e sim por uma parte. Quando menciono "Correio da Manhã" quero dirigir-me a quem dá o aval à publicação deste género de noticias. Já se sabe que em todo o lado há bons e maus profissionais, penso que todos têm noção disso. Neste sentido, penso que todos aqueles que generalizaram foi mais no sentido de "a quem servir a carapuça...".

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

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    1. Percebo e acredito que muitas pessoas quiseram apenas desabafar sobre algo que condenam. Mas existem desabafos que praticamente em nada diferem do que acusam. E acho que quem o faz perde toda e qualquer razão.

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  6. Olá :)
    Olha, quando era miúda clamava que ia ser jornalista, mais especificamente repórter de guerra. Para mim, o jornalismo era uma das profissões mais nobres, com direito a deontologia própria e tudo. Na minha cabeça ser jornalista era ser um paladino da verdade, que contribui para a evolução da sociedade indo em busca desta, dos factos, que os divulga com isenção, custe o que custar. Portanto, uma visão romântica e idealista.
    O que vejo hoje como sendo os meios de comunicação, e o jornalismo, é uma versão pálida e deformada do que vi e imaginei outrora. É tudo muito mais comercial, os media pertencem a quem pertencem, e a deontologia vai muitas vezes parar às urtigas, são usados como ferramentas de manipulação da opinião pública como os seus donos o entendem.
    Os profissionais, esses, são humanos, têm contas para pagar, e imagino que muita vez acabam por ceder, mesmo engolindo em seco. É uma realidade triste. Hoje, se fosse miúda não sonharia com essa profissão como outrora, isso é certo. Tiro o chapéu a quem se mantém firme na defesa do idealismo jornalístico, no contexto actual.
    Por enquanto, viva a blogosfera. Essa consegue ser neste momento (mais) livre.

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    1. Há uma frase muito boa sobre jornalismo "Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Tudo o resto é publicidade", George Orwell. E basicamente é isto. Eu continuo a ver o jornalismo como algo nobre e bastante útil para a sociedade.

      O pior é que nem todas as pessoas se podem dar ao luxo de dizer que não fazem um trabalho ou que não assinam uma peça porque não acreditam no que lhes foi pedido/mandado fazer. Existe muito medo.

      E não é de hoje que algumas pessoas usam os jornalistas para promover as suas ideias. Muitas vezes com promessas em relação ao futuro. Há quem se deixe levar por este jogo e há quem diga não.

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