23.9.14

diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és

Uma das cenas de que mais gostei do filme Num Outro Tom (de que falei neste texto) envolve uma conversa em torno de uma playlist da personagem interpretada por Keira Knightley. E gostei dessa cena em particular por considerar que não se trata de ficção mas da mais pura das realidades. Numa conversa, o personagem de Mark Ruffalo pede para ouvir a playlist da personagem de Keira Knightley e acrescenta que é possível conhecer alguém dessa forma.

Isto não é apenas ficção. É uma grande verdade. As músicas que constam nas playlists (e que muitas vezes não são partilhadas com ninguém por ser algo muito pessoal) reflectem a personalidade e a forma de ser da pessoa. O próprio facto de, em muitos casos, não se querer partilhar a lista de músicas já é um sinal claro de que é algo íntimo que se tenta preservar.

Acredito que se conhece mais de uma pessoa a ouvir a sua playlist do que numa conversa a dois. Até porque, e apenas para dar um exemplo, existe uma relação, e isso está provado, entre a letra das músicas que nos tocam e aquilo que gostaríamos de dizer a alguém. Ouvir detalhadamente a playlist de alguém é viajar por essa pessoa sem que esse alguém consiga controlar o destino da viagem e as respectivas paragens. E isso é algo que nunca acontecerá numa conversa.

10 comentários:

  1. Tens toda a razão sobre as playlist, a minha é minha, não me importa partilhá-la mas ela tem músicas dos anos ´60 até agora, nela estão os meus pais com os Beatles e Elvis, cada um dos meus amores correspondidos ou não tem uma música que ouço com alegria e saudades, estão meus amigos e as nossas saídas e conversas, as minhas férias, os momentos marcantes onde recebi notícias boas e más, letras de conversas que quis ter e não tive, as músicas estão em espanhol, português, inglês, francês, turco, alemão, polaco e coreano, enfim o meu passado e presente está na minha playlist. Se querem ver uma parte de mim devem ouvir a minha playlist :D

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  2. nunca tinha pensado nisso e acho que poderá haver razão no que diz.

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    1. Isa, trata-me por tu, pode ser?

      Lanço-te um desafio. Ouve a tua playlist e percebe o que conta de ti através da música e palavras de outros.

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  3. É tão, mas tão verdade!
    E sim, não creio que alguma vez tenha divulgado a minha playlist completa das músicas BDP (o meu código para as "best"). Terão ouvido algumas... mas não a seleccção toda.
    ;)

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  4. Eu até diria que ter acesso à playlist de alguém é um privilégio que poucos conseguem. Muito bom, este post. :-)

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    1. Eu acho que se pode comparar ao momento em que um casal apaixonado se despe pela primeira vez :)

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  5. E para quem tem um gosto absolutamente diversificado, como eu? xD

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    1. Aposto que se tiveres de escolher uma lista de cinquenta músicas, vão lá estar aquelas que te definem.

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